Rombo nas contas externas recua 9,2% com menor gasto com viagens e equipamentos

Publicado por: Redação | Postado em: 28 de maio de 2019

O comportamento das contas externas do País continua favorável, diante de nova queda no déficit em transações correntes e novo avanço nas reservas internacionais, que passaram a representar praticamente três vezes e meia o total da dívida externa de curto prazo a vencer nos próximos 12 meses e 17% maior do que o saldo de toda a dívida externa bruta. São indicadores nitidamente confortáveis, construídos ao longo das últimas décadas em função do acúmulo de superávits na balança comercial (exportações menos importações de bens e mercadorias), principalmente como resultado dos saldos positivos acumulados pelo agronegócio.

Nos quatro primeiros meses deste ano, a diferença entre todos os dólares gastos lá fora pelo Brasil, seja para amortizar a dívida vencida no período e seus juros, seja no pagamento de fretes, viagens internacionais, royalties e outras despesas e tudo o que o País recebeu do exterior, sob a forma de exportações líquidas (já descontadas as importações), investimentos e outras aplicações, deixou um déficit de US$ 8,255 bilhões. Na comparação com igual período de 2018, quando o rombo havia sido de US$ 0,062 bilhões. Numa coincidência, a redução no déficit na conta de transações correntes ocorreu no mesmo período em que o saldo comercial, na medição feita pelo Banco Central (BC), caiu também 9,2%, saindo de US$ 16,414 bilhões para US$ 14,899 bilhões, refletindo a estabilidade nas importações (que continuaram próximas a US$ 57,6 bilhões) e um recuo de 2,1% nas exportações (de US$ 74,042 bilhões para US$ 72,493 bilhões).

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Menor despesa

A perda de dólares na balança comercial foi compensada pela retração de quase 11% no déficit na conta de serviços, que baixou de US$ 10,890 bilhões para US$ 9,707 bilhões. Parte da queda explica-se pela desvalorização do real frente ao dólar, que encareceu e fez encolher o gasto dos brasileiros com viagens internacionais (a despesa líquida nesta área, já descontado o valor gasto aqui dentro por turistas estrangeiros, sofreu baixa de 12,7%, reduzida de US$ 4,037 bilhões para US$ 3,525 bilhões), e pela redução nas operações de aluguel de equipamentos no exterior (em parte explicada pela mudança na metodologia para incluir as operações de compra e venda de plataformas de petróleo no mercado internacional e parte porque o esfriamento da economia doméstica reduziu a necessidade de uso de equipamentos em geral).  

O aluguel de equipamentos, que havia consumido US$ 5,044 bilhões entre janeiro e abril do ano passado, exigiu o desembolso de US$ 4,183 bilhões em igual intervalo deste ano, num tombo de 17,1%. A variação para baixo nessa conta foi responsável por 72,8% da redução observada no déficit do País no setor de serviços.

O investimento direto no Brasil, na contabilidade do BC (que entre outros fatores inclui os lucros realizados aqui dentro por empresas multinacionais e reinvestidos no País), cresceu fortemente, saindo de US$ 23,892 bilhões para US$ 28,069 bilhões (com salto de 134,2% em abril, para US$ 6,957 bilhões).

O aumento deveu-se exclusivamente às chamadas “operações intercompanhias” (quer dizer, entre multinacionais com sede em outros países e suas filiais brasileiras), que saltaram de US$ 5,173 bilhões para US$ 11,629 bilhões (mais 124,8%). Dois terços do crescimento observado em abril tiveram a mesma origem.

O investimento em participações no capital, envolvendo ações e/ou compra de empresas aqui dentro, caiu 12,2%, para US$ 16,440 bilhões.

Há um pequeno “detalhe” a ser observado na conte de investimentos entre empresas de um mesmo grupo: o aumento no saldo desses investimentos decorreu principalmente pela redução dos dólares que essas filiais deixaram de remeter para fora para o pagamento de amortizações sobre investimentos realizados nos meses anteriores.

O valor das amortizações pagas no exterior despencou quase 36%, de US$ 18,402 bilhões para US$ 11,791 bilhões.