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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Vendas do comércio registram novo tropeço e reforçam desaquecimento

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 14 de agosto de 2025
Vendas do comércio registram novo tropeço e reforçam desaquecimento Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
Vendas do comércio registram novo tropeço e reforçam desaquecimento Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

O avanço do emprego, o crescimento da massa de rendimentos reais e a queda histórica do desemprego não foram suficientes para impor um ritmo mais acelerado às vendas do comércio varejista, que continuaram em franco desaquecimento em junho.

Conforme já divulgado, a taxa de desocupação baixou para 5,8% no segundo trimestre deste ano, o menor nível desde 2012, quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC) ganhou o formato atual. Com mais de 102,3 milhões de pessoas ocupadas, a massa salarial atingiu R$ 351,190 bilhões, novo recorde, crescendo 5,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado – mas um avanço menos intenso do que o observado em igual período de 2024, quando chegou a crescer 9,1% em termos reais.

Uma das possibilidades levantadas por analistas independentes sugere que parcelas crescentes do orçamento familiar vêm sendo destinadas ao pagamento de despesas financeiras, geradas pela cobrança de juros escorchantes pelo sistema financeiro. Na comparação entre junho deste ano e o mesmo mês do ano passado, numa estimativa que considera o valor total do crédito ampliado tomado pelas famílias e a taxa média de juros no sistema financeiro, aquelas despesas teriam crescido pelo menos 25% no período, aproximando-se de R$ 1,62 trilhão.

De uma forma ou de outra, os dados da pesquisa mensal sobre o comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam recuo de 0,1% nas vendas do setor varejista restrito na passagem de maio para junho deste ano, na série com ajuste sazonal, com baixa de 2,5% no varejo ampliado, incluindo concessionárias de veículos e motos, lojas de autopeças e de materiais de construção e o “atacarejo” especializado em alimentos, bebidas e cigarros.

No varejo mais tradicional, as vendas sofreram o terceiro mês consecutivo de queda, acumulando perda de 0,8% desde março, quando o setor havia alcançado sua melhor marca na série histórica. O varejo ampliado, por sua vez, havia experimentado recuo de 0,4% em fevereiro, avançando 1,7% em março para cair 2,0% em abril, demonstrando um comportamento errático na série dessazonalizada.

Aquém do previsto

O resultado mensal, com o tombo de 2,5%, veio muito abaixo do que projetavam os mercados, que esperavam variação nula na saída de maio para junho. A “frustração” foi maior quando se considera que o setor financeiro esperava um ligeiro avanço de 0,8% para as vendas do varejo mais restrito.

Esse tipo de comparação apenas parece reforçar a perspectiva de um desaquecimento um pouco mais pronunciado do que aquele aguardado por analistas e consultores associados de alguma forma ao mercado financeiro. A se confirmar essa possibilidade, não se pode descartar um movimento dos mercados para revisar para baixo suas apostas em relação à inflação daqui para frente, mesmo porque, não apenas os índices de preços ao consumidor estão em desaceleração, mas os custos dos bens nos mercados atacadistas continuavam caindo, num reflexo, entre outros fatores, do dólar depreciado, o que contribui para baratear as importações e para segurar os preços de produtos exportados pelo País.

Balanço

  • Em Goiás, ainda na série de dados dessazonalizados, quer dizer, com exclusão de eventos e fatores que ocorrem todos os anos na mesma época, o comércio varejista mais restrito apresentou baixas em sequência nos três últimos meses do primeiro semestre, com recuos de 2,2%, de 0,1% e de 0,2% em abril, maio e junho, acumulando perda de 2,6% desde março. Não deixa de ser notável observar que o volume vendido pelo setor em junho deste ano encontrava-se 25,4% abaixo dos níveis alcançados em maio de 2014, há pouco mais de 11 anos, momento em que o varejo restrito experimentou seu melhor resultado na série histórica.

  • O volume vendido em junho pelo conjunto de estabelecimentos incluídos no segmento mais amplo do setor varejista cresceu 2,1% em junho deste ano, na comparação com maio, melhor resultado nesta área entre as regiões acompanhadas pelo IBGE. Mas que veio depois de quedas consecutivas em março, abril e maio, com baixas respectivamente de 0,4%, de 1,6% e de 1,1%.

  • Naqueles três meses, o setor reduziu suas vendas em 3,0%. O que significa dizer que a reação em junho foi ainda insuficiente para recuperar todo o terreno perdido, restando um recuo de quase 1,0% na comparação entre junho e fevereiro. Em relação a um já distante agosto de 2012, as vendas no varejo amplo encolheram 20,2%.

  • O IBGE, como se sabe, ainda não divulga dados dessazonalizados por setor de atividade dentro do varejo no caso das economias regionais. Mas estes estão disponíveis na pesquisa consolidada nacionalmente e mostram perdas para sete entre os 10 setores investigados em todo o País. A começar pelos super e hipermercados, que apresentaram recuo de 0,5% entre maio e junho, marcando um trimestre inteiro sem crescimento (já que foi anotada variação nula em maio depois de baixa de 0,3% em abril).

  • As vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 1,2% em junho, depois de um avanço de 1,9% em maio e de queda de 0,4% em abril. Proporcionalmente, a perda mais expressiva foi registrada pelo setor de equipamentos para escritório, informática e comunicação, num tombo de 2,7%, quase devolvendo a alta de 3,0% observada em maio (que veio na sequência da perda de 0,9% em abril). As vendas de veículos, motos e peças sofreram baixa de 1,8% e as lojas de materiais de construção, que atendem o varejo e o atacado, apontaram baixa de 2,6%.

  • A comparação com junho do ano passado mostra ligeira elevação de 0,3% para o varejo restrito em todo o País, mas baixa de 0,5% em Goiás, com destaque para perdas de 9,6% no segmento de combustíveis e lubrificantes, de 1,2% para super e hipermercados, de 4,7% para lojas de tecidos e vestuário e tombo de 15,8% em materiais para escritório e informática.

  • As vendas do varejo ampliado caíram 3,0% no consolidado do varejo ampliado no País e 4,2% em Goiás, marcando o quinto resultado mensal negativo para o Estado – muito embora a queda em junho tenha sido menos intensa do que os tombos de 8,8% e de 7,8% observados em abril e maio, também na comparação com os mesmos meses de 2024.

  • Ainda no Estado, as vendas de veículos, motos e peças encolheram 11,0% em junho, depois de tombos de 28,1% e de 24,0% em abril e maio respectivamente. Na média nacional, o “atacarejo” de alimentos, bebidas e fumo chegou a junho ao seu 11º resultado negativo mensal, com baixa de 11,0% naquele mês e um retrocesso acumulado no ano de 6,5%.

  • Ainda em Goiás, comparando o primeiro semestre deste ano e igual período de 2024, as vendas avançaram 1,1% no varejo restrito, mas baixaram 4,0% no comércio varejista ampliado.

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