Como o transporte ativo pode transformar a RMTC

Confira o artigo, desta quarta-feira (22/09), Poliana de Sousa Leite

Postado em: 22-09-2021 às 09h28
Por: Redação
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Confira o artigo, desta quarta-feira (22/09), Poliana de Sousa Leite | Foto: Redação

Mobilidade ativa deveria ser tema principal de programa de governo das próximas eleições. Um projeto de transporte ativo bem executado, pensando em micromobilidade e macromobilidade, tem impactos positivos diretos na segurança pública, saúde e economia e pode ter implicações no turismo e educação. Isso pode ser evidenciado com base em pesquisas desenvolvidas no tema que comprovam os benefícios de uma política de mobilidade voltada para o transporte ativo.

Além de favorecer o comércio local, o transporte ativo favorece a criação de empregos e ainda, de forma inclusiva. Estudo realizado pela Federação dos Ciclistas Europeus apresentado pelo The City Fix Brasil mostrou que o setor cicloviário emprega cerca de 650 mil pessoas e se os deslocamentos por bicicleta dobrassem, poderiam ser criados até 400 mil novos empregos. Um outro estudo mostra que a indústria norte-americana de bicicleta contribui aproximadamente com U$133 bilhões anualmente para a economia do país com fabricação, venda, competições, aluguel e consertos de bicicletas.

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, obras cicloviárias não são caras e devem ser pensadas não como gastos, mas como investimentos. Um estudo holandês mostra que países que investiram em transporte não motorizado obtiveram benefícios que excederam os custos na implementação. Pesquisadores da Nova Zelândia comprovaram que a cada dólar gasto com a construção de ciclovias, a cidade economiza 24 dólares com a redução de custos de saúde, poluição e tráfego. Um outro estudo de 2015, realizado pelo ITDP e ITS, mostrou que se o resto do mundo pedalasse um quarto do que os moradores de Amsterdã pedalam, as cidades registrariam uma economia de 700 bilhões de dólares por ano.

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Ainda no tema economia, há mais evidências que comprovam o impacto das obras de infraestrutura voltadas para o transporte ativo. Um levantamento na literatura científica realizada por alunos do curso de Engenharia de Transportes da UFG trouxe dados interessantes: um estudo da Índia comprovou que uma mudança de 1% dos deslocamentos de transporte motorizado para não motorizado em viagens com distância menor que 5 km, gera economia de 250 mil rúpias indianas (U$ 3.403,22). Um estudo norte-americano apresenta o impacto no mercado imobiliário: residências com nível de caminhabilidade acima da média podem valer de 4 mil a 34 mil dólares a mais comparado àquelas com nível médio de caminhabilidade.

No Brasil há exemplos claros dos benefícios desse tipo de política pública. Após uma intervenção realizada na Avenida Central de Fortaleza, uma pesquisa mostrou que 64% dos comerciantes notaram impacto positivo em seu negócio em função da reforma. Além disso, 80% das pessoas que transitam pelo local, mudaram sua percepção sobre a segurança pública, passando a considerá-la boa ou muito boa.

Há ainda mais estudos que evidenciam os benefícios resultantes de projetos criados e executados em prol da mobilidade ativa, não só relacionados à economia, mas também para outros temas que são importantes na definição de políticas públicas. Um projeto desse tipo pode ser o elemento de transformação da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo. Mas deve ser um projeto sistêmico, executado em sua totalidade. Deve incluir obras de infraestrutura, campanhas de conscientização, educação para o trânsito nas escolas, campanhas de incentivo ao uso de transportes não motorizados, incluindo empregadores e empregados e principalmente, mudança em todo o sistema de transporte, desde integração com o transporte público até mudanças de sinalização. E ainda, deve contar com a participação de instituições públicas, privadas e a universidade.

O importante é que todos participem desse grande projeto e entendam o transporte como vetor do crescimento e desenvolvimento que traz grande contribuição para a qualidade de vida dos cidadãos.

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