Cresce o número de casais que não querem ter filhos

Quase 20% dos casais não querem ter filhos. O indicador recuou 18,6%

Postado em: 28-02-2016 às 00h00
Por: Redação
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Quase 20% dos casais não querem ter filhos. O indicador recuou 18,6%

Casar e ter filhos, esse é o sonho de boa parte dos casais. Mas esta realidade mudou. A taxa de fecundidade continua em queda no Brasil.  O arranjo familiar formado por casal sem filho se tornou, nos últimos anos, o segundo em participação, chegando a 19,9% em 2014. Os números estão na Síntese de Indicadores Sociais 2015, divulgados em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dez anos, o indicador recuou 18,6%, chegando a 1,74 filho por mulher em 2014. Mas o que levou a essa decisão? 

O Professor e também Dr.  em Psicologia Clínica e Cultura, Altair Azeredo explica que a humanidade sempre buscou a felicidade. “Antigamente essa ideia de realização pessoal vinha da maternidade, tanto para o homem quanto para a mulher. Se uma mãe passasse dos 40 sem filho, o sonho se tornaria frustrado e isso acabava a sobrecarregando diante a cobrança machista da sociedade’’, completa. 

O especialista afirma que  as mudanças mais recentes ao modo de vida, os cônjugues deslocam o ideal de ter um filho para o sucesso profissional. O lazer também está entre as prioridades.

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A professora, Thami Moreira, 27, e o marido,  Renato Ferreira, 24, contam que vários são os motivos  que retardam a vontade da filiação. Odesigner Gráfico cita  a idade, pois se considera um novo para ter filhos. “Pais jovens não têm experiência para educar uma criança”, analisa.

Já para a Bancária, Ana Carolina Barbieri, 28, diz estar “velha’ para ter filhos. Casada com o servidor público, Denner Gomes, 28, há três sanos e cinco meses, ela explica que tem medo de ter problemas na gestação devido a idade que considera avançada.

MOTIVOS

O tempo também se torna um assunto importante na hora da decisão. Renato diz que passa muito tempo em seu trabalho. Tanto ele como a esposa, Thami não têm espaço na agenda para uma criança . “Não adianta ter filho e não ter tempo para ele”.

Denner e Ana Carolina comentam que o tempo é algo importante, e precisa ser dedicado aos filhos. Para o casal, um filho os limitaria de atividades, como viagens.  “Gostamos muito de viajar e existem tantos lugares que queremos conhecer e com uma criança não faríamos nem metade do que planejamos’’, afirma a bancaria. 

Finanças

Outro motivo gritante que cerca os casais é a parte financeira. Um cálculo feito no ano passado por um instituto especializado em finanças de São Paulo consta que para criar um filho até os 23 anos, uma família que ganha de R$ 1.500 a R$ 7 mil, gastará em torno de R$ 400 mil reais no período. O  contador, Rodrigo Ribeiro, 31, e sua esposa, a enfermeira, Mariana Elisa, 29, dizem que a realidade financeira deles é favorável para que tenham uma criança. “A realidade mostra que nosso filho estudaria em escola particular, já que o ensino público é pobre. Então, de entrada já teríamos a despesa escolar’’, completa Mariana. 

SEGURANÇA

‘’O mundo hoje não nos dá estrutura para termos um filho’’, desabafa Mariana Moreira. Ela afirma que por ser cristã, a educação recebida em casa é diferenta da encarada na sociedade. A enfermeira faz uma citação da escritora Ellen White, do livro, Fundamentos do lar Cristão: “Os pais são responsáveis pelos filhos colocados no mundo em todos os aspectos’’. A frase a faz pensar quando o assunto é gravidez.

Por fim, o professor, Altair Azeredo, continua resistente a paternidade. Um dos motivos que enumera é a relação amorosa. Para ele, os casamentos não estão mais duradouros e uma separação pode trazer problemas e traumas para a criança.  

Religião 

O pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Vinícius Armele, explica que a decisão por parte dos casais religiosos vem da preocupação de uma educação religiosa afrontada ao modelo de  atual de tempos proféticos. Ele aponta  também que a falta de tempo é um fator forte que influencia na escolha.

Já o padre Warlen Maxwel, explica que a procriação na doutrina da Igreja Católica é importante no matrimônio, porém, sem ela o casamento é inválido perante Deus. A decisão é interpretada como egoísta.

 

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