Pesquisa muda fama de vilã da lobeira

Planta nativa do Cerrado é alternativa para a produção de etanol

Postado em: 12-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Planta nativa do Cerrado é alternativa para a produção de etanol

Deivid Souza

A lobeira, uma planta natural do Cerrado, que é considera praga por produtores, tem propriedades que possibilitam a produção de etanol. A descoberta aconteceu por meio de pesquisas do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás, iniciadas em 2010.

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Culturalmente, a lobeira sempre foi utilizada para fazer chás e xaropes caseiros para o tratamento de asma e resfriado, mas os estudos que estão em andamento podem mudar o rumo da história da planta negligenciada por ser um problema na visão dos produtores rurais.

O fruto da lobeira, que costuma pesar entre 400 g e 900 g, é rico em amido, geralmente na proporção de 50% do peso. O amido é uma fonte importante de produção de etanol. “O amido depois de devidamente tratado, pode ser convertido em etanol. O etanol brasileiro é de cana-de-açúcar, o etanol dos Estados Unidos é de plantas de conversão de amido de milho. Então, no caso, nós temos na lobeira um potencial para a produção de etanol igual ao que seria obtido do milho”, explicou a professora do ICB, Kátia Fernandes.

Como a cana-de-açúcar produz combustível e alimento (açúcar), ela compete com a produção de alimentos no solo, diferentemente da lobeira. A planta floresce quando completa dois anos de idade e frutifica o ano todo. Ela pode alcançar até 5 metros de altura. As raízes profundas fazem com que ela sobreviva à seca e às queimadas, rotineiras no Cerrado, o que faz com que suas características possibilitem economia no cultivo. “A lobeira é uma planta natural do Cerrado. Ela não demanda correção de solo, ela não precisa de fertilizante, ela não precisa de defensivos agrícolas”, completa Fernandes.

Medicamento

Um polissacarídeo encontrado, normalmente, no bagaço de maçã e de laranja, a pectina também aparece em grande quantidade na lobeira. A pectina é um açúcar utilizado na produção de geleias e doces. Outra aplicação da substância é a formulação de medicamentos, que está sendo verificada na Faculdade de Farmácia pelo professor Ricardo Marreto. Os testes têm demonstrado, que quando um paciente ingere um comprimido com a pectina, a substância dá aderência e aumenta o tempo de ação do medicamento.

Outro teste com o extrato da polpa da lobeira em ratos diabéticos identificou que o composto possui ação anti-inflamatória. O nome da lobeira está relacionado ao lobo-guará, espécie que se alimenta do fruto.

 

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