Pressões inflacionárias cedem em novembro no setor industrial
Depois de três meses de taxas positivas, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) voltou ao terreno negativo em novembro, indicando recuo de 0,43%, passando a acumular nos 11 meses iniciais de 2023 uma queda de 4,89%. Da mesma forma que as variações negativas colhidas ao longo da maior parte do ano passado acabaram influindo […]
Depois de três meses de taxas positivas, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) voltou ao terreno negativo em novembro, indicando recuo de 0,43%, passando a acumular nos 11 meses iniciais de 2023 uma queda de 4,89%. Da mesma forma que as variações negativas colhidas ao longo da maior parte do ano passado acabaram influindo na moderação das taxas de inflação ao consumidor, não se pode descartar a possibilidade bastante concreta de que o bom comportamento observado em novembro venha, mais adiante, a contribuir para conter pressões de alta nos preços na ponta final do consumo, possibilidade reforçada pelos sinais de desaceleração da economia nos últimos meses.
Aferido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPP mede a variação dos preços de matérias primas, insumos e bens industriais “na porta da fábrica”, descontados impostos e fretes. O histórico do índice ao longo dos 12 meses encerrados em novembro do ano passado mostra que as pressões de alta foram pontuais e não tiveram poder suficiente para se alastrar e produzir aumentos sequenciais de preços. Colocado de outra forma, o encarecimento momentâneo dos produtos industriais não gerou uma escalada de aumentos que poderiam ter, de alguma forma, reforçado pressões inflacionárias em toda a economia.
O cenário dos preços no setor industrial, ao contrário, confirma uma tendência de baixa. Entre novembro de 2022 e novembro do ano seguinte, o IPP ficou negativo em nove meses, com taxas positivas em apenas quatro – janeiro, agosto, setembro e outubro de 2023, com variações, pela ordem, de 0,29%, 0,75%, 1,06% e 1,07%. Com um detalhe a ser considerado: as altas no trimestre agosto a outubro foram influenciadas principalmente (mas não unicamente) pelos aumentos nos preços dos derivados de petróleo nas refinarias, sobretudo em agosto e setembro. Em 12 meses, o IPP acumula redução de 6,09%.
Tendência revertida
No período entre janeiro e novembro do ano passado, entre os 24 setores acompanhados pelo IBGE, dois terços (ou 16 setores) registraram preços industriais em queda, com alta para um terço deles. Entre outubro e novembro, o balanço altera-se radicalmente, com o número de setores com alta de preços saindo de 14 para dez. No terreno negativo, apenas dez chegaram a apresentar queda em outubro, total elevado para 13 em novembro. Um 14º setor surge com preços estáveis, enquanto o setor de bebidas anotou variação de somente 0,1% – o que, na prática, pode ser considerado como estabilidade virtual. Tudo somado, 15 dos 24 setores (62,5%) anotaram preços em baixa ou estáveis, numa reversão em relação aos meses anteriores.
Balanço