Setor de alimentos sustenta avanço da indústria em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 12 de outubro de 2022

A produção industrial em Goiás saiu do negativo em agosto, avançando em torno de 1,8% em agosto na comparação com julho deste ano, depois de recuar 1,3% e 0,6% em junho e julho sucessivamente. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o setor apresentou elevação de 4,5%, depois de a produção industrial goiana ter variado apenas 0,6% em julho. De toda forma, foi o quarto resultado mensal positivo nesse tipo de comparação. Neste caso, quase todo o incremento observado pela pesquisa regional da produção industrial, conduzida mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), concentrou-se na indústria de produtos alimentícios, que saltou 9,5% diante de agosto de 2021.

O setor de alimentos vinha de dois meses de resultados fracos, com a produção registrando recuo de 0,6% em junho e elevação modesta de 0,4% em julho. A variação de apenas 1,6% no acumulado entre janeiro e agosto deste ano, em relação aos mesmos oito meses de 2021, reflete os resultados tímidos colhidos pela indústria de alimentos entre janeiro e julho e contribuiu para que a produção da indústria goiana como um todo tenha subido 1,7% em igual comparação. Mesmo assim, o desempenho foi melhor do que a queda de 1,3% acumulada até agosto pelo setor industrial brasileiro.

O salto observado em agosto, ainda na área da produção de alimentos, foi determinado principalmente pelo aumento nos setores de óleo de soja, em bruto e refinado, e de farelo de soja e de outros resíduos do esmagamento do grão e ainda pela produção de açúcar. No acumulado entre janeiro e agosto deste ano, o crescimento nos setores de derivados de soja e de açúcar foi compensado por quedas na produção de leite, carnes e miúdos de aves congeladas.

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Resto da indústria

Excluído o setor de alimentação, num cálculo aproximado, o restante da indústria operou em baixa muito próxima de 0,3% frente a agosto do ano passado, notadamente em função das perdas observadas para as indústrias de minerais não metálicos, veículos e outros produtos químicos (basicamente adubos e fertilizantes), que sofreram baixas, na sequência, de 1,4%, de 5,9% e de 28,0%. Neste último caso, a hipótese a ser testada pela realidade é de que o setor rural estaria postergando suas decisões de compra de insumos, sobretudo de adubos e fertilizantes, que chegaram a experimentar uma fase de disparada de preços nos primeiros meses do ano.

Balanço

  • Adicionalmente, um setor relevante na composição da estrutura da produção industrial no Estado praticamente não se moveu em agosto. A indústria de farmoquímicos e produtos farmacêuticos experimentou variação de apenas 0,2% frente a agosto do ano passado.
  • Em contraponto, a produção do setor de coque, petróleo, derivados e biocombustível, na classificação do IBGE, apresentou crescimento de 4,0% (em Goiás, no entanto, o setor de biocombustíveis predomina, liderado pelos segmentos de produção de etanol e de biodiesel, diante da ausência de indústrias daqueles demais setores).
  • A fabricação de produtos de metal, excluídos os setores de máquinas e equipamentos, registrou o maior salto no mês, avançando 19,1% frente a agosto do ano passado, com altas para a produção de estruturas de ferro e aço, embalagens de ferro e aço e esquadrias de alumínio. No ano, a produção nesta área cresceu 5,3% em relação aos oito primeiros meses de 2021, sob influência quase integral da fabricação de chapas e outras estruturas de ferro e aço.
  • O crescimento apresentado em agosto deste ano pelo setor de produtos de metal, embora substancial, prenuncia alguma desaceleração, levando-se em consideração que a produção no setor havia saltado 30,3% em julho, depois de um incremento de 17,4% e, junho, sempre em relação aos mesmos meses de 2021.
  • O comportamento do setor, no entanto, foi menos decisivo na definição de uma tendência para o conjunto da indústria goiana como um todo. Em agosto, por exemplo, a despeito de todo o salto experimentado, a indústria de produtos de metal foi responsável por apenas 1,8% do incremento registrado pelo total da indústria.
  • Qualquer que seja a tendência daqui em diante, a produção industrial no Estado continua abaixo dos níveis imediatamente anteriores ao início da pandemia, registrado redução de 2,0% na comparação entre agosto deste ano e fevereiro de 2020. Em relação a outubro de 2019, quando a produção atingiu um pico histórico, a produção encontrava-se, em agosto deste ano, 6,9% mais baixa.
  • Na observação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), praticamente metade dos parques industriais estaduais sofreram perdas em agosto, com números negativos para sete entre os 15 Estados acompanhados pelo IBGE – mas com números positivos para o eixo São Paulo-Rio de Janeiro (o que sugere que o avanço anotado nos principais polos industriais do País não foi suficiente para trazer a indústria brasileira como um todo voltasse ao terreno positivo em agosto, já que a produção recuou 0,6% de julho para agosto).
  • No lado negativo, prossegue o Iedi, os destaques foram para o Pará, com tombo de 6,2% frente a julho, para o Espírito Santo (-3,9%), Minas Gerais (-1,9%) e Bahia (-2,8%). Em São Paulo, a produção cresceu 2,6% depois de recuar 0,4% na saída de junho para julho, enquanto a indústria carioca experimentou o segundo mês de crescimento (mais 1,3% em julho e mais 3,3% em agosto).