Comerciantes do Mercado contratam seguranças

Guarda Civil Metropolitana afirma que o local é atribuição da Polícia Militar, que diz o contrário

Postado em: 21-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Guarda Civil Metropolitana afirma que o local é atribuição da Polícia Militar, que diz o contrário

Karla Araujo

A“Não é mercado aberto, é mercado abandonado”, diz a comerciante Flávia (nome fictício) sobre a atual situação do comércio localizado ao longo da Avenida Paranaíba, Centro de Goiânia. “Não tem segurança, limpeza ou fiscalização. Ninguém do poder público vem aqui ver como estamos”, reclama Flávia, que trabalha como comerciante há mais de 20 anos. A feirante faz parte do grupo que foi transferido da Avenida Goiás para o local há exatos 13 anos.

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No aniversário do Mercado Aberto de Goiânia, comemorado hoje, o presente é pago pelos próprios comerciantes que decidiram custear por seguranças particulares diante da omissão do poder público. “É muito difícil ver um assalto. Quase não acontece, porque os próprios feirantes se protegem, mas têm muitos usuários de drogas e eles assustam os clientes”, diz outra permissionária que tem oito anos de casa. 

Os seguranças particulares estão no local há três semanas. De acordo com o chefe do grupo, Leandro da Silva, seis circulam pelas bancas ao longo do Mercado Aberto. Leandro explica que trabalhava com o mesmo serviço na Feira Hippie e os comerciantes de lá comentaram com ele sobre a necessidade de segurança na Avenida Paranaíba. “Falamos com cada dono de banca e a maioria concordou em contratar o serviço. É claro que não tem como agradar todo mundo”, afirma. 

Os comerciantes que têm apenas uma banca pagam R$ 7,50 pelo serviço por semana. O valor aumenta de acordo com a quantidade de bancas. Aqueles que possuem duas delas pagam R$ 10; quem tem três ou mais paga R$ 18. “Eles não são obrigados a pagar. Alguns não concordam e não contribuem, mas como a maioria está gostando do serviço, nós estamos aqui”, explica Leandro. Ele garante que todos os seguranças que atuam no local possuem curso de vigilante, licença da Polícia Federal para atuar na profissão e não trabalham armados.

Violência

Edivaldo de Souza Menezes, 69, trabalha no local há 13 anos, também era comerciante no canteiro central da Avenida Goiás e foi transferido para o Mercado Aberto. Ele é um dos líderes dos trabalhadores locais. “Acredito que a polícia e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) fazem o que podem. Se eu disser que nunca vejo viaturas deles, estou mentindo. Mas diante da violência que existe hoje, tudo o que fazemos é pouco”, afirma Edivaldo.

Para o comerciante José Adilson, 48, a segurança no local melhorou bastante desde que os seguranças particulares começaram a atuar. “Tinha muita gente usando droga. Era para a Guarda fazer esse trabalho, mas eles preferem ficar fazendo o trabalho da Polícia Militar”, alfineta. Segundo José, a volta de um posto da GCM que existia no Mercado é uma das reivindicações dos comerciantes.  

Responsabilidade

O subcomandante da GCM, Vladimir Passos, afirma que a saída dos guardas do local foi solicitada pelos próprios feirantes em 2005, pois desejavam usar o espaço para outras atividades. “Diante do pedido e da situação em que particulares são responsáveis do espaço, percebemos que a segurança não competia mais à GCM”, diz Passos. Segundo ele, viaturas trafegam pelo local em rotina, mas não existe a possibilidade de deixar apenas uma para fazer a segurança apenas no local. Ainda de acordo com o subcomandante, a responsabilidade pelo o serviço agora é da Polícia Militar. Já a PM diz o contrário: prédio municipal é obrigação da GCM.

 

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