Suspeito em assassinato de Deise Faria é solto

Família se revolta ao saber de liberação. Cláudio aguardará julgamento em liberdade provisória

Postado em: 18-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Família se revolta ao saber de liberação. Cláudio aguardará julgamento em liberdade provisória

Jéssica Torres

Cláudio Leite, suspeito de ocultação de cadáver da auxiliar de enfermagem, Deise Faria,  foi liberado ontem da prisão, por decisão do juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia. O principal argumento da defesa do suspeito é que o crime tem pena que varia de um a três anos de detenção, o que não justificaria a manutenção da prisão temporária.

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“Antônio era o principal suspeito, sendo indiciado a homicídio. Já o caso de Cláudio era diferente, como crime dele é menor, entendi que poderia aguardar em liberdade provisória”, justifica o magistrado. Segundo a petição formulada pela defesa do ex-policial militar e líder do Instituto Céu do Patriarca e da Matriarca, da doutrina Santo Daime- preso desde 26 de janeiro, ele não oferece riscos à sociedade e nem prejudicará a instrução criminal.

O delegado Thiago Damasceno, responsável pelo caso, conta que o inquérito já foi fechado. “Há não ser que surjam novas evidencias, a polícia considera concluído”, explica. Apenas alguns laudos faltam ser inseridos no processo. De acordo com o delegado, Cláudio tentou, de várias formas, impedir que a polícia chegasse ao corpo da vítima, inclusive tentou fazer com que as testemunhas alinhassem os depoimentos.

Enquanto isso, Apoena Faria de Sousa, filha da vítima só quer encontrar o corpo da mãe. “Eu espero que os integrantes da seita que participaram naquele dia revelem onde ela está”, declara. “É perturbador”, completa. “Quanto à prisão do Cláudio, é revoltante. Ele é co-autor de um crime e mesmo assim a lei permite que ele não revele onde está o corpo e fica em liberdade. Que lei é essa?”, indaga.

Apuração

Apoena se preocupa por se tornar mais difícil encontrar o corpo de Deise. Isso porque, acreditava que o engenheiro agrônomo Antônio David dos Santos Filho, 40, seria a pessoa com maior chance de revelar a verdade. Porém, no dia 9 de março, o suspeito de matar Deise foi espancado até a morte. A perícia criminal indicou que pelo menos dez detentos participaram das agressões do engenheiro agrônomo.

A Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap), confirmou que ainda segue aberta a sindicância interna para averiguar o caso e não há previsão de término. 

Na investigação será apurado também a denúncia de que o preso teria direito a cela especial por ser portador de diploma de nível superior.

O Hoje tentou contato com a defesa de Antônio David, mas não foi localizada até o fechamento da matéria. Em depoimento à polícia, logo após ser preso, o agrônomo negou envolvimento com o desaparecimento de Deise e contradisse o depoimento de Cláudio.

A investigação apontou que o grupo que estava na chácara, no dia 11 de julho do ano passado, com Deise, ingeriu o chá na manhã de sábado e repetiu a dose à noite. Como a bebida era muito concentrada, Deise acabou ficando “transtornada”. Então, Cláudio pediu que Antônio a levasse para casa. O agrônomo manobrou o carro e apanhou Deise a poucos metros do portão, já fora da chácara. O veículo supostamente conduzido por Antônio foi visto em um posto de gasolina na madrugada. Roupas de Deise foram plantadas por Antônio em uma fazenda vizinha à chácara onde o grupo estava. 

Um dos elementos “fundamentais” para o esclarecimento dos fatos foi uma gravação feita pela família de Deise durante buscas realizadas em conjunto com Antônio. Ao confrontar as versões do depoimento e da gravação, a polícia desvendou várias incógnitas. 

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