Previsões sugerem alta de 3,4% para o PIB de Goiás em 2022

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 16 de setembro de 2022

Os números exibidos pela economia brasileira neste ano contam uma história dividida entre duas fases distintas e que não se esgota em dezembro, deixando uma herança não muito otimista para o próximo ano. A expectativa, avaliam as economistas Silvia Matos, coordenadora do Boletim de Conjuntura do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), e Margarida Gutierrez, professora do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ), é de um crescimento de fôlego curto para 2022, com impactos diversos sobre as regiões brasileiras.

Consultorias, departamentos de economia de grandes bancos, institutos de pesquisa econômica, lembram ambas, têm revisado para cima as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), saindo de uma variação ao redor de 0,7% em direção a taxas mais próximas de 2,0% e mesmo ligeiramente acima. Simultaneamente, no entanto, as projeções para 2023 têm piorado, com algumas casas sugerindo certa estagnação e mesmo redução para o PIB.

O Ibre, conforme Silvia, trabalha com a possibilidade de recuo de 0,3% no próximo ano, enquanto o Santander, registra Gabriel Couto, economista do banco, estima baixa de 0,6%. Em Goiás, especificamente, o PIB tende a apresentar crescimento de 3,4% neste ano, acima da média estimada para o País como um todo, com variação projetada em 2,6% para o banco. Estudo especial desenvolvido pelo departamento econômico do Santander sugere um avanço de 3,8% para o PIB do Centro-Oeste diante do comportamento antecipado para o agronegócio.

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Diferenças locais

De acordo com o economista, que assina o estudo, a agropecuária havia registrado desempenho mais positivo em 2020, como decorrência da colheita de uma safra recorde na região, mas foi atingida pela quebra da produção de grãos no ano seguinte, especificamente pela redução da segunda safra de milho. A dinâmica mais favorável dos preços das commodities agropecuárias neste ano e a normalização da produção permitem antecipar a manutenção do crescimento no Centro-Oeste. Ainda assim, as estimativas para Goiás apontam elevação de 0,7% para o setor agropecuário, a menor variação entre os Estados da região.

Balanço

  • Os demais grandes setores da economia goiana, ainda na projeção do economista do Santander, devem anotar comportamento mais favorável, beneficiando-se mais, ao que parece, da reabertura das atividades e do fim das restrições à aglomeração de pessoas. O PIB da indústria deve registrar incremento de 2,5% ao longo de 2022, ligeiramente abaixo da taxa de 2,9% sugerida para o setor em todo o Centro-Oeste. No segundo melhor desempenho na região, o PIB dos serviços tende a avançar 4,2% em Goiás, ficando atrás apenas do Mato Grosso, onde o setor deverá experimentar avanço de 5,8%.
  • Os números trabalhados pelo Santander, sempre na visão de Couto, mostrariam uma tendência de consolidação do cenário desenhado em 2021 a partir do afrouxamento das medidas de distanciamento social e consequente reação do setor de serviços (ainda que os indicadores, olhados num prazo mais longo, apontem um longo caminho para que a economia e sobretudo o setor de serviços voltem a experimentar taxas mais alentadas de crescimento, retomando níveis observados antes da recessão de 2015/16).
  • Mais no curto prazo, os resultados já colhidos pela economia brasileira como um todo tenderiam a perder seu brilho diante das perspectivas de desaceleração da atividade neste segundo semestre, como consequência principalmente da política de altos dos juros. “Ainda assim, setores menos sensíveis ao ciclo, como agropecuária, devem continuar contribuindo positivamente por um período mais longo”, acrescenta o economista.
  • De volta ao cenário nacional, as previsões das economistas Cláudia Bruschi Martins, do Itaú Unibanco, e Camila Saito, da Tendências Consultoria Integrada, respectivamente, mostram elevações bastante modestas de 0,2% e 0,4% em 2023, frente a taxas de crescimento de 2,2% e de 1,7%, na mesma ordem, esperadas para este ano. A edição mais recente do relatório Focus, do Banco Central (BC), antecipa elevação de 2,39% para o PIB deste ano, com desaceleração para 0,50% no próximo ano.
  • Parte do crescimento observado neste ano, na verdade, vem de forma quase automática, registra Silvia Matos, impulsionado pela reabertura da economia, como resultado, por sua vez, do avanço da vacinação, com consequente recuperação do nível de atividade no setor de serviços. O ciclo de alta das commodities em geral, da mesma forma, contribuiu para puxar as economias nos Estados em que setores exportadores têm peso maior, a exemplo do Centro-Oeste, áreas do Nordeste e do Norte e ainda no Rio de Janeiro, aqui por conta do petróleo. “Esse crescimento”, reforça a economista, “não vem gerado pela política econômica e sim pelo fator relevante da reabertura da economia”, que contribuiu para gerar o que ela classifica como um “mini boom” no segmento de serviços.