Coluna

Queda nos preços internacionais derruba exportações e reduz saldo do agronegócio

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 13 de setembro de 2019

O
comportamento errático dos preços das principais commodities agrícolas
exportadas pelo Brasil, com tendência de baixa marcadamente para os produtos do
complexo soja, celulose, açúcar, café e algodão, ajudou a derrubar as
exportações do agronegócio nos primeiros oito meses deste ano em relação a
igual período do ano passado. O agravamento das tensões comerciais entre
Estados Unidos e China certamente não tem contribuído para melhorar o cenário,
ao mesmo tempo em que a expectativa de um aumento nos embarques de soja em grão
para o mercado chinês não tem se concretizado.

Entre
janeiro e agosto deste ano, o agronegócio brasileiro exportou US$ 64,569
bilhões diante de US$ 68,255 bilhões no mesmo intervalo de 2018, resultando
numa redução de 5,4%. O volume embarcado, no entanto, graças aos recordes
sucessivos batidos pelo milho, experimentou avanço em torno de 3,4% naquela
mesma comparação, avançando de qualquer coisa próxima a 126,8 milhões para
131,1 milhões de toneladas conforme dados brutos consolidados pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A
perda de divisas veio insuflada por uma queda de quase 8,5% nos preços médios
dos produtos exportados. No complexo soja, os preços médios sofreram baixa de
12,0%, com perdas de 12,1% para o grão, de 10,4% para o farelo e de 10,1% no
caso do óleo de soja, considerando sempre os períodos entre janeiro e agosto
deste ano e idêntico período de 2018. Diante do excesso de oferta no mercado
internacional, os preços médios do café desabaram 19,6% neste ano, com baixa de
7,9% para o açúcar e recuos de 2,1% para o algodão e de 1,4% para a tonelada de
celulose exportada.

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Poderia ser
pior…

A
se considerar o desempenho dos volumes exportados pelo setor, o amplo front de
controvérsias aberto pelo governo brasileiro com grandes parceiros comerciais
ainda não parece ter afetado as relações do agronegócio com seus principais
mercados – o que não assegura que isso não venha a ocorrer mais à frente. De
qualquer forma, o crescimento das vendas externas do setor em volume foi
influenciado decisivamente pelo salto nos embarques de milho, que saltaram
147,2% na comparação com o acumulado entre janeiro e agosto do ano passado,
saindo de apenas 9,191 milhões para 22,717 milhões de toneladas. Em 12 meses
até agosto, as vendas de milho aproximaram-se de 36,467 milhões de toneladas,
correspondendo a um avanço de 31,9% frente aos 12 meses imediatamente
anteriores.

Balanço

·  
Com
elevação média de 5,0% nos preços médios, quase uma exceção entre as principais
commodities agrícolas, as exportações de milho cresceram 159,5% no acumulado
até agosto, passando de US$ 1,532 bilhão para US$ 3,977 bilhões.

·  
O
complexo soja apresentou desempenho inverso, com retração de 11,5% nos volumes
embarcados e um tombo de 22,0% no valor exportado, de US$ 31,246 bilhões para
US$ 24,358 bilhões. Ainda em receitas, as perdas foram mais severas para o óleo
de soja (retração de 35,1%, saindo de US$ 845,702 milhões para US$ 549,229
milhões) e para a soja em grão, que sofreu redução de 22,6% (de US$ 25,719
bilhões para US$ 19,897 bilhões).

·  
As
carnes, agora com contribuição positiva dos chineses e da Ásia de uma forma
geral, observaram elevação de 3,1% nos preços médios, com alta de 5,9% nos
volumes embarcados e ganhos de 9,2% em divisas, que subiram de US$ 9,343
bilhões para US$ 10,203 bilhões.

·  
Proporcionalmente,
o maior avanço favoreceu a indústria de suínos, que exportou 22% a mais,
elevando suas vendas ao exterior de US$ 780,983 milhões para US$ 952,714
milhões. A liderança no grupo ficou para as exportações de frango, que subiram
de US$ 4,169 bilhões para US$ 4,60 bilhões.

·  
As
vendas externas de carne bovina aumentaram 7,6%, de US$ 4,031 bilhões para US$
4,339 bilhões. Os preços médios baixaram 5,8% na média entre os dois períodos
analisados, mas os volumes despachados para fora do País cresceram de 990,46
mil para 1,132 milhão de toneladas (alta de 14,3%).

As importações do agronegócio recuaram 2,6%
neste ano, de US$ 9,472 bilhões para US$ 9,231 bilhões. Esse comportamento
permitiu que o superávit comercial do setor não fosse mais afetado, limitando
sua redução em 5,86%, saindo de US$ 58,781 bilhões em 2018 (até agosto) para
US$ 55,338 bilhões.