Alexandre Pires é investigado pela PF por garimpo ilegal em terras Yanomami

As acusações incluem lavagem de cassiterita e transações fraudulentas, desencadeando mandados de prisão, busca e apreensão, além do sequestro de mais de R$ 130 milhões em bens

Postado em: 04-12-2023 às 17h25
Por: Ana Beatriz Santiago
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Na manhã desta segunda-feira (4/12), a Polícia Federal deflagrou a Operação Disco de Ouro, visando desarticular um complexo esquema de financiamento e logística associado ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY). A ação, que ainda se encontra em curso, resultou no cumprimento de dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão em diversas localidades, incluindo Boa Vista (RR), Mucajaí (RR), São Paulo, Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG), e Itapema (SC).

O alvo principal da operação é o cantor Alexandre Pires, nascido em Uberlândia, e o empresário do ramo musical Matheus Possebon. Ambos são suspeitos de envolvimento em um esquema que teria movimentado cerca de R$ 250 milhões.

Segundo o inquérito policial, o foco do esquema era a “lavagem” de cassiterita retirada ilegalmente da Terra Yanomami. O minério, falsamente declarado como proveniente de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba (PA), era alegadamente transportado para Roraima para processamento. No entanto, as investigações revelaram que essa dinâmica existia apenas nos documentos, uma vez que o minério era extraído do próprio estado de Roraima.

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A Operação Disco de Ouro também identificou transações financeiras que permeavam toda a cadeia produtiva do esquema, incluindo a participação de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração, além de indivíduos atuando como “laranjas” para encobrir movimentações fraudulentas.

Matheus Possebon, apontado como um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes, e Alexandre Pires, que teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada, são figuras centrais nessa trama complexa que agora está sob escrutínio das autoridades.

Um dos endereços alvos da Polícia Federal foi um cruzeiro pertencente ao cantor Alexandre Pires, localizado em Santos. A Justiça determinou o sequestro de mais de R$ 130 milhões em bens dos suspeitos, indicando a gravidade das acusações e a amplitude das investigações em curso.

A Operação Disco de Ouro é um desdobramento de uma ação anterior da PF, iniciada em janeiro de 2022, que identificou 30 toneladas de cassiterita extraídas da TIY e depositadas na sede de uma empresa investigada, prestes a serem enviadas ao exterior.

A assessoria de imprensa do cantor Alexandre Pires ainda não se pronunciou sobre as acusações.

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