A indiferença dos representantes do povo para com o próprio representado

Confira o artigo de opinião de Pedro Cruvinel

Postado em: 30-12-2021 às 09h42
Por: Redação
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Confira o artigo de opinião de Pedro Cruvinel | Foto: Redação

Em 1788 houve um dos invernos mais rigorosos na Europa, que afetou a colheita de trigo durante o verão, que, por sua vez, fez o preço do pão subir. Informada sobre o fato do povo não ter pão para comer, a Rainha Maria Antonieta teria então respondido: “Se não tem pão, que comam brioches”. Embora hoje já se saiba que ela jamais proferiu tais palavras, essa frase serviu para simbolizar como a Corte de Versailles era alheia a tudo que se passava na França pré-revolução. 

Em 2021 o mundo – e o Brasil em particular – ainda tenta se recuperar da crise gerada pela pandemia e da política do “fique em casa”, que provocou desemprego e inflação generalizada. Contudo, o Congresso Nacional achou prudente aprovar o Projeto de Lei Orçamentária para 2022 destinando R$ 4,9 bilhões ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha, nome pomposo da excrescência apelidada de “fundão”. Entretanto, a sanha dos congressistas era maior; inicialmente queriam R$ 5,7 bilhões, mas após o veto presidencial, seguida pela sua derrubada, aceitaram o desconto de R$ 800 milhões. Percebe-se que o Congresso Nacional é uma espécie de Versailles.

Contudo, não é o único caso de indiferença popular. Nas demais esferas há exemplos semelhantes, como a Câmara Municipal de Goiânia, que aprovou em sua Comissão Mista projeto para aumentar o número de vereadores, o que acarretará aumento de assessores, de verba indenizatória e de sabe-se lá mais o que. A sanha, da mesma forma, era maior; queriam ainda um aumento salarial, visto que, aparentemente, os atuais R$ 15,6 mil são insuficientes para sobreviveram de forma digna.

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Poucos meses depois da malfadada colheita, em 14 de julho de 1789, o povo insatisfeito tomou a Bastilha, iniciando o período revolucionário que mudou a história do mundo. Literalmente, cabeças rolaram. Inclusive a da Rainha Maria Antonieta que, após julgamento e condenação por traição, foi guilhotinada em 16 de outubro de 1793. A história deve servir como exemplo para o povo brasileiro. 2022 é ano eleitoral e está cada vez mais evidente que cabeças precisam rolar – desta vez não em sentido literal, por favor. A renovação do legislativo é o melhor recado que o povo pode passar aos deputados e senadores. A calmaria que precede a tempestade já dura muito, agora é preciso que o povo se rebele contra o distanciamento dos seus representantes.

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