O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Preços voltam a cair no atacado, o que tende a desafogar a inflação

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 23 de outubro de 2025
GettyImages 1000964844

Os preços dos produtos e matérias primas transacionados nos mercados
atacadistas passaram novamente a registrar tendência baixista nos
primeiros dias de outubro, a exemplo da tendência observada entre março e
julho deste ano. A se manter ao longo das próximas semanas, esse
comportamento poderá contribuir para aliviar pressões altistas no varejo,
num movimento que deverá ser incrementado pela perda de impulso da alta
das tarifas de energia elétrica e pela recente decisão da Petrobrás de reduzir
em 4,9% os preços da gasolina nas refinarias desde terça-feira, 21.
Neste último caso, a depender da reação dos donos de postos, o impacto
integral sobre os preços nas bombas deverá ocorrer entre o final deste mês
e começo do próximo, com efeitos mais relevantes sobre o cálculo da
inflação de novembro. Conforme indicam os pesquisas conduzidas pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Produtor Amplo
(IPA), que acompanha os preços no atacado, havia registrado elevação de
0,30% entre os dias 1º e 30 de setembro, na medição capturada pelo Índice
Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI).
Ao divulgar o IGP-10, aferido entre os dias 11 de setembro e 10 de
outubro, a FGV observou leve recuo de 0,04% para o IPA, significando que
os preços no setor atacadista entraram em queda nos primeiros dez dias
deste mês. Como o cálculo em questão considera a comparação entre
médias de preços a cada período de quatro semanas, pode-se supor que o
ritmo de baixa tenha sido mais intenso naquele começo de mês a ponto de
derrubar uma variação média que vinha em terreno positivo até o final de
setembro. Na verdade, o índice já havia experimentado alguma
desaceleração ao longo do mês passado, considerando a variação de 0,35%
acumulada nas quatro semanas de agosto.
Custos mais baixos
Na passagem de setembro para outubro, os preços dos bens finais sofreram
aceleração, saindo de uma variação de 0,22% para 0,45%, compensada
com folga pelas quedas de 0,25% e de 0,23% registradas em outubro pelos
custos dos bens intermediários e das matérias primas brutas. Em setembro,
os bens intermediários haviam anotado recuo mais acentuado de 0,36%
enquanto as matérias primas brutas havia subido 0,80%. Classificados
segundo sua origem, os preços dos produtos agropecuários haviam anotado

alta de 1,89% em setembro e passaram a variar 0,24% nas quatro semanas
encerradas em 10 de outubro, enquanto os produtos industriais, que já
haviam caído 0,25% nos 30 dias de setembro, recuou 0,14% entre 11 de
setembro e 10 de outubro. Bens intermediários e industriais, de fato, já
vinham de queda em agosto, quando baixaram 0,21% e 0,06% pela ordem.
Balanço
 O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das indústrias extrativas e de
transformação, que mede os preços dos produtos “na porta da
fábrica”, descontados impostos e fretes, chegou ao sétimo mês em
terreno negativo, acumulando baixa de 3,77% na comparação entre
agosto e janeiro deste ano, depois de recuar 0,20% em agosto.
 No acumulado do ano, o IPP registra queda de 3,62% considerando
os custos industriais em geral e baixa de 3,10% para os preços na
indústria de transformação. Para comparação, nos oito meses iniciais
de 2024, a “inflação” da indústria geral havia acumulado alta de
4,82% e elevação de 5,26% no setor de transformação.
 Nitidamente, houve um desafogo nas pressões inflacionárias no setor
industrial, que têm se refletido de alguma forma sobre os índices
inflacionários ao consumidor, talvez não na mesma intensidade, já
que outros fatores podem interferir nas tendências de preços, a
exemplo dos preços da energia e das passagens aéreas.
 O comportamento do câmbio nos últimos meses tem contribuído
para conter focos inflacionários no setor industrial e em outras áreas,
já que o dólar afeta os custos de bens e produtos importados, mas
também os preços em reais das exportações. Esse cenário no
mercado do dólar vem potencializando a tendência baixista
observado para as cotações internacionais do petróleo, insumo
sabidamente com larga influência sobre os preços domésticos dos
combustíveis – gasolina, diesel e gás –, que por sua vez registram
pesos elevados na composição dos índices inflacionários.
 Os preços médios do dólar, no acompanhamento diário realizado
pelo Banco Central (BC), depois de alguma elevação nas duas
primeiras semanas de outubro, sofreram queda de 1,96% entre os
dias 14 e 22 deste mês, mantendo-se pouco mais de 1,0% abaixo dos
níveis médios observados em agosto.
 A influência do câmbio pode ser percebida mais claramente quando
analisados os dados do indicador dos preços das commodities
igualmente calculado e publicado pelo BC. Em setembro, por
exemplo, aferidos em reais, os preços das commodities manteve-se
praticamente estagnado, com recuo de 0,04%. Quando medido em
dólares, houve alta de 1,44%.

 Ao longo deste ano, até setembro, o indicador de commodities sofreu
baixa de 10,27% em reais, mesmo diante de alta de 1,97% em
dólares.
 No mercado internacional, os preços do barril de petróleo têm se
aproximado dos níveis observados entre o final de 2020 e o início de
2021. Desde 26 de setembro, quando as cotações atingiram US$
65,72 e US$ 70,13 para o barril do petróleo Brent (referenciado ao
óleo extraído no norte do Reino Unido) e WTI (West Texas
Intermediate) respectivamente, os preços baixaram 9,80% e 9,60%
na mesma ordem, chegando a US$ 59,30 e US$ 63,40.
 Em 12 meses até 22 de setembro deste ano, os preços lá fora
desabaram 17,34% e 16,62% para o óleo bruto tipo Brent e WTI, o
que mais do justifica a redução decidida pela Petrobrás.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.