Falta em reparos ajudou na queda de helicóptero

Acidente ocorrido em maio de 2012 matou oito pessoas. Delegados fariam reconstituição de chacina em Doverlândia

Postado em: 10-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Acidente ocorrido em maio de 2012 matou oito pessoas. Delegados fariam reconstituição de chacina em Doverlândia

Deivid Souza

Vários fatores são apontados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) como “contribuintes” para a queda do helicóptero AW119MKII da Polícia Civil (PC), ocorrida em maio de 2012, na zona rural de Piranhas a 310 quilômetros (km) de Goiânia, na Região Sudoeste do Estado, matando oito pessoas. Um dos motivos da queda foi a falha do motor, mas a investigação não conseguiu levantar o que teria provocado a pane, embora enumere vários aspectos que tenham contribuído para a tragédia. O helicóptero viajava com cinco delegados, dois pilotos e o suspeito de uma chacina para fazerem a reconstituição do assassinato de sete pessoas em uma fazenda que fica a 45 km do município de Doverlândia, vizinho a Piranhas.

Entre os ocupantes do helicóptero estavam os delegados Bruno Rosa Carneiro, Jorge Moreira da Silva, Antônio Gonçalves Pereira dos Santos, Vinícius Batista da Silva, os peritos criminais Marcel de Paula Oliveira e Fabiano de Paula Silva, o piloto Osvalmir Carrasco Melati Júnior e o assassino confesso da chacina, Aparecido de Souza Alves, 22.

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O laudo do Cenipa aponta que o motor da aeronave “estava inoperante devido a um apagamento em voo” no momento da colisão com o solo. Ficou constatado também que havia 102 quilos de combustível no momento do acidente. A apuração do Cenipa afirma que não foi possível determinar se houve falha na bomba de combustível, ou outros componentes do grupo motopropulsor- conjunto de peças do motor e periféricos- devido aos danos sofridos por estes na colisão com o solo.

O relatório esclarece que os pilotos estavam com a documentação em dia, mas os técnicos apontam que a aeronave ultrapassou, em 10h40 de voo, o limite estabelecido no programa de manutenção do fabricante. O documento também cita que a organização do trabalho poderia sinalizar algum tipo de risco à operação da aeronave e levanta a hipótese de que o tempo de respostas dos pilotos não tenha sido adequado para evitar a queda excessiva das rotações do rotor principal, logo após a falha do motor. Após o motor falhar, uma das pás quebrou.

Manobra

O professor e advogado especialista em direito aeronáutico, Georges Ferreira, afirma que os pilotos são treinados para agir em situações que o motor falha. Segundo ele, os profissionais recebem orientação para identificar um local de pouso, “de certa forma” reduzir a velocidade e a altitude da aeronave para tentar um pouso de emergência, embora reconheça que essa “não é uma manobra fácil”. “A aeronave estava voando dentro de um limite operacional, e assim nós não podemos jogar a culpa nas contas do piloto”, ressalva.

Ferreira acompanhou o caso e conta que os técnicos criticaram a forma de armazenamento do combustível em tonéis de 200 litros. De acordo com ele, os mesmos chegaram a levantar a hipótese de entupimento da alimentação de combustível do motor, mas ressaltaram que após a queda isso “não seja possível verificar”, ressalta.

O inquérito da Polícia Civil (PC) que apura as circunstâncias da queda está com a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic). O jornal O HOJE ligou para a delegada que está com o caso, Mayana Rezende, mas não conseguiu contato. 

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