A volta da marmita no trabalho alivia o bolso

Crise econômica faz famílias ajustarem o orçamento, Levar comida para o trabalho é uma das mudanças

Postado em: 15-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Crise econômica faz famílias ajustarem o orçamento, Levar comida para o trabalho é uma das mudanças

RHUDY CRYSTHIAN

O arrocho financeiro tem causado mudanças de hábitos econômicos para as famílias poderem enquadrar suas rendas à nova realidade do orçamento. O medo do desemprego e a perda do poder de compra fazem as pessoas pensarem duas vezes antes de gastar, até com itens de primeira necessidade como comida. Diante disso, 85,9% dos brasileiros se viram obrigados a ajustar o orçamento doméstico para se defender dos efeitos da crise, em virtude do agravamento da situação econômica do país.

Pesquisa revela que, em tempos de crise, muitos trabalhadores têm trocado os restaurantes pela marmita. De acordo com um levantamento do Instituto Data Popular, o número de pessoas que deixou de comer em restaurantes e passou a levar a marmita aumento 26% no último ano. Os dados foram coletados sem todas as capitais, inclusive Goiânia, divulgada essa semana.

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É o caso do técnico administrativo, Rafael Rodrigues, 26 anos. Ele mora com a irmã em Goiânia e garante que prepara todas as noites os alimentos que irá consumir no dia seguinte. A medida faz Rafael economizar uma média de 40% de todo o orçamento que iria gastar com alimentação no mês. O dinheiro que sobra ele investe nas despesas com um curso técnico de aviação que está fazendo. Rafael se mudou para Goiânia em 2009 e desde 2013 prefere preparar seus alimentos. “Faço sempre o básico, mas acaba que fica mais saboroso, além de saudável” completa. 

O economista e professor do Instituto de Pós Graduação e Graduação (Ipog), Otávio Ulisses de Araújo Santanna, explica que a inflação e os juros elevados pioram a situação financeira das famílias. O rearranjo é importante para fazer o orçamento atender às necessidades do indivíduo. 

Mas, um fator que deve ser levado em consideração é a região onde a pessoa trabalha. “Em um lugar onde o quilo do alimento é muito caro é uma economia que faz diferença”, comenta. 

A realidade geográfica do local onde a pessoa trabalha foi um dos principais motivos que levaram a publicitária, Gisele Maria da Silva, levar marmita para o emprego. “Trabalhava em uma região nobre, comer fora me custou R$ 350, muito caro para o meu bolso”, diz. Ela mora em Anápolis e trabalhou na Goiânia. Gisele ficou três anos levando sua própria comida para escapar dos preços altos, que eram de R$ 200/mês. 

 ‘Novo consumidor’ quer mais uma renda

O rearranjo das finanças que o brasileiro tem posto em prática tem como objetivo tanto o corte de despesas, como também o aumento de sua fonte de renda. Segundo o levantamento do SPC, 41,7% dos entrevistados que estão empregados admitiram estar aptos a fazer ‘bicos’ ou trabalhos extras para complementar o salário. 

O especialista em avaliação econômica, Otávio Ulisses de Araújo Santanna comenta que a medida é uma ótima oportunidade para equilibrar as contas. A diversificação da renda é válida, mas deve ser buscada logo cedo, antes de deixar a crise bater à porta. 

Para Otávio, essa é uma realidade que reflete o cenário atual da crise. Ele destaca ainda que o trabalhador deve encarar o aumento e diversificação da renda como uma forma de investimento na estabilidade financeira da família. “Um sacrifício necessário”. 

O percentual de pessoas dispostas a diversificar a renda é mais expressivo entre os jovens de 18 a 34 anos (49,5%) e membros das classes C, D e E (47,0%). Dentre os entrevistados que não estão trabalhando, o percentual de quem admite ter começado a fazer bicos para sobreviver em meio à crise é ainda maior e chega a 55,0% da amostra.

  

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