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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Produção industrial em Goiás recua 3,1% entre abril e junho

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 9 de agosto de 2025
Produção industrial em Goiás recua 3,1% entre abril e junho Foto: Divulgação
Produção industrial em Goiás recua 3,1% entre abril e junho Foto: Divulgação

Ao longo dos últimos 12 meses, na série de dados dessazonalizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que permite a comparação mês a mês, a indústria instalada em Goiás amargou resultados negativos em sete meses e avançou em outros cinco – dos quais, apenas dois neste ano, incluindo uma variação modesta de 0,3% em fevereiro e uma alta de fato em abril, quando o volume produzido pelo setor chegou a crescer 3,5% na comparação com março.

A pesquisa mensal da produção industrial, em sua série regional, aponta números negativos para maio e junho deste ano, com baixas respectivamente de 1,4% e de 1,7%, sempre em relação aos meses imediatamente anteriores, acumulando queda de pouco mais do que 3,1% diante de abril.

A perda de fôlego, embora mais intensa no Estado, atinge o conjunto do setor industrial no País, já que a produção brasileira encolheu perto de 0,5% também entre abril e junho deste ano, renovando os indícios de sua capacidade mais reduzida de transformar em crescimento o momento mais favorável experimentado pelo restante da economia.

Os fatores para explicar esse comportamento parecem enraizados no longo processo de desindustrialização entre os anos 1990 e 2000 – mas este é um assunto para outra coluna.

De volta à conjuntura mais recente, se a produção tem recuado no curtíssimo prazo, a comparação com iguais períodos do ano passado ainda mostra números positivos para Goiás, ainda que decrescentes ao longo do tempo.

Até o momento, a indústria goiana parece ter experimentado seu melhor momento neste ano em abril passado, quando a produção chegou a crescer 4,2% na comparação com o mesmo mês de 2024, diante de variação nula em fevereiro e recuo de 1,3% em março.

A taxa de crescimento veio minguando desde então, passando a indicar variação de 1,2% em maio e uma evolução de somente 0,1% em junho, o que parece configurar muito mais uma situação de estabilidade do que qualquer outro movimento mais auspicioso.

Extrativa reage

A estagnação virtual em junho concentrou-se na indústria de transformação, enquanto o setor de extração mineral registrou salto de 19,1% – explicado pelo aumento na produção de minérios de cobre, pedra calcária e brita, conforme a pesquisa do IBGE.

A indústria extrativa vinha de um recuo de 1,1% em maio, na sequência de um salto de 39,1% observado em abril, sempre em relação aos mesmos meses de 2024, e havia anotado quedas relativamente expressivas em oito dos últimos 12 meses.

Antes disso, a produção no setor chegou a despencar 13,6% em junho do ano passado, a quarta queda mensal consecutiva, depois de perdas de 9,2% em março, de 10,6% em abril e de 4,6% em maio, igualmente na comparação com os mesmos meses de 2023.

Balanço

  • O segmento de transformação industrial, que responde pelo grosso da produção, anotou recuo de 0,6% em relação a junho do ano passado, saindo de altas de 3,2% em abril e de 1,2% em maio. Entre os 12 setores que compõem a indústria de transformação, sete deles apresentaram números negativos em junho (58% do total) e cinco cresceram, alguns com taxas mensais de dois dígitos – mas insuficientes para compensar com folga mais ampla as perdas observadas nas demais áreas da indústria goiana.

  • Entre os destaques mais positivos, a indústria de vestuário conseguiu operar um salto de 49,3% em junho deste ano diante do sexto mês do ano passado, acumulando alta de 20,2% no primeiro semestre. O resultado mensal compara-se com a queda de 23,4% ocorrida em junho do ano passado em relação a igual mês de 2023. O crescimento mensal foi puxado pela maior produção de camisas e calças masculinas e femininas.

  • O setor de confecções tem alternado fortes baixas e altas igualmente vigorosas ao longo da série, que, no caso goiano, foi iniciada em 2023 – portanto, muito recente ainda para embasar alguma análise mais aprofundada. Os números foram extensamente negativos ao longo dos primeiros meses de 2023, com quedas próximas de 77% em um único mês, a exemplo do ocorrido em abril daquele ano. Em novembro e dezembro, ao contrário, a produção mais do que quintuplicou em relação aos números de 2022.

  • Em termos proporcionais, a produção de veículos automotores experimentou salto de 15,6% em junho último, mas havia desabado 21,9% e 38,6% respectivamente em abril e maio. A retomada em junho veio com maior produção de automóveis, chassis e veículos a diesel para transporte de mercadorias. Entre altos e baixos, as montadoras em operação no Estado encerraram o primeiro semestre com avanço de 2,4% em relação aos primeiros seis meses do ano passado.

  • A indústria de alimentos respondeu, no entanto, pela maior contribuição positiva para o desempenho agregado da indústria goiana, ao elevar sua produção em 7,1% em junho (depois de avanços de 2,7% tanto em abril quanto em maio). A despeito dessa reação, o setor fechou o semestre com variação de apenas 0,7%. Considerando apenas junho, o desempenho do setor de alimentos refletiu a maior produção de carnes bovina e de aves, maionese e ração para animais (embora o dado semestral destaque como positivo apenas o comportamento dos setores de rações para animais e leite condensado).

  • Ainda no campo positivo, o crescimento do setor de fertilizantes e de preparações capilares turbinou o avanço de 6,3% registrado em junho deste ano pela indústria goiana de produtos químicos, assim como o salto de 11,2% acumulado no primeiro semestre.

  • Os avanços registrados naqueles setores foram quase anulados pelo tombo de 18,8% registrado pela indústria de derivados de petróleo e de biocombustíveis, com redução acumulada no semestre de 9,2%. Como o primeiro segmento é inexpressivo ou praticamente inexistente em Goiás, o comportamento do setor foi largamente influenciado pela indústria de etanol e biodiesel.

  • Os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que a produção goiana de etanol e biodiesel caiu 18,37% e 7,71%, respectivamente, na comparação com junho do ano passado. No primeiro semestre, as usinas produziram quase 11% a menos de etanol, com baixa ainda de 3,47% para o biodiesel, na comparação com os seis primeiros meses do ano passado.

  • A indústria de produtos farmacêuticos reduziu sua produção em 10,1% em junho, encerrando a primeira metade deste ano com variação ainda positiva de 1,6%. Em termos relativos, o pior desempenho em junho foi colhido pela indústria de máquinas e equipamentos, que desabou 60,6%, depois de saltar impressionantes 155,9% em maio. O setor passou a acumular incremento de 45,3% no semestre. Nos dois momentos, para cima e para baixo, a maior contribuição veio das indústrias de máquinas para colheita e de pulverização de lavouras.

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