Merenda escolar faz falta no período de férias de crianças carentes

Muitos alunos da rede municipal de ensino dependem completamente da refeição

Postado em: 27-07-2022 às 07h50
Por: Sabrina Vilela
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Muitos alunos da rede municipal de ensino dependem completamente da refeição | Foto: Pedro Pinheiro

O retorno das aulas nas redes municipais e estadual estão sendo aguardadas por alunos e famílias em situação de vulnerabilidade. Isso acontece porque essas crianças dependem da merenda escolar fornecida pelas instituições e, em casa e sem aulas, a alimentação é um desafio. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que Goiás é o quinto estado com mais crescimento de pessoas na linha de pobreza – no período de novembro de 2019 a janeiro de 2021. Segundo a FGV, a cada 100 goianos, 24 vivem com até R$450 mensais.

Rose Carioca, 56, é voluntária da Central Única das Favelas (Cufa) e moradora da comunidade Emanuelle, no Novo Mundo II. No local moram mais de 500 famílias que convivem com a dificuldade de se alimentar diariamente. Na ocupação moram 322 crianças, que antes comiam na escola e agora conseguem alimento somente na cozinha solitária da Carioca. “Por causa das férias escolares os pedidos de almoço dobraram. Fica complicado porque dependo de doações. Ou falta comida ou o gás”, relata a voluntária.

Carioca conta que se as escolas dessem auxílio pelo menos para as crianças, ficaria mais fácil lidar com a situação. Contudo, a comunidade se alimenta com pratos preparados pela Rose. Ela distribui além do almoço, leite e lanche pensado principalmente nas crianças. “Eu abri uma campanha no instagram essa semana para conseguir biscoitos a fim de complementar a alimentação do café da manhã e lanche das crianças, mas ainda não recebi nada”, expressa.

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Na última campanha realizada em suas redes sociais ela conseguiu a doação de vários achocolatados. Ela distribui em média 150 marmitas diariamente, bem completas, mas já chegou a entregar mais de 300. “Preciso de doações para conseguir manter a cozinha solidária”.

Ajuda

Para ajudar Rose Carioca a manter a cozinha comunitária e alimentar mais de 500 famílias da comunidade Emanuelle pode fazer doações de alimentos, roupas e dinheiro. As doações podem ser feitas pessoalmente ou fazer um pix de qualquer valor na chave telefone: 62 9 94473115.

Apelo

Dayana Gabriela Malaquias, 30, mora na comunidade com os seis filhos – com idades entre 7 meses a 13 anos – e o marido. Dayana conta que só consegue se alimentar bem com a família graças à Carioca. “A renda fixa que temos é o auxílio de R$400 que recebemos do governo, e de vez em quando meu marido consegue fazer alguns bicos”, explica.

O marido de Dayana conseguiu um emprego provisório como servente de pedreiro, mas só vai durar até acabar a obra – com duração de uns dois meses. Malaquias recebe também o valor de R$250 do benefício Mães de Goiás. As aulas de cinco dos seis filhos que ela tem vão começar na próxima segunda-feira e o sentimento é de alívio, visto que lá eles têm direito a duas refeições. “Esse mês foi bem apertado. Como eles estão em fase de crescimento comem muito, mas não tem a quantidade que eles precisam para dar”.

Os filhos de Dayana quando estão em casa não conseguem fazer todas as refeições. A comida que é difícil faltar é o almoço – fornecido pela cozinha solidária -, as outras como café da manhã, lanche e janta não é sempre que eles conseguem fazer. Ela também adquire doações de algumas pessoas cientes da situação vivenciada pela família.

Dayana, o marido e os filhos têm dificuldade de comprar comida, mas quando compra é apenas o básico e procura se desdobrar para que dure o mês inteiro. “Está tudo muito caro. Quando eu compro é só arroz, feijão, carne e verduras. Aí para durar eu faço ou a verdura ou a carne. Nunca os dois juntos”.

Lanche só durante as aulas

A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Goiânia para saber quais medidas são tomadas pensando nessas crianças. A assessoria da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) afirmou que nunca houve entrega de merendas durante o período de férias em instituições da rede. A pasta afirma ainda que a merenda fornecida é somente para o período de aula e que os recursos são destinados pelo Governo Federal e não pela Capital.

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