Casa de barro e ecológica

Construtores investem em moradias sustentáveis para difundir conceitos de educação ambiental

Postado em: 05-06-2016 às 21h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Casa de barro e ecológica
Construtores investem em moradias sustentáveis para difundir conceitos de educação ambiental

RHUDY CRYSTHIAN

Com o objetivo de mostrar que é possível construir e finalizar uma obra residencial de maneira sustentável e barata pessoas apostam em um novo estilo de construção em Goiânia, as casas ‘joão de barro’. A proposta de moradia sócio ambiental nasceu da idéia de trabalhar a conscientização ambiental da sociedade. 

O nome do projeto faz alusão à ave que constrói suas moradias com barro e pedaços de gravetos. Um dos idealizadores do projeto, o engenheiro ambiental e sanitarista pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Dayan de Loyola Ramos Garcia, explica que o modelo sustentável feito de barro e pneus permite desenvolver de maneira mais criativa o espaço.

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O local começou a ser construído há um ano e meio e já está na segunda fase, um novo cômodo em anexo com dormitório. A primeira etapa, que já está finalizada é o esqueleto do imóvel com sala, cozinha e mezanino. A terceira e última etapa será o cultivo de plantas e parte externa do imóvel. Dayan pretende morar no local que deve ficar totalmente finalizado nos próximos meses. 

Ele explica que até a finalização do projeto deve gastar em torno de R$ 17 mil, em torno de 70% a menos que uma obra convencional. “Com essa casa eu quero mostrar para a sociedade que é possível construir de maneira sustentável e barata. Quero aplicar aqui um espaço inovador de oportunidade, promovendo atividades de conhecimento com a sociedade”.

No projeto tudo é sinônimo de conforto e sustentabilidade. A começar pela temperatura que no interior da casa será mais fresco nos dias de calor intenso e à noite mais sensível devido à inércia térmica garantida pelo adobe. “Com o adobe feito de terra molhada em sacos brancos e o teto verde, desenvolvido com pequenas plantas em pneus e grama na lona impermeável, nós conseguimos um clima mais agradável”. 

Além disso, o projeto também terá um teto mais baixo, de telhas recicláveis feitas de caixas laminadas, como as embalagens de leite longa vida. O teto ainda prevê um vão com vidros que poderão ser abertos para que o ar circule no ambiente, proporcionando mais conforto térmico. A casa que fica no Residencial Petrópolis, na Capital. 

Outras casas

Outras moradias nesse mesmo estilo já tomam forma na região Metropolitana. O músico e proprietário de um estúdio em Senador Canedo, Rogério Pafa está há três anos construindo uma moradia nesse estilo. No setor Shamgrilá outro projeto está em andamento há dois anos.

 Obra sustentável chama atenção de visitantes

A obra completa precisa de carregamentos de barro e pneus, mas a matéria prima pode variar de acordo com a disponibilidade de materiais. As paredes são feitas de fileiras alternadas de sacos cheios de terra molhada e de entulhos, combinação que compacta, cria aderência e resistência. O alicerce é feito de pneus cheios de entulhos e, a cada dois metros há vergalhões de aço para dar sustentação. Essa ordem permite criar esforços iguais na base da casa.

O reboco compreende três camadas: a primeira é feita de terra, esterco de gado e palha de bambu. Depois de tudo molhado e misturado, é passado nas paredes. Um reboco mais fino, feito de terra, esterco de gado e grude de mandioca dá mais firmeza e protege das chuvas. Por último a pintura é produzida com a mistura de terra e grude. Quando este seca, vira uma espécie de plástico e impermeabiliza a parede e evita infiltrações.

A “fossa bananeira” que recebe apenas efluentes negros, ou seja, vindos do vaso sanitário, também é sustentável. É construída de várias camadas de entulhos, areia, brita, pneus e biofilme que permite as bactérias ficarem impregnadas apenas no local e ainda gerarem nutrientes e alimentar os pés de bananeira que ficam na parte superior e externa da fossa. O projeto prevê ainda horta, banheiro seco, fonte de água própria, filtro biocético.

  

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