As Oportunidades Ocultas na Crise

Confira o artigo, deste final de semana (10 e 11/07), por Felipe Ruiz

Postado em: 10-07-2021 às 15h07
Por: Redação
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Confira o artigo, deste final de semana (10 e 11/07), por Felipe Ruiz | Foto: Redação

Sempre que vivenciamos uma crise, imediatamente somos bombardeados por todos os lados com o famoso clichê: “É nas crises que surgem as grandes oportunidades”. Apesar de detestar clichês, sou obrigado a concordar com a mensagem central deste em específico.

Em abril do ano passado, em um debate no Fórum da Liberdade, Jorge Paulo Lemann – sócio do fundo 3G e controlador de empresas como AB InBev, Burger King e Kraft Heinz – destacou que os melhores negócios que fechou ao longo de sua trajetória aconteceram em meio a crises. “Eu diria que as oportunidades que nós aproveitamos na crise foram melhores do que as oportunidades que aproveitamos em momentos normais e que pagamos mais caro”, afirmou Lemann. “Acho que a oportunidade não é apenas comprar barato, é que certas coisas que não estavam disponíveis passam a ficar”, disse ainda.

Duas das aquisições mais importantes de Lemann e seus sócios foram realizadas justamente em momentos de grande turbulência política e econômica. A primeira, a compra da cervejaria carioca Brahma, em 1989, ocorreu no ano em que era realizada a primeira eleição presidencial direta após o regime militar. O momento era de profundas indefinições e incertezas. Logo no ano seguinte, o negócio recém adquirido foi pego em cheio pelo Plano Collor, mas mesmo assim sobreviveu e prosperou.

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A segunda foi a compra, em 2008, da cervejaria americana Anheuser-Busch, dona da mais tradicional cerveja norte-americana, a Budweiser. A empresa, fundada em 1852, em St. Louis, sempre foi considerada um símbolo nacional e chegou a ter mais da metade do mercado de cervejas nos Estados Unidos. Por um valor de US$ 52 bilhões pagos integralmente em dinheiro o negócio foi fechado e, a partir dali, era formada a AB InBev, a maior cervejaria do mundo. Os detalhes dessa transação épica (e um tanto quanto improvável) são contados no excelente livro Dethroning the King: The Hostile Takeover of Anheuser-Busch, an American Icon (no Brasil “Destronando o Rei: Como os Brasileiros da InBev Conquistaram a Budweiser-AB, um Ícone Americano”). A obra foi escrita pela jornalista Julie Macintosh, jornalista e ex-correspondente do Financial Times em Nova York.

Podemos citar ainda outros negócios emblemáticos que foram concretizados em meio a crises econômicas. Em 2008, por exemplo, fusões e aquisições até então consideradas pouco prováveis acabaram se materializando. Nos Estados Unidos teve destaque a aquisição do banco Merrill Lynch pelo Bank of America, em uma transação de US$ 50 bilhões. No Brasil, no mesmo período pós-crise também foram anunciados grandes negócios, como as fusões do Itaú com Unibanco, da Aracruz com a VCP (Votorantim Celulose e Papel) para formar a Fibria, e da Sadia com a Perdigão, dando origem à Brasil Foods (BRF).

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