Cidadãos reagem contra bandidos durante assaltos

Especialista diz que vítimas têm dificuldades de acreditar na segurança pública

Postado em: 19-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Especialista diz que vítimas têm dificuldades de acreditar na segurança pública

Karla Araujo

A morte de um assaltante pelas mãos de um adolescente que acabara de ser roubado, no Jardim Clarisse, no fim da tarde de quinta-feira (17), traz a tona mais uma vez a discussão sobre sensação de insegurança e impunidade. Em depoimento na Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios, o rapaz de 15 anos informou à adjunta Ana Cláudia Rodrigues que golpeou o homem no pescoço com um canivete– que era do assaltante- após entrarem em luta corporal pelos objetos roubados. 

“Depois de receber o golpe, o homem deixou os objetos caírem e saiu do ônibus correndo. Ele morreu a cerca de 200 metros de distância”, conta a delegada. Ana Cláudia explica que, de acordo com a perícia e o depoimento de duas testemunhas, após o ocorrido, o adolescente seguiu dentro do ônibus do Eixo Anhanguera e pediu ao motorista para ficar em uma barreira da polícia e ali se apresentou. 

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Ele foi conduzido à DIH e depois pôde ir para casa com os responsáveis. Segundo a delegada, até o momento, a investigação aponta que o jovem agiu em legítima defesa. Em nota, a Metrobus lamentou o ocorrido dentro do ônibus que levava os passageiros ao Terminal em Trindade e ressaltou que medidas com relação à segurança vem sendo adotadas desde novembro de 2015.

Análise

Para o presidente da Comissão de Segurança Pública e Política Criminal da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), Edemundo Dias, a sociedade busca o juízo no lugar da Justiça porque não sente que suas expectativas atendidas. “O Estado existe para dirigir os conflitos sociais. Quando a população começa a abrir mão desse pacto social é porque não acredita mais na capacidade do poder público”, lamenta o advogado. 

Na avaliação do presidente, o governo deu importantes passos nas últimas semanas, mas ainda há muito a ser feito. A OAB-GO vai entregar um documento ao governo na próxima semana com recomendações em relação à segurança pública. Dias adiantou à reportagem que na lista estão propostas de mudança na legislação e aumento do efetivo de policiais. 

 Atrás das grades para evitar assaltos e garantir vendas

Diante da insegurança, o comerciante Manuel Rocha de Sousa Santos, 58, ainda não vendeu o mercado localizado na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia, porque não encontrou comprador. Ele foi assaltado 20 vezes em 21 anos no comércio. Em um assalto há 13 anos, ele levou um tiro na perna. “O prejuízo financeiro é grande, mas a dor constante que sinto na minha perna é uma perda imensurável”, lamenta Manuel. 

A esposa dele, Maria Borba, 56, conta que estava com o marido no comércio no momento do assalto. “Um dos homens começou a bater no Manuel. Meu esposo segurou o assaltante para que ele parasse, o comparsa pensou que ele estava reagindo e atirou na perna dele”, conta Maria. 

De acordo com Manuel, no início sempre prestava queixa, mas depois deixou de fazê-lo. “Já sei como vai ser. O delegado vai falar que está difícil porque a polícia prende e a Justiça solta”, diz o comerciante. Segundo ele, sempre que ocorria um assalto, a polícia demorava cerca de 40 minutos para chegar. Depois do episódio em que Manuel levou um tiro, o casal providenciou grades que cercam o mercado e o portão eletrônico só abre para conhecidos. Mesmo assim, outros assaltos já aconteceram, o último foi há oito meses.

  

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