Quinta-feira, 28 de março de 2024

Tombo nas compras de adubos e de energia derruba importações

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 14 de março de 2023

O crescimento das importações goianas ao longo do ano passado deveu-se substancialmente ao incremento observado nas compras de adubos e fertilizantes, mas também ao consumo de energia importada no Estado, num resquício ainda da crise hídrica sofrida pelo País ao longo de 2021. O retrocesso observado naquelas duas áreas explica agora o tombo sofrido pelas importações goianas no acumulado dos primeiros dois meses deste ano em relação a igual período do ano passado. No total, o Estado realizou importações de US$ 722,056 milhões, o valor mais baixo para o período desde 2020, o que correspondeu a uma retração de praticamente 26% frente aos US$ 975,587 milhões importados no bimestre inicial de 2022, numa queda equivalente a US$ 253,530 milhões.

As compras de adubos e fertilizantes encolheram de US$ 288,127 milhões para US$ 155,801 milhões, numa redução de 45,93% (ou seja, US$ 132,326 milhões a menos). A importação de energia elétrica desabou para zero, saindo de algo acima de US$ 166,140 milhões na soma de janeiro e fevereiro do ano passado. Desconsiderados aqueles dois itens, no entanto, os resultados foram mais razoáveis, por conta quase exclusivamente das importações de produtos farmacêuticos, que voltaram a crescer neste ano. Excluídos adubos e energia, o Estado comprou lá fora o correspondente a US$ 566,256 milhões em janeiro e fevereiro deste ano, diante de US$ 521,320 milhões no mesmo bimestre de 2022, numa variação de 8,62% (em torno de US$ 49,930 milhões a mais).

A indústria goiana de farmoquímicos e produtos farmacêuticos importaram algo em torno de US$ 217,663 milhões nos primeiros dois meses deste ano, o que se compara com US$ 153,344 milhões em idêntico período de 2022, correspondendo a um salto de 41,94% (mais US$ 64,319 milhões em gastos no exterior). Como se pode perceber, as importações dos demais itens, excluídos adubos e energia, não teriam apresentado crescimento sem a “ajuda” do setor farmacêutico.

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Para baixo

Mesmo porque, o desempenho foi negativo em setores de importância relativa para a pauta de importações e para a economia do Estado de forma mais geral. As compras de veículos, tratores, suas peças, acessórios e partes, por exemplo, virtualmente não se moveram entre um bimestre e o outro. Em 2022, haviam sido importados US$ 86,233 milhões, valor levemente alterado para US$ 86,647 milhões na soma de janeiro e fevereiro deste ano, configurando uma oscilação de 0,48%. As importações de produtos químicos orgânicos, por sua vez, sofreram baixa de 9,34%, baixando de US$ 59,801 milhões para US$ 54,217 milhões. Ainda na indústria de transformação, as compras de caldeiras, máquinas, equipamentos e aparelhos mecânicos importados despencaram 31,49% naquela mesma comparação, caindo de US$ 72,815 milhões para US$ 49,883 milhões.

Balanço

  • As receitas da Saneamento de Goiás S.A (Saneago) tendem a ser reforçadas a partir de 1º de abril, quando entrará em vigor o reajuste de 7,02% referendado pela Agência Goiana de Regulação (AGR). O aumento mais recente, de 8,85%, havia entrado em vigor em fevereiro do ano passado, ajudando a elevar a receita líquida da estatal para R$ 2,763 bilhões nos 12 meses de 2022, o que significou crescimento de 12,59% em relação a 2021 (R$ 308,932 milhões a mais do que a receita de praticamente R$ 2,454 bilhões acumulada em 2021).
  • A inadimplência entre os usuários dos serviços de água e esgoto foi reduzida de 9,70% em fevereiro do ano passado, nível mais elevado alcançado ao longo daquele exercício, para 2,62% em dezembro, refletindo o esforço realizado pela companhia para regularizar a situação de seus clientes.
  • Seguindo trajetória inversa aquela observada na maior estatal do País, que tem pago aos acionistas valores em alguns períodos até mesmo superiores aos lucros realizados, além de cortar radicalmente seus investimentos, a Saneago elevou a distribuição de dividendos e de juros sobre o capital próprio em linha com a variação de seu resultado líquido. O lucro anotado na última linha da conta de resultados da concessionária avançou 13,95% na comparação entre 2021 e 2022, crescendo de R$ 352,456 milhões para R$ 401,637 milhões, conforme já registrado neste espaço.
  • Os pagamentos aos acionistas subiram também 13,95%, passando de R$ 83,709 milhões para R$ 95,388 milhões. A relação entre dividendos distribuídos e o resultado líquido ficou mantida na faixa de 23,75% em 2021 e também em 2022. Ao mesmo tempo, o investimento aumentou nada menos do que 116,51%.
  • De acordo com a empresa, os planos de expansão das redes de água e esgoto e sistemas auxiliares já contemplavam, na virada do ano, obras contratadas no valor aproximado de R$ 484,0 milhões, os quais R$ 303,0 milhões para obras de ampliação da rede de água e R$ 181,0 milhões para instalação de novos sistemas de esgoto. A empresa espera entregar perto de R$ 452,0 milhões em obras ao longo deste ano.
  • Os indicadores de cobertura dos sistemas de água e de esgoto observaram algum incremento na saída de 2021 para 2022, especialmente no segundo caso, onde os índices ainda não eram tão robustos. Ao final do ano passado, precisamente 97,83% da população goiana na área de concessão da Saneago tinham acesso à rede de água, diante de 97,71% em 2021. A rede de esgotos passou a atender 70,73% da população, diante de 67,09% em 2021.
  • O número de ligações de água registrou variação de 1,71%, saindo de 2,334 milhões para 2,374 milhões. No setor de esgoto, as ligações aumentaram 6,29%, de 1,336 milhões para 1,420 milhões, em grandes números.