Donos de bar contam as histórias de sucesso

Vida noturna goiana movimentada sustenta cadeia de bares e restaurantes na Capital. Crescimento esbarra na falta de segurança e criminalidade

Postado em: 09-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Vida noturna goiana movimentada sustenta cadeia de bares e restaurantes na Capital. Crescimento esbarra na falta de segurança e criminalidade

RHUDY CRYSTHIAN

Com uma receita de criatividade e uma boa dose de empreendedorismo o setor de bares e restaurantes em Goiânia tenta driblar o cenário econômico atual para escapar quase ileso da crise. Quase, porque no ano passado o setor amargou uma queda de 8% no crescimento. Um dos reflexos dessa baixa na movimentação foi a debandada que os bares mais famosos registraram fugindo de setores tradicionalmente noturnos como o setor Marista, por exemplo, para regiões com aluguel mais em conta.

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Segundo a Associação de Bares e Restaurantes de Goiás (Abrasel), a movimentação nos bares esse ano já registrou queda de 20 a 30%. O gasto médio por estabelecimento também retraiu, nesses mesmos patamares. “Mas mesmo assim, ainda é um setor bom de investir”, garante o presidente da entidade, Fernando de Oliveira. Independente de crise ou não Goiânia é conhecida nacionalmente com a capital do boteco. Quem nunca ouviu a batida frase ‘praia de goiano é no bar’? 

Com bom humor e muito jogo de cintura, empresários tiveram que sair da zona de conforto para conseguirem se manter no mercado. Ora em paz com a economia ora em crise, setor ainda é um grande gerador de renda e emprego. Fernando explica que a grande maioria dos empresários que resolvem se arriscar nesse segmento é composta por pessoas que já viviam de renda da alimentação fora de casa. 

É o caso da microempresária, Fátima Silva Santos, ou Fatinha. Ao lado do marido, o ex-jogador de futebol goiano Adeilton da Silva (Dedé), eles tocam o churrasquinho que leva o nome do ex-boleiro que teve que abandonar os campos de futebol depois de uma lesão no joelho.

Dedé investiu na abertura do churrasquinho há quase 30 anos, após deixar a antiga profissão. Por ter tido também experiência em bar, escolheu o segmento para abrir o próprio negócio. Hoje, afastado se recuperando de problemas de saúde, Dedé deixa a direção do bar nas mãos da Fatinha que emprega seis pessoas. Ela conta que tudo começou depois que o marido se machucou e recebeu a oferta de um amigo de produzir espetinhos no bar de um conhecido, logo o negócio cresceu e o casal comprou o bar do colega. 

Mas nem tudo são flores na vida de quem toca um estabelecimento noturno. Fatinha reclama que encontrar mão de obra disposta a trabalhar na noite é muito dispendioso. “Nem todo mundo está disposto a servir mesas à noite. Sem falar na falta de segurança que tem se tornado um causador da fuga da clientela”, garante.

Retrô 

As parceiras Karina e Dani protagonizam outra receita que somaram à criatividade das duas e uma boa dose de ousadia e criaram um bar com uma proposta digna de espaços europeus. No Antigo Armazém, o nome do bar foi seguido à risca e toda a decoração é retrô mesmo. Voltado para um público mais balzaquiano o estabelecimento exala aconchego e musicalidade onde até os pratos e petiscos do cardápio imprimem a paixão das duas pela música popular brasileira.

As empresárias estão curtindo o momento de bonança e não planejam em curto prazo uma expansão no local. Com 150 metros quadrados o bar/antiquário/casa musical atende 280 pessoas por noite em dias convencionais. “Criamos um local único onde o cliente se identifica e consegue ter uma experiência gastronômica inesquecível”, conta Karina Viola, uma das sócias. 

De uma portinha a próxima franquia goiana 

Uma portinha com seis mesas vendia um refrigerante em lata por noite. Foi assim por um ano e meio desde 2008. Em 2010 o negócio começou a ganhar força e triplicou de tamanho, faturamento e atendimento. Já em 2013 a P di Pizza alçou voou de vez e montou um centro de distribuição da matéria prima semi-acabada para as três lojas do grupo.

Hoje, uma das lojas da empresa está no endereço mais charmoso e cobiçado dos empresários da noite em Goiânia, a Ricardo Paranhos. A unidade veio para ser a referência da empresa que se prepara agora, com toda a papelada adiantada, para se tornar a próxima franquia goiana. “Essa unidade veio com um conceito novo, em um espaço diferenciado dividindo território com a Cerveja Colombina, também goiana, e a sorveteria Don Gelato”, afirma o gerente da unidade da P de Pizza da Ricardo Paranhos, Higor Ribeiro.

Gerando cerca de 40 empregos diretos a ideia de expansão da empresa é ser transformada em uma marca nacional que busca agora alcançar franqueados. O setor de franquias cresceu 10% no ano passado e começa 2016 com uma perspectiva positiva. Apesar do desafiador cenário econômico brasileiro.

Com a vantagem de oferecer ao empreendedor o suporte necessário para o funcionamento do negócio outras marcas goianas trilharam esse mesmo caminho para conseguirem lançar seus nomes no mercado de franquias e disputar uma luz ao sol entre as empresas mais sólidas em atração de investidores no País.

Mas o especialista em franchising, Eduardo Pereira, explica que  quem deseja se aventurar nesse setor deve levar em consideração a realidade econômica e optar por alternativas mais baratas para minimizar os riscos. 

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