Previdência dá a Bolsonaro 80% dos votos goianos

Publicado por: Venceslau Pimentel | Postado em: 16 de julho de 2019

Lucas de Godoi

A votação da reforma da Previdência, em Brasília, apresentou um cenário claro da força do presidente Jair Bolsonaro em Goiás. Na prática, a revelação não traz grandes surpresas, já que o Capitão angariou 65,52% dos votos válidos no segundo turno das eleições presidenciais no estado. Em Goiânia, a confiança a Bolsonaro foi ainda maior, de 74,2%. 

A renovação na Casa, maior do que 60%, também não foi capaz de mudar os costumes no  Legislativo brasileiro. Isso porque na véspera das votações, o Palácio do Planalto anunciou a liberação de mais de R$ 1,2 bilhões em emendas parlamentares, orçamento que serve para o deputado atender suas bases eleitorais. 

Continua após a publicidade

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, garantiu a liberação do recurso com um acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, prevendo que a votação no Senado só iniciará após a liberação dos lotes de verba acordados. 

O resultado das urnas em 2018 representou a maior taxa de renovação dos últimos 12 anos na política goiana. Apesar disso, 7 dos 17 deputados federais foram reeleitos: Delegado Waldir (PSL), Flávia Morais (PDT), João Campos (PRB), Magda Moffato (PL), Rubens Otoni (PT), Lucas Vergilio (Solidariedade) e Célio Silveira (PSDB). Desses, apenas Flávia e Rubens votaram contrários ao projeto do Governo Federal. 

As urnas elegeram 10 parlamentares novatos. Desses, apenas Elias Vaz (PSB) rejeitou a matéria. Levando em conta que a campanha do presidente contou apenas com a chancela do PRTB, partido de seu vice-presidente, Goiás só elegeu diretamente dois representantes: seu líder na Câmara, Major Vitor Hugo e o deputado goiano mais votado, Delegado Waldir, ambos do PSL. Outros nomes como Magda Moffato (PL) e Glaustin Fokus (PSC) possuem alinhamento ideológico. 

Outros congressistas compuseram a base por causa dos acertos partidários, como é o caso do Democratas, que obteve a presidência do Câmara dos Deputados e Senado Federal e votaram conforme a orientação da legenda. Afinal, o maior defensor da pauta foi mesmo Rodrigo Maia. 

No Parlamento, geralmente, cria-se cenas simbólicas e marcantes. Bolsonaro já teve as suas, como homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e aventar que a deputada Maria do Rosário não merecia ser estuprada por ser feia. 

E naquela noite, foi Maia a protagonizar um episódio que vai ser lembrado pelos próximos anos. O presidente da Casa, que articulou fortemente para a aprovação do texto, chorou ao ser cumprimentado pelos seus pares. Maia tinha amparo de dois parlamentares goianos. Do seu lado direito estava Glaustin Fokus (PSC) e do esquerdo Professor Alcides (PP).

O choro de felicidade de Maia ecoou com o de muitos, como os militares que foram poupados de grandes ajustes e o mercado que lucrará com os reflexos da agenda. Ao mesmo tempo, cravou um fenômeno recente: o crescimento do centrão de Rodrigo Maia, o que o coloca em uma posição favorável perante o presidente da República. 

Com o apoio da maioria da bancada goiana, Jair Bolsonaro, inclusive, conseguiu a façanha de figurar à frente de uma lista de pautas do Governo que obtiveram vitórias simbólicas na Câmara dos Deputados. Até então, o melhor desempenho havia sido do ex-presidente Lula. Em 2003, a votação de uma proposta que tratava do mesmo tema alcançou o aval de 358 a favor e 126 contra — o maior resultado até então. Na última quarta-feira (10), o projeto de Bolsonaro passou com 379 votos favoráveis a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda as regras da aposentadoria. O placar final somou 131 votos contrários.

Se aprovado em segunda votação, a matéria seguirá para o Senado no segundo semestre. Lá, a expectativa é que os três senadores goianos votem favoráveis a pauta. Vanderlan Cardoso (PP) e Luiz Carlos do Carmo (MDB) já declararam apoio à reforma. Jorge Kajuru (sem partido) chegou a defender que houvesse consenso em torno da pauta.