Superávit comercial da indústria sofre baixa de quase 37% em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 13 de julho de 2022

Diante de um crescimento levemente superior a 59,0% nas importações, o saldo comercial da indústria de transformação em Goiás experimentou um tombo de 36,91% no primeiro semestre deste ano, nos dados do Ministério da Economia. Os números oficiais registrados para exportações e importações no setor foram os mais elevados na série histórica iniciada em 2011, mas a diferença entre aquelas duas variáveis se estreitou neste ano por conta do avanço mais acelerado das compras externas, lideradas pelos desembarques de adubos e fertilizantes.

A indústria goiana de transformação vendeu lá fora perto de US$ 3,189 bilhões nos seis primeiros meses de 2022, subindo 40,67% em relação a exportações de US$ 2,267 bilhões no mesmo semestre do ano passado (ou seja, US$ 921,820 milhões a mais). As importações do setor subiram de US$ 1,833 bilhão para US$ 2,915 bilhões, variando perto de US$ 1,082 bilhão, o que determinou a redução do saldo comercial de US$ 433,682 milhões no acumulado entre janeiro e junho do ano passado para US$ 237,593 milhões neste ano em igual intervalo.

As duas variáveis tomaram caminhos inversos no semestre, com as vendas externas da indústria reduzindo sua participação nas exportações totais e as importações do setor assumindo uma fatia mais elevada. No ano passado, até junho, a indústria de transformação havia sido responsável por 45,28% das exportações totais do Estado, mas reduziu aquele percentual para 42,73%. Na outra ponta, as compras externas passaram a representar 93,17% das importações totais, saindo de uma fatia de 77,26% nos primeiros seis meses do ano passado.

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A contribuição da indústria na formação do saldo comercial de todo o Estado, que já não era tão expressivo, foi reduzido para meros 5,48% na primeira metade deste ano, o que se compara com 16,47% em idêntico período de 2021. Da mesma forma, a indústria foi responsável por 37,55% do crescimento anotado pelas exportações totais na comparação entre aqueles dois períodos.

O peso dos adubos

As importações de adubos e fertilizantes, produtos incluídos na conta da indústria de transformação, embora tenham aplicação majoritariamente em lavouras e pastagens, mais do que triplicaram, como já anotado neste espaço (O Hoje, 11.07.2022), e tiveram uma contribuição correspondente a 70,7% para o crescimento das compras externas totais da indústria. Para relembrar, as importações de adubos saltaram de US$ 326,479 milhões para pouco mais de US$ 1,091 bilhão. Em outros termos, as compras naquele setor assumiram uma participação de 37,44% nas importações totais da indústria, diante de 17,81% no primeiro semestre do ano passado. Os volumes de adubos desembarcados no País e destinados a Goiás, como visto, avançaram 32,2% naquela mesma comparação e o gasto final nesta área foram puxados pelo salto de 152,4% observado para os preços médios dos adubos importados.

Balanço

  • A segunda maior contribuição relativa, ainda na ponta das importações da indústria, veio do avanço nas compras de caldeiras, máquinas, instrumentos e aparelhos mecânicos, que cresceram de US$ 174,811 milhões para US$ 296,918 milhões, em alta de quase 70,0% – o que correspondeu a um acréscimo de US$ 122,107 milhões, numa contribuição de 11,29% para o incremento registrado pelas compras externas totais da indústria.
  • As importações de veículos, partes, peças e acessórios aumentaram 29,2% e passaram de US$ 188,303 milhões para US$ 243,317 milhões. Segundo item na pauta de importações, as compras de produtos farmacêuticos tiveram variação apenas modesta, num avanço de 4,94%, saindo de US$ 590,367 milhões para US$ 619,559 milhões.
  • No lado das exportações, a liderança foi assumida pelo farelo de soja, mais um produto de base agrícola, com as vendas aumentando nada menos do que 80,3% entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período deste ano, saindo de US$ 368,732 milhões para US$ 664,916 milhões. A contribuição do setor para o aumento das vendas da indústria lá fora atingiu 32,13% no primeiro semestre.
  • As vendas externas de carne bovina congelada, fresca ou resfriada somaram US$ 702,007 milhões, crescendo quase 30,0% diante de US$ 540,506 milhões na metade inicial do ano passado, num acréscimo de US$ 161,501 milhões. Aqueles itens somados responderam por 17,52% do aumento registrado pelas exportações da indústria, na soma total.
  • A terceira maior contribuição veio das vendas ao exterior de ferro-ligas, seguidas pelos embarques de óleo de soja. No primeiro caso, as exportações cresceram 38,49%, alcançando US$ 518,360 milhões, frente a US$ 374,292 milhões, numa contribuição de 15,63%. As exportações de óleo de soja pouco mais do que dobraram entre o primeiro semestre de 2021 e o mesmo período deste ano, atingindo US$ 235,190 milhões, valor que se compara com US$ 115,702 milhões no mesmo intervalo de 2021.
  • Os embarques de ouro, em suas formas bruta, semimanufaturada ou em pó, apresentaram crescimento de 35,42% na mesma comparação, avançando de US$ 191,587 milhões para US$ 259,455 milhões. Essa meia dúzia de itens (farejo e óleo de soja, carnes bovinas congeladas e resfriadas, ferro-ligas e ouro) foi responsável por 85,6% do incremento acumulado pelas exportações da indústria goiana de transformação.
  • A agropecuária, da mesma forma, bateu seu recorde de embarques, puxados pela soja em grão, e teve participação de 92,2% na composição do saldo comercial estadual. As vendas do setor lá foram aumentaram de US$ 2,478 bilhões para US$ 4,006 bilhões, numa alta de 61,93%. O setor respondeu por 53,69% das exportações totais e anotou uma contribuição de 62,50% para o incremento acumulado pelas vendas externas. No primeiro semestre do ano passado, a participação do setor no total exportado por Goiás havia alcançado 49,49%.
  • As importações da agropecuária aumentaram 67,0%, mas mantiveram-se em níveis muito baixos, próximas de US$ 11,0 milhões. Como resultado, o saldo comercial do setor cresceu de US$ 2,471 bilhões para US$ 3,995 bilhões, num avanço de 61,67%.