Hemofilia ainda não tem cura, mas tem tratamento

Doença comum entre os homens, ela gera sangramentos internos e externos

Postado em: 17-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Doença comum entre os homens, ela gera sangramentos internos e externos

Elder Dorneles

Hoje no Hemocentro de Goiás (Hemogo) acontece o evento “Não Deixe a Vida Sangrar”, em alusão ao Dia Mundial da Hemofilia. O Ministério da Saúde informou que no País, 12 mil pessoas são coagulopatias (distúrbios da coagulação sanguínea) sendo 400 no Estado.

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A Coordenadora do departamento de assistência multidisciplinar do Hemogo, Emanuelle de Queiroz Monteiro, 36, explica que a hemofilia além de ser hereditária, é mais comum no sexo masculino. “É uma coagulopatia que gera sangramentos. São freqüentes no sistema osteomioarticular e não tem cura”, explica.  

Suas características são sangramento dentro do espaço articular (hermatroses) e acúmulo de sangue em um órgão ou tecido (hematoma). Gera dor, inchaço e perda do movimento do membro lesionado. 

Um terço dos casos ocorre por mutação genética e dois terços por transmissão sucessiva. Existem dois tipos, A e B. Os casos A representam 80% das situações e ocorre devido à deficiência de fator VIII. Já o caso B é devido à falta do elemento IX. Apesar de não ser contagiosa, ela divide-se em três fazes, leve, moderada ou grave. 

Emanuelle conta que alguns pacientes precisam ser submetidos a cirurgias ortopédicas, que inclui a colocação de prótese, em razão dos graves danos nas articulações. O medicamento que é injetado direto na artéria é indispensável para a qualidade de vida do portador. Está disponível no hemocentro e é distribuído gratuitamente. 

Prevenção 

O cantor e compositor, Evanildo Batista Gomes, 37, não se lembra quando soube que era portador de hemofilia. Recorda-se somente as orientações da mãe. “Ela pedia para eu não jogar bola e tomar cuidado para não me machucar, pois eu poderia sangrar muito,” diz. 

Já adulto, o cantor manteve cuidado com tudo que fazia. Hoje com o tratamento de profilaxia (medida de preservação da saúde)  fica mais tranquilo. “Consegui entrar no programa de Profilaxia que melhorou e mudou toda a minha vida. Há dois anos eu não sei o que é sangrar”, relata. 

Evanildo menciona que há alguns anos, sofreu preconceito de um colega de trabalho. O companheiro de serviço havia comentado com outra pessoa que ele não faria sucesso por dois motivos, ser negro e hemofílico. No momento, o cantor ficou triste, porém, não se afetou, aliás, a ofensa o motivou mais ainda. 

O artista plástico, Antônio Pereira Custódio, 43, contraiu hemofilia de forma hereditária. Aos 12 anos, foi jogar bola, caiu e se machucou. A recuperação foi demorada e o ferimento sangrava muito em relação à pequena proporção. Estranhando a situação, sua mãe o levou para o médico que deu o diagnóstico da doença. “Como eu era criança, não me assustei muito, continuei minha vida até hoje, sem me privar de nada, tenho consciência da minha situação, isso me faz ter cuidado”, conta 

O artista plástico relata que com o problema teve contusões nas articulações. Para amenizar, Custódio trata-se por profilaxia. A dica que dá é  evitar cortes, escoriações ou algo do tipo. 

Profilaxia 

Para minimizar os sintomas, o hemofílico conta com um tratamento por profilaxia (medida de preservação da saúde), que é prescrito somente pelo médico hematologista.  Os enfermos realizam o procedimento de uma a três vezes por semana, garantindo ao mesmo uma vida normal, podendo viajar, praticar esportes entre outras atividades. 

No Hemogo, o paciente é acompanhado por profissionais especializados no atendimento. Equipe composta por médicos, dentista, assistente social, fisioterapeutas, psicólogas, enfermeiras e farmacêuticas. “Sempre que apresentar qualquer sinal que indique sangramento, o hemofílico deve ir ao hemocentro e passar por consulta médica,” atenta a coordenadora. 

Ela também diz que se o paciente realizar um procedimento delicado, sendo uma extração de dente, o mesmo deve comunicar o hematologista para que os procedimentos sejam feitos de forma correta durante todo atendimento.  

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