Com preços altos, dá para parcelar ovos em 6 vezes

Apesar disso, prática não é recomendada por especialistas, que defendem que se compre apenas o que couber no bolso

Postado em: 17-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Apesar disso, prática não é recomendada por especialistas, que defendem que se compre apenas o que couber no bolso

Thiago Burigato

O alto preço dos ovos de páscoa nos últimos anos tem levado os consumidores que, por um ou outro motivo, não podem deixar de comprar a iguaria a tomar medidas pouco ortodoxas para a aquisição desse tipo de produto. Nos mercados e lojas de departamento, o parcelamento dos ovos deixou de ser uma piada de rede social para se tornar uma realidade cada vez mais presente na vida dos consumidores. A compra pode ser dividida em até seis vezes.

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Algumas redes de supermercado fizeram questão de facilitar a divisão do pagamento de todos os produtos relacionados à época festiva, ainda que a prática não seja novidade. É o caso, por exemplo, da rRede Extra. “Pela atual situação do País, nesse ano resolvemos ampliar a quantidade de parcelas possíveis de três para seis”, diz a assessoria de imprensa da empresa. 

O cabeleireiro, Hiago Moreira Pereira, já aderiu à medida no ano passado. “Já estava muito caro e eu precisava comprar vários. Eram cinco, para sobrinhos e irmã”, relata.

Ele conta que, ao final, acabou comprando ovos médios, de tamanho entre 18 e 20 de uma marca popular. No total, gastou cerca de R$ 100, que foram parcelados em três vezes junto com outras compras. 

Nesse ano, Hiago já constatou que os ovos estão ainda mais caros que no ano passado, no entanto ainda está em dúvida se vai repetir o feito. “Penso a respeito ainda, mas tenho que comprá-los, pois as crianças esperam por isso o ano todo. Tenho que dar um jeitinho”, afirma.

A professora,  Idoni Gonçalves está no mesmo dilema. Ela já chegou a gastar quase R$ 500– devidamente parcelado – para comprar ovos de chocolate para os filhos e as crianças da igreja que freqüentava. Agora, com os filhos maiores, está analisando as possibilidades. “Se o mercado me oferecer uma vantagem maior por levar à vista, pago na hora”, garante.

Não recomendável

Mesmo com as facilidades, especialistas não recomendam o parcelamento. O professor do departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Paulo Borges Campos esclarece que não há um motivo específico para o alto preço do chocolate. “Não são apenas os ovos que tiveram aumento. O comportamento dos preços no Brasil reflete os custos de produção”, afirma. “As matérias-primas ficaram mais caras e os preços são repassados ao consumidor.”

Com isso, o especialista sugere comedimento. “A primeira coisa que tem que se entender é que há um momento de retração orçamentária. Então, a recomendação é pesquisar os preços e comprar somente aquilo que se adeque ao bolso”, destaca.

Parcelamento é algo impensável para o professor. “É uma coisa desnecessária. Se fosse parcelar um bem durável, vá lá, mas fazer isso com um alimento já elaborado e pagar juros, é algo muito estranho”, opina. “Esse é o tipo de produto que você tem que pagar de acordo com o seu orçamento.”

A presidente da associação das Donas de Casa de Goiás, Keitty de Abreu Valadares, concorda. Para ela, o mais recomendado é comprar aqueles ovos com os valores mais acessíveis.

“Se você dá uma caixa de bombom ou uma barra de chocolate para as crianças na Páscoa, elas não entendem, elas preferem o ovo. O ideal é economizar ou fazer em casa mesmo”, pondera.

Ela ressalta que o parcelamento está longe de ser uma opção viável. “Como donas de casa, nós não recomendamos. Com a inflação alta como está, não sabemos o que vai acontecer no dia seguinte.”

A presidente também dá uma dica para quem quiser tentar algo diferente. “As pessoas podem também comprar ovos artesanais e fazer uma decoração bonita. O preço fica menor e todo mundo pode participar”, afirma. “A criança não quer caixa de bombom, que está o ano inteiro no mercado, então,  tem que dar um jeitinho.”

 

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