Homens também podem desenvolver câncer de mama

O câncer de mama masculino é mais comum em homens mais velhos, embora pode ocorrer em qualquer idade

Postado em: 15-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O câncer de mama masculino é mais comum em homens mais velhos, embora pode ocorrer em qualquer idade

RHUDY CRYSTHIAN

Enquanto estudos, estimativas e pesquisas sobre o câncer de mama em mulheres avançam, entre o público masculino o tema ainda é pouco discutido. Homens também podem desenvolver a doença, mas em casos muito raros. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), para esse ano são esperados mais de 57 mil novos casos de câncer de mama, enquanto o número para ano passado era de 52 mil. O Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas promoveu nos últimos dias o maior evento de pesquisa científica do Brasil sobre a temática para discutir avanços em pesquisas que tratam do tema. 

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O câncer de mama masculino é mais comum em homens mais velhos, embora pode ocorrer em qualquer idade. Os homens diagnosticados com câncer de mama na fase inicial têm uma boa chance de cura, porém, como muitos não vão ao médico regularmente, os sinais ou sintomas, tais como um nódulo de mama, nem sempre não identificados a tempo. Por esta razão, muitos tipos de câncer de mama no sexo masculino são diagnosticados quando a doença já está mais avançada.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia– Regional Goiás, Antônio Eduardo Rezende de Carvalho, existe um homem com esse tipo de câncer para cada 100 mulheres com a doença. O câncer de mama em homens é mais frequente em pacientes com idades entre os 50 e 60 anos, assim como em homens que tenham casos de câncer de mama na família. “Os sintomas e o tratamento são semelhantes ao câncer de mama nas mulheres e há maiores chances de cura, quando é descoberto precocemente”, explica o médico.

Antônio comenta que muitos casos de câncer de mama masculino são diagnosticados em estágio avançado, fase em que a cura pode ser mais difícil de alcançar, por isso é importante fazer o autoexame de mama, assim como as mulheres já fazem. Em caso de suspeita é realizado um exame físico completo, uma avaliação cuidadosa da região da mama e axilas para detectar possíveis sinais de câncer de mama ou outros problemas de saúde. Se os sinais apresentados sugerirem que o paciente possa ter câncer de mama, serão solicitados exames de imagem, de laboratório e biópsias, assim como nas mulheres.

O médico explica que estudos mostraram que estilo de vida e hábitos alteram o risco de câncer de mama. Para o profissional, um dos principais problemas para o diagnóstico precoce da doença é o fator cultural e o preconceito. “A cultura machista do homem que o leva a creditar que ‘comigo não acontece’ ainda é o principal entrave para um diagnóstico antecipado”, lamenta.

O lavrador aposentado, Cristiano de Freitas, 66 anos, (nome fictício) nem imaginava que esse tipo de doença poderia ser diagnosticada em homens. Há três anos na fazenda em Jaraguá, região Central de Goiás, ele se machucou na mama esquerda e a partir daí começou a observar alterações no tecido como vazamento de um líquido e sangramento posterior.  Depois de várias idas ao médico ele conseguiu uma consulta com um especialista em Anápolis que constatou a alteração e após uma biopsia foi necessário a retirada total da mama (mastectomia). Com dois filhos e esposa, a família ficou bastante preocupada com a novidade, mas depois de quimioterapia e radioterapia os médicos que trataram o paciente o consideram curado. Apesar de a doença ter grandes chances de ser passada de pai para filho, o filho mais jovem, de 32 anos, afirma que não está preocupado com essa possibilidade.  

 Tratamento é semelhante ao da mulher

Os principais tipos de tratamento para o câncer de mama em homens são a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e a terapia alvo. A mastologista, Ana Carla Costa explica que as formas de tratamento do câncer de mama entre os dois gêneros são basicamente o mesmo.

O tratamento pode ser local ou sistêmico. Na terapia local o tumor é tratado sem afetar o resto do corpo, como a cirurgia e a radioterapia. Na terapia sistêmica são utilizados medicações que podem ser administradas, por via oral ou via venosa na corrente sanguínea. 

O tratamento adjuvante consiste em administrar quimioterapia, hormonioterapia ou radioterapia, após a cirurgia, para destruir as células cancerígenas remanescentes. No tratamento neoadjuvante, a quimioterapia é que antecede uma cirurgia. Muitas vezes, os tumores estão alojados no local primário, porém são grandes ou invadem estruturas vizinhas e dificultam a cirurgia.  

Foto: reprodução

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