Parque Cascavel, um golpe imobiliário que ainda atrai

Às margens de um dos cartões postais da cidade, apartamentos se desvalorizam. Local virou um brejo

Postado em: 19-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Às margens de um dos cartões postais da cidade, apartamentos se desvalorizam. Local virou um brejo

RHUDY CRYSTHIAN

Apartamentos de dois ou três quartos com suítes, vista para um parque, área de lazer completa e vias de rápido acesso. Poderia ser perfeitamente o anúncio de qualquer imóvel bem localizado na Capital, mas quando se trata das torres erguidas às margens do Parque Cascavel, região Sudoeste de Goiânia, o anúncio pode ser interpretado como golpe ou mentiroso. Isso porque nada do que foi prometido em 2008 perdurou. 

Uma parceria firmada entre a prefeitura de Goiânia e algumas construtoras oferecia como medida de compensação ambiental uma área de quase 400 mil m2 (uma com 191 mil metros e outra com 170 mil metros) cortados ao meio pela Avenida Independência. O anúncio atraiu compradores com a promessa de um imóvel à beira de um pequeno lago que seria, e foi, construído no local. Mas o sonho virou pesadelo. O lago assoreou, motivo de muita reclamação dos moradores. 

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O corretor de imóveis, Bruno de Faria Baquião, mora de frente do parque. Ele comprou um imóvel de três quartos em 2014 por R$ 315 mil, atraído pela comodidade de viver de frente a um parque. Hoje, acredita que não consegue vender o imóvel nem pelo mesmo valor. A chuva vem traz lama e terra que assoreia o lago que não tem mais nem um palmo de profundidade. 

Quando se mudou Bruno conta que o local já apresentava indícios do problema, mas tinha esperança de que seria resolvido. “Já não acredito mais que terá uma solução definitiva. Quem sabe esse ano, por ser um período eleitoral, alguém possa tomar providencia”, espera. 

Na Região Macambira/Anicuns, o parque está em uma área que abriga uma das nascentes mais importantes para os mananciais da cidade: a nascente do Córrego Cascavel. O problema é que com as construções das primeiras torres a nascente secou. No ano passado, a prefeitura anunciou medidas para reverter o problema, mas até hoje continua sem solução. 

O termo previa investimento de cerca de R$ 3,8 milhões em obras de estruturação para resolver a degradação do parque. A parceria visava solucionar definitivamente os problemas. O investimento total seria de R$ 6,5 milhões nas obras. Seria, porque a realidade no local ainda é de abandono, degradação e deteriorização.

Segurança

O vigilante Filesmar Alves atravessa o Parque Cascavel duas vezes por dia. Ele conta que trabalha a noite em um prédio das redondezas e além do abandono, o local é uma escuridão total à noite. “Dá dó ver um lugar tão bonito abandonado”, lamenta. Filesmar não acredita que a prefeitura concluiu os trabalhos de recuperação do local no ano passado. “Foram quatro meses com as máquinas dentro do lago tirando lama, mas não surtiu efeito algum”. 

Outra moradora, Jussara Borges, comenta que depois que foi assaltada, no início da noite, teve que mudar o costume de fazer caminhadas noturnas e passou a fazer os exercícios físicos durante o dia. “A gente compra um imóvel perto de algum parque para poder usar a comodidade do local e não para ter medo”, lamenta. Ela conta que os bandidos levaram o celular e um relógio de pulso.  

Solução definitiva para o lago só em outubro 

A reestruturação do Parque Cascavel será uma ação conjunta da administração municipal por meio da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), empresas e entidades do segmento imobiliário. O início da nova tentativa de recuperar o parque será em junho. A previsão de término é de 180 dias, ou seja, só em outubro.

De acordo com o diretor de Áreas Verdes e Unidades de Preservação e Conservação Ambiental da Amma, Wilmar Pires da Silva, dessa vez serão realizadas duas obras adicionais, uma espécie de dissipadores de velocidade das quedas d’água que canalizam o fluxo das galerias até o lago, o que não foi feito nas obras do ano passado. Essa fase será executada pela Seinfra. 

Já a Amma fica com a responsabilidade de cuidar do desassoreamento do lago e de toda a revitalização do parque como iluminação, arborização, conservação dos bancos e mobiliários. “Dessa forma pretendemos resolver definitivamente o problema do Parque Cascavel”, garantiu Wilmar. 

Sem detalhar valores dos investimentos que serão gastos esse ano com mais essa reconstrução, o especialista comenta que será um trabalho com várias frentes, mas que os recursos já estão sendo levantados. 

 

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