Goiás sai à caça de alunos fora da escola

Poder público realizará ações para trazer de volta alunos que abandonaram a escola. Secretaria afirma que sobram vagas no interior de Goiás

Postado em: 29-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Poder público realizará ações para trazer de volta alunos que abandonaram a escola. Secretaria afirma que sobram vagas no interior de Goiás

RHUDY CRYSTHIAN

As matrículas escolares diminuíram em todas as etapas de ensino, crianças e jovens de 4 a 17 anos de idade. Os números refletem a queda da população, em geral, que tem reduzido entre os habitantes dessa faixa etária. Os dados do Censo Escolar de 2015 mostram que são 3 milhões de crianças e jovens nessa faixa etária fora das salas de aula, e que, por lei, deverão ser incluídos até este ano, quando termina o prazo previsto para que todas estejam matriculadas.

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Os dados do Censo não informam números regionais por Estado, mas segundo a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte em Goiás (Seduce) essa realidade não reflete o cenário local. De acordo com o superintendente executivo da pasta, Marcos das Neves, não há déficit de vagas nas escolas públicas goianas. E ele ainda acrescenta que o Estado tem potencial de criar outras 200 mil novas vagas se forem necessárias. 

O censo foi divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e mostra que a idade mais crítica é de crianças de 4 anos. A pré-escola teve uma redução de 1% de matrículas em relação a 2014, passando de 4,96 milhões para 4,92 milhões, aproximadamente. Foi a primeira queda desde 2011. Já no ensino médio os dados mostram que os números vêm caindo desde 2010, com pico de queda entre 2014 e 2015, de 2,7%. O número de estudantes passou de 8,3 milhões para 8,1 milhões. 

Sem vagas

A estudante do segundo ano do Ensino Médio, Sheyla Sousa,18,  está até hoje sem conseguir uma vaga na escola. Ela fez cinco tentativas de se matricular, mas ainda não encontrou nenhuma escola disponível em Aparecida de Goiânia, na região da Vila Brasília. A peregrinação da jovem começou ainda na ocasião das ocupações das escolas no início do ano. Mas a estudante ainda tentou em escolas que não estavam ocupadas e a resposta era sempre a mesma: não há vagas.

Sheyla conta que tem outros amigos na mesma situação e que a alternativa será tentar novamente a procura por vagas no meio do ano letivo e arriscar recuperar o conteúdo sozinha e com estudos paralelos, para não perder o ano. “Mesmo que eu não consiga alcançar a turma é melhor que perder totalmente o ano”, desabafa.

O superintendente da Seduce explica que o que pode haver é um movimento de migração em algumas regiões fortes geradoras de emprego que atraem pessoas que necessitam matricular seus filhos em escolas tanto do ensino fundamental quanto no médio. Ele afirma ainda que em 2010 começou um discreto movimento de redução da procura por vagas nas escolas goianas devido à queda dos índices de natalidade que causaram uma diminuição nas famílias. 

Matrículas

Outro possível motivo apontado pelo especialista é a crise econômica que fez com que jovens e adolescentes abandonassem os estudos para trabalhar. O que derrubou a procura por vagas. Mas a estudante Sheyla garante que não se encaixa em nenhuma dessas alternativas.  

Marcos afirma que em 2014 foram matriculados na rede pública goiana mais de 554 mil alunos. Número semelhante no ano seguinte, com um leve aumento neste ano, 555 mil. “E temos potencial para criar ainda mais vagas, basta ter a demanda. Sobram vagas no interior, por exemplo”, garante o superintendente.

O Ministério da Educação anunciou que pretende ir em busca de jovens de 15 a 17 anos de idade que abandonaram os estudos. A busca ativa será iniciada em abril e contará com mobilização interministerial. A intenção é resgatar 1,6 milhão de alunos que deixaram de frequentar a escola durante o andamento do ano letivo. A educação até os 17 anos é obrigatória no Brasil de acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE).  

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