Renda média dos muito ricos em Goiás saltou 67% em termos reais desde 2017
A renda média mensal dos goianos muito ricos apresentou crescimento de 67% em termos reais entre 2017 e 2022, depois de descontada a inflação, atingindo algo em torno de R$ 424,101 mil. Foi o quinto maior aumento entre todos os Estados, com a renda média do estrato do 0,1% mais ricos ocupando igualmente uma quinta […]
A renda média mensal dos goianos muito ricos apresentou crescimento de 67% em termos reais entre 2017 e 2022, depois de descontada a inflação, atingindo algo em torno de R$ 424,101 mil. Foi o quinto maior aumento entre todos os Estados, com a renda média do estrato do 0,1% mais ricos ocupando igualmente uma quinta colocação no ranking regional. Os ganhos médios mensais dos 505 goianos colocados entre o 0,01% de renda mais alta cresceram proporcionalmente menos, subindo 53% acima da inflação – a 15ª maior variação entre os demais 25 Estados e o Distrito Federal. Em valor, no entanto, o rendimento médio desse 0,01% mais rico atingiu praticamente R$ 1,906 milhão em 2022, a sexta maior entre os Estados.
Os dados foram consolidados pelo economista Sérgio Wulff Gobetti, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em outra nota técnica divulgada na terça-feira, 23, no Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). O trabalho é um complemento da nota também de autoria de Gobetti e analisada neste espaço na edição de 19 de janeiro passado. O especialista recorre aos números recentemente liberados pela Receita Federal relativos às declarações do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) do período analisado nas duas notas.
As estatísticas mostram, especialmente no topo da renda, uma concentração esmagadora da renda, que tende a se agravar na medida em que os dados passarem a incluir os estratos de renda mais baixa. O rendimento médio mensal daqueles entre o 0,01% de renda mais alta foi nada menos do que 4,5 vezes maior do que o ganho médio do 0,1% mais rico. As discrepâncias tendem a ganhar dimensões avassaladoras, como sugerem alguns dos dados capturados por Gobetti. Num exemplo, a renda média do 0,01% mais rico em todo o País, algo em torno de R$ 2,170 milhões, foi 452 vezes maior do que o rendimento médio de R$ 4,8 mil recebido mensalmente pelos estratos de renda colocados “entre os centis 46 e 55 da distribuição dos declarantes” (ou seja, no centro da distribuição de renda entre os que declararam seu imposto em 2022).
Abismo
A razão entre a renda média do 1,0% mais rico e a chamada classe média (aqueles colocados exatamente na metade da escala de distribuição dos declarantes do Imposto de Renda), mostra Gobetti, chegou na média de todo o País a 248. Mais claramente, os muito ricos ganharam, por mês, 248 vezes mais do que o brasileiro de classe média. Em Goiás, o quinto pior nesse quesito, a diferença chegou a 256 vezes. A liderança nesse ranking parcial da desigualdade foi assumida pelo Mato Grosso, com diferença de 364 vezes entre a renda no topo e nos segmentos médios, seguido por São Paulo (331 vezes), Paraná (268 vezes) e Mato Grosso do Sul (257 vezes). Conforme anota Gobetti, esse tipo de comparação foi a possível até o momento, já que não há “dados disponíveis da renda total das famílias por unidade federada que permitam, por meio de comparação com as informações do IRPF publicados pela Receita Federal, aferir a diferença de crescimento de renda entre a base e o topo da pirâmide em cada Estado”.
Balanço