Muito além da portaria e do personal em prédios

Condomínios apostam em serviços e vendas de produtos para ‘facilitar’ a vida dos moradores

Postado em: 04-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Condomínios apostam em serviços e vendas de produtos para ‘facilitar’ a vida dos moradores

RHUDY CRYSTHIAN

A correria do dia a dia somada à falta de tempo para conciliar a vida profissional com a doméstica, aliada à complexidade do trânsito, faz com que pessoas optem cada dia mais por serviços em casa. Para atender a esse perfil de consumidor- que não faz parte de um grupo específico e engloba desde casais com ou sem filhos, solteiros até pessoas de terceira idade- existe no mercado um novo estilo de serviços e atendimento que ficam a uma chamada do interfone.

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A predisposição do mercado imobiliário pelo lançamento de condomínios motivou o surgimento dessa uma nova tendência de atendimentos em domicílio. A estudante Priscila Lopes viu nessa possibilidade a maneira de garantir uma fonte de renda já que não conseguia se inserir no mercado de trabalho. Ela se mudou recentemente para um condomínio de prédios na região Sudoeste de Goiânia e trabalha com serviços de estética como depilação, unha entre outros. “Estava muito difícil encontrar emprego, e como já trabalhava com isso na minha antiga moradia resolvi reativar os atendimentos”, compara.

Basta o vizinho interfonar e lá está ela com sua maleta de trabalho pronta para faturar mais um cliente. Como é recém-moradora do condomínio, Priscila ainda está montando sua cartela de clientes, ela calcula que consegue tirar em torno de R$ 150 por semana com os atendimentos, mas a expectativa é de dobrar esse faturamento semanal nos próximos dias. A estudante mora com o filho de um ano e o marido que trabalha como auxiliar de engenharia e garante que o complemento na renda ajuda a segurar as despesas da família. 

A comerciante Maria Abadia Araújo Pimentel foi mais longe e montou um pequeno peg e pag no condomínio onde mora em Aparecida de Goiânia. “Faltou um ingrediente do jantar é só descer o elevador”, brinca. Ela aluga uma sala por R$ 400 e vende de tudo que um grande supermercado oferece como produtos de higiene e limpeza, balas e guloseimas e até alimentos prontos.

Ela é a alegria das donas de casa desprevenidas no condomínio de 176 residências que quando falta algum item da faxina ou do almoço de domingo tem a opção de fazer a compra sem sair de casa. Sem querer entrar em detalhes de faturamento, ela brinca que ‘poderia ser melhor’. “Se um terço do condomínio fosse cliente fixo daria um ótimo rendimento”, calcula. Ela abre o mercadinho de segunda à sábado até às 19h.

Maria trabalhava com comércio de roupas de porta em porta, mas levava prejuízo. “O fiado agora é mais raro, mais ainda tem para quem é de confiança”, conta. 

É necessário respeitar o regimento do condomínio 

Em Goiânia é fácil encontrar outros serviços em condomínios como lavagem de roupas, cuidadores de cachorros, massagem relaxante entre outros. Alguns serviços no sistema pay per use para os condôminos ou ainda pessoas independentes que estão de olho no mercado e na possibilidade de alcançar uma melhora na renda. Além desses, o condomínio pode oferecer manutenção e limpeza do imóvel, pequenos reparos e muito mais para facilitar a vida dos moradores, mas há regras.

Para o administrador de condomínios na Capital, Gustavo Alvarenga, a possibilidade de ter serviços no condomínio é bastante cômoda para o morador, mas requer alguns cuidados como ser aprovado em assembleias e constar no regimento interno do condomínio. “O valor do aluguel do ponto ou de um espaço deve ser revertido para o saldo da taxa de condomínio dos moradores”, explica o síndico.

Há dez anos trabalhando em condomínios, a cozinheira Ana Maria Martins montou o ‘Crepes da Tia Aninha’. Atende seis condomínios de Goiânia, cada dia serve uma média de 20 refeições o que, em dias de movimento bom, pode gerar um faturamento de R$ 300 por dia trabalhado. Ela reclama do alto custo das matérias primas para a produção dos alimentos, mas garante que é uma renda que dá para segurar as despesas da família.

Ela mora com o esposo que inclusive é seu parceiro na comercialização dos alimentos e paga um ajudante para servir a clientela. “Sempre trabalhei com vendas, mas quando percebi essa oportunidade de trabalhar em condomínios não pensei duas vezes”, garante. O filho do casal começou a trabalhar recentemente, antes, a renda bruta da família era toda do salário do marido como auxiliar de laboratório de ótica e dos crepes comercializados pelo casal nos prédios da Capital. 

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