Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Criança também sofre de pressão alta

De acordo com especialistas, se não diagnosticadas e tratadas desde cedo, as crianças podem sofrer complicações na fase adulta

Postado em: 26-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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De acordo com especialistas, se não diagnosticadas e tratadas desde cedo, as crianças podem sofrer complicações na fase adulta

De acordo com o levantamento mais recen­te do Ministério da Saúde, 24,8% dos brasileiros têm pressão alta. O índice é um pouco mais baixo em Goiânia, alcançando 24% da população. Estes dados consideram apenas aqueles acima dos 18 anos, mas especialistas indicam que esta doença não é exclusiva de adultos, e que vem afetando cada vez mais as crianças e  adolescentes. Se não diagnosticadas e tratadas desde cedo, elas podem ter complicações quan­do chegarem na fase adulta.

A  dra. Natasha Slhessarenko, pediatra que integra o corpo clínico do laboratório Atalaia, explica que a hipertensão arterial acontece quan­do os níveis da pressão estão acima de valores de referência. “Apesar de não haver consenso, o valor normal da pressão arterial no adulto é considerado até 130×85 mmHg. No caso das crianças, não existe um número único e absoluto, e sim valores tabelados que levam em consideração a idade, o gênero e a altura dos pequenos. Além disso, para medir a pressão de uma criança, é necessário o uso de aparelhos com manguitos de tamanhos adequados para cada idade”, comenta.

De acordo com a pediatra, nas crianças e adolescentes a hipertensão arterial é, na maior parte das vezes, dita secundária, ou seja, existe alguma doença de base que é responsável pelo aumento da pressão. “Algumas doenças renais, próprias da criança, podem elevar os níveis da pressão a valores muito elevados, necessitando, por vezes, internação e uso de medicação. Nes­te caso, resolvendo a doença de base, a hipertensão costuma desaparecer. Outras vezes in­fecções urinárias não tratadas ou mal tratadas durante a infância podem levar à hipertensão arterial no futuro”, explica a médica.

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Fatores de risco

Para a especialista, está claro que o excesso de peso também está associado a aumentos dos níveis da pressão sanguínea. “Sem sombra de dúvidas a obesidade é um grande fator de risco para pressão alta em crianças e adolescentes. Crianças que sofreram desnutrição intrauterina, as ditas pequenas para a idade gestacional, também devem ser acompanhadas desde cedo. Crianças e adolescentes negros e aqueles com  história familiar de hipertensão também têm maior predisposição”, lista a médica.

Dietas com sobrecarga proteica ao longo do primeiro ano de vida pelo uso de leite de vaca é outra causa de desenvolvimento de hipertensão arterial e obesidade em anos subsequentes. “As mães devem amamentar com leite materno, exclusivamente, até o sexto mês. Após esse período indico a introdução de alimentos complementares e manutenção do leite da mãe. Dessa forma o bebê tem menor chance de desenvolver doenças crônicas como a hipertensão”, sugere a pediatra.

Não há exames laboratoriais para este diagnóstico. Entretanto, como a maior parte dos casos de hipertensão arterial em crianças e adolescentes são secundárias, alguns exa­mes são importantes para a avaliação da causa da elevação da pressão. “Os exames a serem solicitados dependem das manifestações clínicas. Mas o exame simples de urina, alguns exames de sangue, como a dosagem da ureia e da creatinina, por exemplo, costumam passar informações bem importantes sobre a função renal que pode levar à hipertensão”, indica a pediatra.

Para evitar maiores complicações na vida adulta, dra. Natasha Slhessarenko indica que a pressão arterial seja aferida nas visitas periódicas ao pediatra e que a mãe fique atenta aos fatores de risco. “Somente a manutenção dos níveis permanentemente altos em múltiplas medições, caracteriza a hipertensão arterial. Por isso, a pressão da criança deve ser aferida em todas as consultas ao pediatra”, diz. 

Além disso Slhessarenko considera que “a criança deve apenas ter hábitos de vida saudáveis e de acordo com a idade dela. Ou seja, ela deve realizar atividades físicas regulares e ter bons hábitos alimentares, mas deve ter também uma rotina com momentos de lazer, descanso e atividades lúdicas e divertidas”, conclui.

 

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