Linha Goiânia-Inhumas: passageiros da agonia

Atrasos, ônibus “velhos” são rotina nas viagens. Há atrasos e risco: passageiros são transportados em pé

Postado em: 14-05-2016 às 06h30
Por: Sheyla Sousa
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Atrasos, ônibus “velhos” são rotina nas viagens. Há atrasos e risco: passageiros são transportados em pé

Deivid Souza e Jessica Chiareli

Os usuários do transporte intermunicipal entre Goiânia e Inhumas convivem com vários problemas no serviço. A reportagem do O HOJE acompanhou o trajeto de 48,3 km e constatou que os veículos chegam “encharcados” ao ponto de ônibus às 6 horas da manhã, horário do primeiro coletivo sentido à Capital. Além das queixas quanto ao estado de conservação, atrasos e dificuldades para comprar bilhetes ou abastecerem os cartões, os passageiros são transportados em pé. A passagem custa R$6,50.

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O transporte intermunicipal de passageiros em pé já teve um episódio trágico em Goiás. Em julho do ano passado, um ônibus da linha entre Anápolis e Goiânia se envolveu em uma colisão nas proximidades do Jardim Guanabara, na Capital, e 28 pessoas ficaram feridas, praticamente metade delas precisou de encaminhamento para hospitais. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o problema foi resolvido após uma fiscalização rigorosa.

O pintor, Divino Roberto dos Santos, 59, conta que há 26 anos utiliza o serviço de transporte de Inhumas para Goiânia e sempre enfrentou os mesmos problemas. “Para ter ideia, peguei um ônibus essa semana que chegou molhado, jogaram água dentro, não teve como sentar. Estão velhos, batem em tudo, atrasam demais, e esses dias mesmo o motorista estava falando que o ônibus não tinha freio. Não dá a mínima segurança para o usuário”, reclama.

A reportagem flagrou vários passageiros sendo transportados em pé, e entre os sentados o problema era a falta do uso do cinto de segurança. Os passageiros contam que a idade dos veículos piorou depois do acidente na linha de Anápolis. Eles suspeitam que a empresa de transportes transferiu os veículos mais velhos para Inhumas. “Não cumprem horário, são ônibus velhos e muita gente em pé. No primeiro horário das 6 horas, o ‘trem tava’ feio essa semana, ônibus velhos, batendo. Ficamos com medo ao ver tudo batendo e são ônibus muito cheios”, desabafa o vendedor Paulo Rogério da Silva, 47.

Resposta

A empresa responsável pelo serviço, a Araguarina, se pronunciou por meio de uma nota explicativa em que afirmou estar comprometida em servir bem os clientes e usuários, e se defendeu informando que os ônibus são do ano 2008 e estão “dentro das normas indicadas pelo sistema gestor”. Sobre os atrasos, a empresa respondeu que procura manter a regularidade dos horários, mas que esses podem sofrer atrasos em decorrência das condições de tráfego das vias e ainda encaminhou uma planilha com os horários que têm cumprir. No entanto, não se manifestou sobre o transporte de passageiros em pé.

O gerente de transporte da Agência Goiana de Regulação (AGR) adiantou ao O HOJE que na próxima semana dará início a uma operação para checar o funcionamento do serviço na linha. Quanto aos passageiros que são transportados em pé, esclareceu que esta não é uma questão AGR. “Não é uma questão de transporte, e sim de trânsito, e cabe à Polícia Rodoviária Estadual  e Polícia Rodoviária Federal, no caso das BR’s a fiscalização da capacidade de transporte de passageiros nos veículos”, acrescentou. A agência fiscaliza 400 linhas com um efetivo de 30 fiscais. 

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