Serviços continuam liderando criação de empregos no País

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 28 de outubro de 2022

O setor de serviços passou a representar pouco mais de 70,9% do total de trabalhadores ocupados em todo o País e manteve a liderança na geração de novos empregos no terceiro trimestre deste ano, refletindo em grande parte o fim das medidas de distanciamento social adotadas durante as fases mais duras da pandemia. Para comparação, no trimestre encerrado em setembro do ano passado, a participação dos serviços no total de ocupados havia sido de 68,9%. O número de ocupados em atividades relacionadas à prestação de serviços nos setores público e privado avançou de 64,092 milhões para 69,298 milhões entre o terceiro trimestre do ano passado e o final do primeiro semestre deste ano, subindo para 70,420 milhões no terceiro trimestre deste ano.

Na passagem do segundo para o terceiro trimestres de 2022, o setor gerou mais 1,122 milhão de vagas, numa variação de 1,62%, acumulando a abertura de 6,328 milhões em 12 meses, o que significou um incremento de 9,87%. Considerando a economia como um todo, o total de ocupados registrou variação em torno de 1,0% na comparação entre o terceiro e o segundo trimestres deste ano, saindo de 98,269 milhões para 99,269 milhões, perto de 1,0 milhão de empregos a mais. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, quando 92,976 milhões de trabalhadores haviam conseguido uma ocupação, o crescimento chegou a 6,8% e correspondeu à abertura de 6,193 milhões de ocupações.

Os serviços foram responsáveis, portanto, por todo o crescimento registrado pelo mercado de trabalho, seja na comparação com o trimestre imediatamente anterior, seja diante do mesmo trimestre do ano passado. Nas demais áreas da economia, o emprego praticamente não avançou e até mesmo sofreu leve redução, recuando de 28,884 milhões no terceiro trimestre de 2021 para 28,849 milhões no mesmo trimestre deste ano, depois de ter alcançado 28,971 milhões nos três meses finalizados em junho passado.

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Recorde relativo

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ocupação registrou seu nível mais elevado na série histórica mais recente, iniciada em 2012. O recorde, no entanto, deve ser relativizado. Em setembro deste ano, sempre considerando períodos trimestrais, em torno de 57,2% da população com 14 anos ou mais estavam ocupados. Mas a mesma relação estava em 58,5% no trimestre final de 2013. Caso a mesma proporção fosse observada no terceiro trimestre deste ano, o número de pessoas ocupadas teria sido 2,203 milhões maior, aproximando-se de 101,472 milhões. Diante desse número, o total de desempregados teria sofrido baixa de 23,3%, para 7,257 milhões, diante de 9,460 milhões de fato registrados no terceiro trimestre deste ano. A taxa de desemprego, que alcançou 8,7% em setembro, teria registrado 6,7% (como se percebe, dois pontos de porcentagem a menos).

Balanço

  • O número de pessoas desempregadas vem caindo, na esteira do crescimento da ocupação nos serviços, saindo de 13,453 milhões no terceiro trimestre de 2021 para 10,080 milhões no segundo trimestre deste ano e para aqueles 9,460 milhões registrados em setembro. Em 12 meses, perto de 3,994 milhões de trabalhadores deixaram a situação de desemprego, correspondendo a uma redução de 29,7% no período.
  • Considerando as ocupações por categoria, na saída do segundo para o terceiro trimestres deste ano, em torno de 48,6% do aumento registrado pelo emprego vieram de empregados do setor privado sem carteira assinada e da contratação de servidores estatutários (civis e militares) no setor público.
  • No primeiro caso, os empregados privados sem carteira passaram a somar 13,212 milhões, o total mais elevado em toda a série histórica, crescendo 1,3% ou perto 169,0 mil a mais do que os 13,043 milhões registrados ao final do segundo trimestre. O número de servidores públicos estatutários (e, portanto, sem carteira) aumentou de 2,738 milhões para 3,055 milhões, num acréscimo de 317,0 mil (nada menos do que 11,6% a mais). Essa variação entre os servidores estatutários, portanto, representou 31,7% das novas ocupações abertas no período (perto de 1,0 milhão).
  • A informalidade continua relevante, embora tenha perdido alguma força no curtíssimo prazo, saindo de 39,286 milhões para 39,145 milhões de trabalhadores na passagem do segundo para o terceiro trimestres deste ano. Houve uma estabilidade virtual, na avaliação do IBGE, já que a PNADC registrou recuo de apenas 0,4% (com 142,0 mil saindo da informalidade). Em 12 meses, o total de informais avançou 3,81%, saindo de 37,709 milhões no trimestre finalizado em setembro do ano passado, o que significou o desembarque na informalidade de 1,436 milhão de trabalhadores a mais.
  • Somando o número de estatutários (que saltou 35,4% em 12 meses, num acréscimo de 79,0 mil) e o crescimento dos informais, mais de um terço das ocupações totais criadas desde setembro do ano passado vieram daquelas duas áreas. Mais especificamente, somados, aqueles dois segmentos geraram 2,235 milhões de vagas a mais, o que se compara com o incremento de 6,293 milhões registrado para o total de ocupações.
  • Num horizonte mais longo, o avanço do emprego tem sido sustentado em proporções ligeiramente mais alentadas pela informalidade, mas com participação muito próxima dos empregos formais. Tomando o primeiro trimestre de 2016, quando a pesquisa passou a divulgar estatísticas sobre o emprego informal, foram abertas 4,406 milhões de ocupações nos setores informais até setembro deste ano, num avanço de 12,68% (passando de 34,739 milhões para 39,145 milhões).
  • O número de empregos formais, por exclusão, avançou de 55,969 milhões para 60,124 milhões, crescendo 7,41% e agregando mais 4,155 milhões ao total de ocupados. Em igual período, o número de trabalhadores ocupados cresceu 8,561 milhões, passando de 90,708 milhões para 99,269 milhões – ou seja, 8,561 milhões a mais. A contribuição da informalidade, portanto, chegou a 51,47%, cabendo o restante (48,53%) aos setores formais.