Semana de expectativas sobre o futuro e os movimentos da direita
A partir desta terça-feira (2), todas as atenções do meio político, jurídico e da população em geral estarão voltadas para o início do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal. Paralelamente, líderes do centro e da centro-direita concentram esforços para conter uma possível ameaça do clã Bolsonaro de deixar a legenda. Pode até parecer bravata, mas ninguém no campo conservador quer arriscar ver naufragar a candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Caso Eduardo Bolsonaro concretize a ameaça de uma debandada familiar para outra sigla, o resultado seria um racha de grandes proporções no bolsonarismo.
Aliados de Valdemar Costa Neto avaliam que o “jus sperniandi” de Eduardo está ligado à frustração de não ser o escolhido pelo pai para disputar a Presidência da República. O problema é que a centro-direita não aceita seu nome como alternativa viável e não esconde essa resistência. As pesquisas indicam altos índices de rejeição a Eduardo, que se somam ao cansaço da população com Lula e também com Bolsonaro — especialmente se for um dos filhos a tentar sucedê-lo.
Mesmo sem declarações públicas, Valdemar Costa Neto pretende permanecer apenas um dia em Brasília durante o julgamento. O presidente do PL busca evitar especulações e exposição à imprensa. A prioridade dele será São Paulo, onde pretende intensificar conversas com lideranças de partidos aliados a Tarcísio. A estratégia é medir a temperatura sobre a ameaça de Eduardo Bolsonaro e avaliar se ela pode realmente incendiar o “parquinho do PL”.
Cenário possível para a direita
Nos bastidores, começa a ser desenhada uma engrenagem política que tenta organizar a direita e a centro-direita em torno de um novo arranjo. A ideia central é lançar Tarcísio de Freitas candidato à Presidência pelo PL — movimento que agradaria Jair Bolsonaro e manteria unido o bolsonarismo moderado. Nesse desenho, o PSD recuaria da candidatura de Ratinho Jr., e Gilberto Kassab disputaria o governo de São Paulo com apoio do PL.
MDB se apresenta
A equação, no entanto, não fecha sem o MDB. O partido, sob liderança de Baleia Rossi e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também projeta espaço. Nunes sonha em disputar o governo caso Tarcísio entre na corrida presidencial. A eventual renúncia do prefeito para concorrer abriria espaço para que o PL, já na vice, herde a prefeitura paulistana. Em troca, os emedebistas esperam apoio dos bolsonaristas.
E os Republicanos?
Outro ponto de tensão envolve os Republicanos. O partido já mantém diálogo com o presidente Lula e pode migrar para o campo governista caso Tarcísio deixe a sigla para disputar pelo PL. Essa hipótese agrada lideranças como o presidente da Câmara, Hugo Motta, que não demonstra entusiasmo com os bolsonaristas.
Rio e São Paulo no radar
Entre todas as movimentações, Rio e São Paulo são as maiores preocupações de Valdemar Costa Neto. No Rio, Eduardo Bolsonaro articula candidatura ao Senado, assim como o governador Cláudio Castro. Já em São Paulo, Flávio Bolsonaro busca a reeleição, mas a base de Tarcísio conta com mais nomes à espera de espaço.
Naves ‘esquecido’
A máxima “O rei está morto, vida longa ao rei!” parece se aplicar em Anápolis. Em poucos meses de gestão, o prefeito Márcio Corrêa conseguiu tornar seu antecessor, Roberto Naves, uma lembrança distante. Esse “esquecimento” da população ameaça os planos de Naves e de sua esposa: ele sonha em disputar a Câmara Federal e ela busca a reeleição na Assembleia Legislativa de Goiás.
Endividados crescem
O retrato da economia brasileira segue preocupante. O número de endividados no país chegou a 78,2 milhões de pessoas, segundo dados do Serasa. O aumento está diretamente ligado à política de expansão de gastos públicos, que, ao colocar mais dinheiro em circulação, acabou pressionando a economia. A projeção é de crescimento ainda maior até o fim do ano.