Varejo espera queda para o Dia das Mães

Segunda melhor data para o comércio não traz boas expectativas para o setor que prevê uma queda nas vendas e baixa nas contratações. Nem shoppings escapam

Postado em: 03-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Segunda melhor data para o comércio não traz boas expectativas para o setor que prevê uma queda nas vendas e baixa nas contratações. Nem shoppings escapam

Rhudy Crysthian

A menos de uma semana do segundo domingo de maio, data em que se comemora o Dia das Mães, varejo lança promoções, sorteios e muita propaganda para atrair um público arredio e com medo de colocar a mão no bolso. Crise, retração na oferta de crédito, desemprego e inflação são alguns dos motivos que levaram a projeções negativas do volume de comercialização para a data. Setores da economia esperam uma queda de 4,5% nas vendas para esse ano no País. Em Goiás, a expectativa do tombo é de 2%, ante 8% do ano passado. 

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Como as vendas ainda não engrenaram nas lojas de rua e shoppings de Goiânia, uma rápida circulada por esses locais revela o ‘paradão’, que o varejo se vê em uma luta contra o relógio para ‘laçar’ um ou outro consumidor mais animado em dar aquele presente especial para a mãe. Pesquisas mostram que, além da queda nas vendas, 54,4% dos lojistas acreditam em desempenho inferior ao alcançado em 2015. 

O otimismo, característica nata dos vendedores, se contrapõem à dura realidade da crise econômica. O funcionário de uma loja de enxovais de Goiânia, Marcelo Coelho Noleto, acredita em um incremento de 10% no movimento para esse ano. Mas ele afirma que o aumento pode ser impulsionado pelo frio e não pela data. “Ano passado contratamos dois colaboradores para uma das nossas lojas. Esse ano não contratamos ninguém”, lamenta. Meio desanimado o vendedor comenta que a semana começou fraca, mas espera melhora até sexta-feira. 

A administradora de uma loja de roupas e acessórios femininos no Setor Marista, Maria Fernanda Gonçalves, também botou o pé no freio nas contratações de trabalhadores. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que a contratação para a data caiu 5,6% em relação a 2015. 

Ontem, a auxiliar administrativa Ana Paula Gomes já procurava um presente para a mãe, apesar de confidenciar que o mimo já havia sido escolhido pela matriarca da família. “Ela quer uma bíblia de estudos no valor de R$ 100”, diz. Ano passado a mãe da Ana ganhou um celular no valor de R$ 500. A auxiliar comenta que a crise ajudou a colaborar pela escolha de um presente mais em conta, mas garante que a ‘maezona’ merece qualquer esforço para deixá-la feliz e satisfeita, mesmo que isso significasse um endividamento maior. 

O que não é o indicado pelo Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec-GO). “Se possível, o ideal mesmo é comprar à vista. Isto porque, com a atual situação da economia brasileira, nosso futuro financeiro é muito incerto”, ressalta o presidente do Instituto, Wilson César Rascovit.

Na casa da relações-públicas, Luisa Antunes, nem vai ter presente esse ano. Ela se esquiva de culpar a crise e alega que na família eles não têm a tradição de trocar presentes em datas comemorativas. No ano passado o presente da mamãe foi de R$ 100. Mesmo valor do ticket médio que o brasileiro pretende gastar esse ano com o presente para a data. 

Shoppins estão preocupados 

O setor de shopping é tradicionalmente conhecido por superestimar as expectativas de comercialização e maquiar os números. O presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio), José Evaristo dos Santos, afirma que as lojas de shoppings vão sentir menos os efeitos da baixa movimentação, mas não descartou que o setor também passa por dificuldades. 

Para aquecer a data, shoppings intensificam ações e promoções. O setor espera uma cifra otimista de 15% a mais no volume de vendas em comparação com o ano anterior. Já Evaristo espera um discreto aumento desse segmento. A estimativa é de que as vendas melhorem na última hora, depois de os clientes receberem o salário. Nos shoppings o setor tratou de reforçar as ações de marketing. “Mas ainda não tivemos movimento motivado pelo Dia das Mães. Ninguém entrou na loja para comprar presentes para a data”, comenta um vendedor de calçados de um shopping da capital.

Mas promoções para a data não vão faltar. O Flamboyant Shopping Center irá sortear um carro de luxo. Já o Goiânia Shopping traz para seus clientes a campanha Mães Fashion. Os convites para as atrações podem ser trocados a partir de R$ 700 em compras. O Passeio das Águas Shopping terá durante a semana ação que resgata momentos registrados em fotos e guardados em álbuns de família. Já o Araguaia Shopping, além de sortear 13 conjuntos de jóias e oferecerá cursos de maquiagem gratuitos para as mamães.

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