AIT: Saiba mais sobre o ataque que levou Renato Aragão ser internado às pressas

No caso do AIT, a partícula que obstrui a artéria se dissolve ou se desloca em um tempo muito curto

Postado em: 09-12-2022 às 10h20
Por: Rodrigo Melo
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No caso do AIT, a partícula que obstrui a artéria se dissolve ou se desloca em um tempo muito curto | Foto: Reprodução

Um acidente ou ataque isquêmico transitório (AIT), como o sofrido pelo comediante Renato Aragão na última quarta-feira (7), é como um acidente vascular cerebral (AVC) que se encerrou antes de causar danos permanentes às células do cérebro. Sua ocorrência deve servir de alerta de que o risco de um AVC pode ser iminente.

Presidente da Rede Brasil AVC e da Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization), a neurologista Sheila Cristina Ouriques Martins explica que o AIT é como um pré-AVC, porque indica que há um risco muito alto de acidente vascular cerebral em 48 ou 72 horas.

Após passar 48 horas internado, o próprio ator gravou um vídeo para assegurar a todos que está estável. Renato ainda não foi liberado do hospital.

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Sintomas

Assim como no AVC, no AIT, um coágulo ou placa de gordura chega aos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro e causa um entupimento, fazendo com que as células daquela região cerebral parem de trabalhar. O resultado são sintomas como paralisia de um lado do corpo, dificuldade de fala e de compreensão, tontura e até perda de visão, que pode acometer um ou ambos os olhos.

No caso do AIT, a partícula que obstrui a artéria se dissolve ou se desloca em um tempo muito curto, fazendo com que a situação de isquemia seja transitória e termine sem deixar sequelas. A neurologista alerta que o perigo é achar que não há com o que se preocupar com o fim dos sintomas.

“É como a angina, no caso do coração, em que o paciente tem uma dor no peito e melhora, mas aquilo é sinal de que o vaso está entupido ou semientupido e pode ocorrer um infarto. O AIT é a mesma coisa. É um alerta de que alguma coisa não está bem e também uma chance de fazer o tratamento rápido e não ter um AVC.”

Episódio rápido

A médica explica que o AIT pode ser um episódio realmente rápido, com duração de menos de um minuto, mas também pode demorar mais de uma hora. Os sintomas chegam e vão embora subitamente, mas o risco de algo mais grave permanece.

“É um sinal de alto risco, se não houver tratamento. E a chance maior de ter um AVC é nos primeiros três dias. Por isso, deve-se ir ao hospital no mesmo dia e ser atendido de urgência”, afirma a médica, que acrescenta que o paciente deve ser internado para passar por exames e iniciar o tratamento preventivo.

Oportunidade de tratamento

Pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino , o neurologista Gabriel de Freitas ressalta que a busca de atendimento médico deve ser tão urgente quanto no caso de suspeita de um AVC, porque o trabalho de investigação das causas do AIT deve começar o quanto antes, para prevenir o risco de uma isquemia mais grave.

Diante de um caso de AIT, os médicos buscam entender qual foi a causa do ataque isquêmico, identificando a fonte do coágulo ou da placa de gordura. Ao mesmo tempo, é iniciado o tratamento preventivo com medicações que afinam o sangue e reduzem o colesterol.

De acordo com o neurologista, o AIT é menos comum que o AVC, pois, muitas vezes, a pessoa que sofre o AVC não foi alertada por um episódio de AIT anterior. Quando isso ocorre, o médico destaca que o paciente está ganhando uma oportunidade de se proteger.

“Se durou dois minutos, ou se durou uma hora, a importância é a mesma: tem alguma coisa no organismo que precisa ser investigada e tratada o mais rápido possível. Mesmo que a pessoa tenha melhorado totalmente, tem que procurar um serviço hospitalar, porque o risco de ter um AVC nas próximas 48 horas é muito alto”, acrescenta Freitas.

A Rede Brasil AVC alerta 90% dos casos de AVC são evitáveis, mesmo que o envelhecimento e fatores genéticos possam aumentar os riscos. Questões de saúde como hipertensão, diabetes e depressão podem ser tratadas e reduzir as chances de sofrer uma isquemia. Parar de fumar, não abusar do álcool, praticar atividades físicas, reduzir o consumo de açúcar, sais e gorduras e controlar o excesso de peso corporal também estão entre as mudanças capazes de minimizar o risco de doenças cérebro-vasculares.

Tipos de AVC

Os episódios classificados como AVC podem ser divididos em dois tipos: o isquêmico, em que o entupimento da artéria faz faltar sangue em alguma parte do cérebro; e o hemorrágico, quando o vaso sanguíneo se rompe e o sangue é derramado sobre o tecido cerebral. O primeiro tipo é o mais comum, correspondendo a algo entre 80% e 85% dos casos.

A busca rápida de atendimento médico é essencial porque, a cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios, o que, ao longo de horas, pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória e prejuízo à fala.

A Rede Brasil AVC recomenda prestar atenção aos sinais mais comuns de que alguém pode estar sofrendo um AVC ou AIT: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar, tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. A dor de cabeça intensa é mais comum nos casos de AVC hemorrágico e rara em casos de AIT. (Com informações da Agência Brasil)

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