Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Serviços ainda impulsionam geração de empregos, mas indústria demite

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 01 de novembro de 2023

O setor de serviços continuou impulsionando a geração de empregos no terceiro trimestre deste ano, com destaque para o segmento de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas. A indústria retomou as demissões no período, afastando 66,0 mil empregados, e já acumula 225,0 mil demissões desde o trimestre encerrado em novembro do ano passado, correspondendo a uma redução de 1,8% no total de ocupados no setor. Os resultados apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registram níveis históricos para o total de pessoas ocupadas e para a massa de rendimentos reais recebidos pelos trabalhadores no penúltimo trimestre do ano, ainda que as taxas de crescimento tenham perdido algum ímpeto quando considerado o ritmo observado em trimestres anteriores.

O total de pessoas com algum tipo de ocupação avançou 0,9% na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, saindo de 98,910 milhões para 99,838 milhões, com a contratação de mais 929,0 mil trabalhadores. O recorde, no caso, é relativo, já que o nível de ocupação – quer dizer, o total de ocupados em relação à população economicamente ativa, com 14 anos ou mais de idade – alcançou 57,1% no trimestre julho a setembro deste ano. Essa relação havia atingido seu maior nível no quarto trimestre de 2013, aproximando-se de 58,5%. Considerando o mesmo percentual aplicado sobre a população em idade ativa observada pela pesquisa no terceiro trimestre deste ano, o total de ocupados subiria para 102,365 milhões, em torno de 2,527 milhões a mais, exigindo uma elevação de 2,5% em relação ao número atual de ocupados em toda a economia.

Altos e baixos

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O avanço foi mais moderado na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, quando a PNADC anotava 99,269 milhões de ocupados. A variação, neste caso, ficou limitada a 0,6%, com abertura de 569,0 mil vagas em 12 meses. Na série recente, a ocupação chegou a crescer de 95,234 milhões no trimestre finalizado em fevereiro do ano passado para 99,693 milhões entre setembro e novembro do mesmo ano, significando 4,459 milhões de ocupados a mais, em alta de 4,7% no período. Entre novembro do ano passado e março deste ano, sempre considerando períodos trimestrais, o total de ocupados caiu quase 1,9%, com 1,868 milhão de demissões. Entre o primeiro e o quarto trimestres deste ano, a economia gerou mais 2,013 milhões de vagas, correspondendo a um incremento de 2,1% para o total de ocupados.

Balanço

  • Os serviços passaram a responder por 71,66% do total de ocupações, registrando 71,542 milhões de trabalhadores, perto de 854,0 mil a mais na comparação com o segundo trimestre do ano, numa elevação de 1,2%. O setor respondeu, no entanto, por quase 92,0% do aumento anotado pelo total de ocupações na mesma comparação. Em relação ao terceiro trimestre de 2022, o setor empregou 1,122 milhão de pessoas a mais, numa variação de 1,6%.
  • O segmento de informação, comunicação e atividade financeiras e imobiliárias, entre outras, respondeu por algo perto de metade das novas contratações realizadas em todo o setor de serviços. O número de ocupados naquela área passou de 11,825 milhões no terceiro trimestre do ano passado para 12,022 milhões no segundo trimestre deste ano, atingindo 12,442 milhões no trimestre seguinte, ou 420,0 mil vagas a mais (aumento de 3,5%). Em 12 meses, as contratações cresceram 5,2% com a abertura de 617,0 mil ocupações.
  • A indústria reduziu seu contingente de trabalhadores de 12,703 milhões no segundo trimestre deste ano para 12,637 milhões no seguinte, num recuo de 0,5%. O maior número da série histórica havia sido registrado no quarto trimestre de 2014, quando a indústria chegou a empregar 13,658 milhões de trabalhadores, respondendo por 14,69% do total de ocupados. A participação do setor encolheu para 12,66% no mesmo período deste ano, somando 1,216 milhão de demissões em nove anos e retração de 8,9% no total de vagas, refletindo a desindustrialização em marcha ao longo do período.
  • O movimento de alta no emprego no terceiro trimestre foi suficiente para acomodar o aumento da população em idade ativa e ainda abrigar pessoas que haviam perdido o emprego numa fase anterior, levando a uma queda do número de desocupados e da taxa de desemprego em relação ao segundo trimestre. Nessa comparação, o número de desocupados baixou de 8,647 milhões para 8,316 milhões, numa queda de 3,8% (ou seja, 331,0 mil a menos, embora a força de trabalho tenha registrado flutuação de 0,6% com a entrada de mais 597,0 mil pessoas).
  • A redução do desemprego na comparação com o terceiro trimestre do ano passado foi mais intensa, chegando a uma queda de 12,1% quando consideradas as 9,460 milhões de pessoas sem colocação e ainda em busca de emprego naquele período. Pouco mais de metade dessa queda, no entanto, pode ser explicada pela saída de 575,0 mil pessoas da força de trabalho, já que o número de ocupados, como visto, aumentou apenas em 569,0 mil.
  • A taxa de desocupação, que havia alcançado 8,7% no terceiro trimestre de 2022, já havia baixado para 8,0% no segundo trimestre deste ano e agora recuou um pouco mais, para 7,7%. Foi o menor índice desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, quando o desemprego havia sido de 7,5%. Considerando o mesmo trimestre, a taxa de desemprego no terceiro trimestre deste ano foi a mais baixa desde o mesmo período de 2014 (6,9%).
  • O avanço do total de ocupados e a elevação do rendimento real médio, que cresceu 1,7% em relação ao segundo trimestre deste ano e 4,2% frente ao terceiro trimestre do ano passado, empurraram a massa de rendimentos reais do trabalho para o valor mais elevado da série histórica, já descontada a inflação, para um valor total de R$ 292,952 bilhões. Comparada ao trimestre imediatamente anterior, o crescimento de 2,7% trouxe um incremento de R$ 7,710 bilhões na renda dos trabalhadores. O crescimento chegou a 5,0% na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, equivalente a um acréscimo de R$ 14,010 bilhões.