Animais peçonhentos mataram cinco apenas este ano em Goiás

Acidentes do tipo é a segunda maior causa de internação no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), atrás apenas de internações por HIV

Postado em: 05-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Acidentes do tipo é a segunda maior causa de internação no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), atrás apenas de internações por HIV

Karla Araujo

Neste ano, cinco pessoas já morreram após acidentes com animais peçonhentos em Goiás. Em todo o ano passado foram sete mortes. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno e possuem aparato em seu corpo para injetar a substância na presa, como serpentes, escorpiões e aranhas. 

Os casos envolvendo animais peçonhentos é a segunda maior causa de internação no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Goiânia, fica atrás apenas de internações por HIV. O infectologista do HDT, Raimundo Nonato, afirma que os casos mais comuns que chegam à unidade são acidentes com serpentes. Eventualmente, aparecem também casos envolvendo abelhas, formigas e largatas.

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O médico orienta que, em caso de acidente, a vítima lave a região da picada com água e sabão e procure imediatamente acompanhamento médico em qualquer posto de saúde. “Se o caso for grave, o paciente será encaminhado a um hospital especializado”, explica o médico.

O caminhoneiro Pedro Monteiro Gouveia está internado no HDT há 15 dias. Ele foi picado por uma cobra jararaca no início do mês. O veneno rapidamente espalhou-se pelo corpo dele e fez com que seus rins parassem de funcionar. “Fui acampar com minha família e alguns amigos em um lugar que sempre vamos. Estava andando quando senti alguma coisa agarrando meu tornozelo”, conta Pedro.

Tratamento

De acordo com Pedro, o animal tinha cerca de meio metro de cumprimento. Quando voltou ao acampamento, o caminhoneiro levou ainda duas horas para ir para casa. Ele mora no município de Querência, no Estado do Mato Grosso, e acampava em uma fazenda do município. “Passei na farmácia e comprei um remédio, pois a dor estava muito forte. Em casa, a perna continuou doendo muito”, lembra Pedro, que foi encaminhado ao hospital da cidade em seguida. Como na unidade não havia soro para combater o veneno da cobra, Pedro foi levado para outro hospital no município de Água Boa, localizado a 250 km de Querência.

Cinco dias depois, o rim de Pedro parou e, por isso, ele foi transferido para o HDT. No hospital, ele fez hemodiálise e o órgão já voltou a funcionar. A esposa de Pedro, Rita Catarina de Quadros, 37, diz que ficou assustada com a situação, mas afirma que o ocorrido não impedirá que a família continue divertindo-se em acampamentos.

 Goiânia registra 343 atendimentos

Apenas neste ano, 343 pessoas já foram atendidas em unidades de Saúde municipais de Goiânia após sofrerem algum dando físico causado por animais sinantrópicos, aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, mesmo contra a vontade dele, como roedores, morcegos, pombos e macacos. Os animais domésticos não fazem parte deste grupo. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Em 2014, os atendimentos por lesão de animal sinantrópicos somaram mais de mil. No ano passado, o número caiu para 767.   “No atendimento, notamos que as pessoas estão tomando mais cuidado em relação ao ambiente em que elas vivem”, explica o gerente da Divisão de Controle de Animais Sinantrópicos da SMS, Wellington Tristão.

Favorecimento

O gerente explica que estes animais proliferam-se no meio do homem porque o ambiente lhes atrai. A principal causa é a existência de baratas em determinado local, que é o principal alimento de lacraias e escorpiões, por exemplo. “Ambientes sujos, com restos de alimentos principalmente, são propícios para o surgimento destes animais”, explica Tristão.

De acordo com dados da SMS, o acidente mais comum é com abelhas, neste ano já aconteceram 190. Em seguida, vem a picada de escorpiões, que gerou 56 atendimentos até maio deste ano. Tristão explica que o acidente com abelha é recorrente por causa da fumaça presente nas cidades, que deixa esses animais estressados. (Karla Araujo)

  

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