Coluna

Superávit comercial de Goiás cai 27% e atinge nível mais baixo desde 2015

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 08 de outubro de 2019

O
ritmo de queda das exportações e do saldo comercial chegou a ser ligeiramente
atenuado em setembro, mas a balança comercial de Goiás continua a anotar
retrocesso vigoroso neste ano, com o superávit baixando ao menor nível desde
2015 para o período entre janeiro e setembro. A China responde pela
contribuição mais relevante para as perdas registradas até o nono mês do ano,
destacadamente por conta da redução vertical dos embarques da soja em grão
produzida no Estado e destinada àquele mercado. A despeito da baixa registrada
até setembro deste ano, os chineses ainda compraram 84,8% de toda a soja em
grão exportada por Goiás e responderam por 36,5% das exportações goianas totais.

Na
soma de todos os setores, Goiás exportou US$ 4,963 bilhões entre janeiro e setembro
deste ano, apenas maior do que no mesmo período de 2016 (US$ 4,880 bilhões).De
acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Secex/Mdic), a exportação acumulada
até setembro anotou queda de 15,8% em relação aos US$ 5,896 bilhões exportados
em igual intervalo de 2018, numa perda de US$ 923,770 milhões.

No
outro prato da balança, as importações decresceram 2,38% naquela mesma
comparação, saindo de US$ 2,701 bilhões para quase US$ 2,637 bilhões. Como a
redução das compras externas foi muito menos severa, o saldo entre exportações
e importações desabou de US$ 3,195 bilhões para praticamente US$ 2,637 bilhões,
num desempenho que só conseguiu ser melhor do que aquele apresentado nos nove
meses iniciais de 2015 (superávit de praticamente US$ 1,711 bilhão).

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Certamente
não chega a ser um resultado assim tão negativo, diante do cenário de
desaquecimento do comércio global e desaceleração na atividade econômica em
mercados importantes lá fora. Mas a tendência de queda na área externa tende a
influenciar negativamente o desempenho da economia aqui dentro, reduzindo as
possibilidades de um crescimento mais intenso neste ano. Adicionalmente,
a dependência em relação à China deve ser vista com preocupação, principalmente
quando se analisa o comportamento do saldo comercial.

O grande risco

A
participação chinesa no total exportado chegou a recuar de 41,9% para 36,5% nos
nove primeiros meses de 2018 e de 2019, respectivamente, refletindo uma queda
de 26,6% nas exportações goianas para a China, de US$ 2,469 bilhões para algo
ligeiramente inferior a US$ 1,813 bilhão. Houve uma perda de US$ 656,963
milhões, o que correspondeu a pouco mais de 71% da redução acumulada pelo total
das exportações goianas no período. A concentração continua ainda mais elevada
no saldo comercial. Na relação comercial entre as duas regiões, quase dois
terços do superávit goiano vieram das operações com a China. Neste ano, até
setembro, o saldo com os chineses atingiu US$ 1,479 bilhão ou 63,6% do total.
Houve retração de 34,4% frente ao mesmo período do ano passado, quando o
superávit goiano com os chineses havia alcançado US$ 2,252 bilhões (70,5% do
saldo comercial total do Estado). Dessa forma, a China foi responsável por
pouco mais de 89% das perdas acumuladas pela balança comercial de Goiás.

Balanço

·  
Embora
o desequilíbrio nas relações com o país asiático ainda favoreça Goiás, não se
pode deixar de levar em consideração que apenas um item – a soja em grão –
respondeu por 62% de todas as exportações goianas para a China.

·  
Essa
participação havia sido de 78,3% nos nove meses iniciais de 2018. A redução
deveu-se a um tombo de 41,8% nas vendas do grão, saindo de pouco mais do que
US$ 1,932 bilhão para US$ 1,124 bilhão sempre na comparação com os valores
acumulados entre janeiro e setembro de 2018 e 2019.

·  
Apesar
disso, a China continuou sendo o destino de 84,8% da soja exportada por Goiás,
o que realça a dependência goiana em relação ao país asiático.

·  
Entre
os principais produtos exportados pelo Estado, as vendas de farelo de soja
sofreram redução de 25,3% neste ano, até setembro, encolhendo de US$ 763,249
milhões para US$ 570,500 milhões.

·  
Os
embarques de minérios de cobra e seus concentrados recuou 9,5%, de US$ 317,740
milhões para pouco menos de US$ 287,510 milhões. Caíram igualmente as
exportações de ferro-ligas, saindo de US$ 191,696 milhões para US$ 184,190
milhões, numa redução de 3,9%.

·  
As
exportações e carne bovina congelada mantiveram-se praticamente estáveis nos
períodos analisados, flutuando de US$ 562,676 milhões para US$ 567,449 milhões
(0,84% a mais).

·  
Os
destaques ficaram para os embarques de ouro, com incremento da produção local,
e para o milho, com a demanda mundial aquecida e menor oferta global. No caso
do metal, Goiás exportou US$ 317,384 milhões até setembro, num salto de 57,6%
frente a US$ 201,392 milhões no ano passado. As vendas externas do cereal foram
triplicadas neste ano, saltando de US$ 136,659 milhões para US$ 440,975 milhões
(222,7% a mais).

·  
Em
volume, os embarques de milho subiram de 792,713 mil toneladas no ano passado
para 2,632 milhões de toneladas neste ano, crescendo 232,1%.

·  
A
redução das importações foi ditada principalmente pela retração de 11,5% nas
compras de produtos farmacêuticos (de US$ 949,856 milhões para US$ 840,622
milhões). Em compensação, as importações de adubos e de veículos, suas partes e
acessórios avançaram, pela ordem, 23,9% e 12,3%.