Três anos depois, varejo tradicional não retomou níveis pré-pandemia em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 18 de maio de 2023

Três anos depois de iniciada a pandemia causada pelo Sars-COV-2, as vendas do comércio varejista em Goiás ainda não conseguiram retomar os níveis de fevereiro de 2020, embora, na média de todo o País, tenham crescido 4,3% na mesma comparação. No chamado varejo ampliado, que inclui segmentos do comércio que atuam simultaneamente como varejistas e atacadistas, os números são melhores, com alta de 13,2% no Estado, bem acima da variação de 5,3% observada para o setor na média do restante dos Estados, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior ao início da pandemia.

Neste ano, o desempenho goiano tem sido inferior à variação observada na média brasileira, segundo a pesquisa mensal do comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado do primeiro trimestre, as vendas do comércio varejista mais restrito e do varejo amplo avançaram 1,2% e 3,5% no Estado, enquanto o restante do País apresentou elevações de 2,4% e de 3,3% naquela mesma ordem. Comparando março desde ano a igual mês do ano passado, as disparidades permanecem, com maior distância no caso do comércio varejista ampliado, que registrou alta de 8,8% no País como um todo diante de variação de 2,8% em Goiás.

A diferença entre aqueles índices pode ser explicada pelo desempenho pífio das vendas de material de construção e de alimentos, bebidas e fumo no atacado no Estado. As lojas goianas de materiais de construção experimentaram queda em todos os três primeiros meses deste ano, na comparação com idênticos períodos de 2022, com reduções de 3,0%, 10,2% e 11,1% em janeiro, fevereiro e março, respectivamente. No atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, depois de modesta variação de 1,5% em janeiro, a pesquisa do IBGE registrou tombos de 17,6% e de 31,5% nos dois meses seguintes, levando o setor a experimentar retração de 19,4% no primeiro trimestre. Na média do varejo brasileiro, as lojas de materiais de construção anotaram baixa de 5,1% em março, enquanto as vendas de alimentos, bebidas e fumo avançaram 5,6% no atacado e o setor de veículos, motos e autopeças apresentou elevação de 10,7% em março (incremento mais modesto do que o indicador observado para Goiás, como se verá).

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Veículos em forte alta

Em contrapartida, como exceção, as vendas de veículos, motos e autopeças têm registrado saltos expressivos no Estado, com aumentos de 31,5% em janeiro, mais 27,2% em fevereiro e de 19,3% em março – a anotar, observa-se certo arrefecimento no ímpeto das vendas, mês a mês, embora os índices continuem apresentando vigor. No fechamento do trimestre, as vendas do setor acumularam incremento de 25,6%. O IBGE não disponibiliza dados sobre o desempenho mês a mês para cada um dos segmentos do varejo regional, o que dificulta uma análise mais apropriada da tendência de curto prazo observada em cada um dos setores do varejo restrito e ampliado.

Balanço

  • Nos setores exclusivamente varejistas, as vendas subiram 1,7% em Goiás e 3,2% no País, comparando-se março deste ano e o mesmo mês do ano passado. Neste caso, a diferença de tendência deu-se exclusivamente pelo comportamento discrepante observado nos super e hipermercados e nos postos de combustíveis, já que todos os demais segmentos anotaram variações mais expressivas no varejo goiano.
  • As vendas de combustíveis e lubrificantes em Goiás sofreram queda de 3,3% em março, frente a igual mês de 2022, mas cresceram 14,3% no restante dos Estados. Como já haviam caído 1,7% em fevereiro, os postos encerraram o primeiro trimestre em baixa de 1,1% no Estado e saltaram nada menos do que 20,0% no País como um todo.
  • Os supermercados e hipermercados continuam derrapando em Goiás, com quedas de 4,0% e de 4,7% em janeiro e fevereiro e ligeiro avanço de 0,3% em março, acumulando redução de 2,8% no trimestre também em Goiás. Os resultados do setor na média do País em março ficaram no azul, com elevação de 4,5% em março, na sequência de alta de 2,3% em janeiro e modesta variação de 0,9% em fevereiro (sempre na comparação com iguais períodos do ano passado). No primeiro trimestre, ao contrário do que ocorreu no Estado, super e hipermercados tiveram alta de 2,6% em suas vendas.
  • Para os demais setores, a pesquisa mensal do IBGE indica diferenças mais relevantes para os setores de móveis e eletrodomésticos, farmácias, perfumarias, lojas de cosméticos e de artigos médicos e ortopédicos e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação. Pela ordem, considerando aqueles setores em todo o País, as vendas em março cresceram 2,0%, 6,8% e 4,1%.
  • Para Goiás, o IBGE registra, em março, altas de 6,2% para as vendas de móveis e eletrodomésticos, de 13,5% para artigos de farmácia, perfumes e cosméticos e de 28,3% para materiais de escritório, informática e comunicação.
  • Entre avanços e recuos, as vendas do varejo em geral no Estado continuam distantes de seus níveis históricos, ainda que essa distância venha se encurtando lentamente. Os volumes vendidos em março deste ano ainda se encontravam 29,1% abaixo dos níveis alcançados em fevereiro de 2014, melhor momento para o varejo tradicional na série estatística do IBGE. No caso do varejo ampliado, que registrou seu melhor momento em agosto de 2012, percebe-se queda de 20,5%.
  • Os resultados do varejo em todo o País mostram igualmente resultados menores do que as melhores marcas alcançadas na série histórica, mas com diferenças menos importantes. Para o varejo tradicional, que atingiu seu pico em outubro de 2020, na medida em que as atividades foram sendo retomadas e revisadas as decisões de distanciamento social, os níveis de venda em março deste ano estavam 2,0% mais baixos. Para o varejo ampliado, a distância entre seu melhor momento, em agosto de 2012, era de apenas 0,3%. De toda forma, as vendas sequer conseguiram acompanhar o ritmo observado mais de década atrás.