Crise hídrica pode se repetir este ano no Estado

Empresas de saneamento em Goiás adotam medidas para evitar que problemas aconteçam, mas usuários temem viver novo drama

Postado em: 13-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Empresas de saneamento em Goiás adotam medidas para evitar que problemas aconteçam, mas usuários temem viver novo drama

Rhudy Crysthian 

AO término do período chuvoso, as consecutivas baixas da umidade e o calor excessivo podem contribuir para a falta de água. Nessa época, velhos problemas enfrentados pela população começam a se repetir. Rodízio de abastecimento e torneiras secas dominam as reclamações e a culpa é sempre do calor que reduz a vazão dos rios e faz aumentar o consumo.

No ano passado Anápolis, Trindade, Senador Canedo, Aparecida de Goiânia e alguns bairros da Capital sofreram com a escassez dos recursos hídricos. O sistema de rodízio foi implantado em algumas cidades. Muitas escolas do interior suspenderam as aulas. Empresas reduziram suas funções. A venda de água mineral, mesmo com aumentos exorbitantes, se elevou de tal modo que em alguns estabelecimentos faltaram galões.

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A Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) garante que Goiânia e Aparecida não passarão pelos mesmos problemas do ano passado. Isso porque no rio Meia Ponte, o complexo Mauro Borges vai garantir o abastecimento de água para a região. Mas o reservatório não foi suficiente para evitar graves problemas de abastecimento em Aparecida e alguns bairros de Goiânia no ano passado.

Embora o complexo como um todo ainda não tenha sido inaugurado, a previsão é para o segundo semestre desse ano, a Barragem por si só já opera. Isso porque ela regulariza a vazão do Ribeirão João Leite, permitindo que a Saneago possa captar todo o volume de água bruta necessária para manter o Sistema João Leite em pleno funcionamento para produzir 21,6 milhões de litros de água por hora.

Senador Canedo

No ano passado, o município de Senador Canedo chegou a decretar estado de calamidade. Com a demanda crescente por água e o desafio da falta de chuva, a distribuição de água por caminhões-pipas era recorrente e considerada insuficiente pela população.

A dona de casa Iranilda da Silva relata que chegou a ficar duas semanas sem o água ‘da rua’. Ela mora com a família no setor Jardim Oliveira II e comenta que o problema se estendeu para outros bairros do município. “Parentes que moram em outras regiões da cidade também reclamavam da falta d’água”, lembra.

Ela teve que usar a criatividade para sofrer menos com a falta do benefício. Reutilizava água, usava bacias e baldes para coletar água da chuva, quando raramente chovia, e recorria a vizinhos quando a situação se agravou. Ela não acredita que esse ano a situação será diferente e começa a se preocupar com a possibilidade de enfrentar o problema novamente. A residência conta com uma caixa d’água de 500 litros, o suficiente apenas para durar dois dias de uso.

Na casa da vendedora Mayane Machado a situação foi a mesma. Mas ela chegou a comprar uma nova caixa d’água com o dobro da capacidade para tentar diminuir os efeitos da falta de água para ela e o marido. Mesmo assim não resolveu muito. “Passar dias sem água não tem reservatório que resolva”, critica.  

Senador Canedo conta hoje com uma adutora de 200 mm ligando a represa da Emgopa até a ETA Bonsucesso. Também duas barragens para armazenamento de água bruta, uma no Ribeirão Laginha e outra no Ribeirão Bonsucesso. O município possui quatro captações de superfície: Ribeirão Laginha, Ribeirão Bonsucesso, Ribeirão Lageado e Ribeirão Sozinha. Além de 54 poços artesianos.

De acordo com o presidente da Agência de Saneamento de Senador Canedo (Sanesc), Mauro Reis Guaracy, o município está pleiteando a outorga para captação no Rio Caldas. “Em 2013, tínhamos uma produção de 19.458 litros de água por dia. Em 2015/2016, passamos a produzir 26.164 mil litros/dia, um aumento de 34,46% de água tratada produzida”, garante. Em 2013 o município contava com 27.175 ligações de usuários. Hoje esse número é de 39.320, um aumento de 44,5%. 

Aparecida espera melhoria 

Cerca de 68% da população abastecida na cidade recebe água proveniente de Goiânia (Sistemas Meia Ponte e João Leite), com apoio do Sistema Lajes e de vários sistemas independentes, abastecidos por poços profundos. As obras de água contratadas para execução durante o ano 2016 vão permitir que Aparecida de Goiânia atinja um índice de atendimento de 80%.

A universalização do abastecimento no município é uma das metas prioritárias da Saneago para os próximos anos. Uma das ações que irá contribuir para isso é a conclusão do Sistema Produtor Mauro Borges, que compreende, além da Barragem do Ribeirão João Leite, uma Estação Elevatória de Água Bruta, uma Estação de Tratamento de Água e milhares de metros de adutoras.

Quanto aos problemas de qualidade da água, em determinados bairros de Aparecida, a Saneago explica que o fato se deve à presença de ferro e manganês nos poços que abastecem a região. Com o objetivo de solucionar definitivamente a questão, está em construção uma Estação de Tratamento de Água compacta, com conceito específico para remover tais elementos, prevista para ser inaugurada em julho.   

Conflitos desabastecem Anápolis 

Anápolis adotou, no ano passado, o sistema de rodízio que foi muito criticado por não funcionar devidamente. Para esse ano, a Saneago explica que o sistema de abastecimento de água do município tem capacidade de produção que atende à atual demanda e ao crescimento vegetativo de, pelo menos, mais cinco anos. A empresa explica que os problemas de desabastecimento que ocorreram foram ocasionados por conflitos de uso da água na bacia, comprometendo a vazão disponível no manancial.

A cidade é abastecida 80% pelo Sistema Piancó, que hoje opera produzindo uma média de 900 l/s. Os mananciais são os Ribeirões Piancó e Anicuns e, até o final de 2016, será incluído também o Ribeirão Capivari. Outros 16% pelo Sistema DAIA, cujo manancial é o Ribeirão Caldas. Este sistema é operado pela Codego (antiga Goiasindustrial), que fornece parte de sua produção à Saneago.

Para evitar qualquer risco de desabastecimento no período de estiagem de 2016, algumas obras estão previstas como uma captação emergencial no Ribeirão Capivari. Atualmente, 99% do município já é atendido com rede de abastecimento de água. Sendo assim, praticamente não tem havido novas extensões significativas da rede de distribuição, mas sim novas ligações nos setores já atendidos. Em média, cerca de 500 novas ligações de água por mês são solicitadas e executadas. 

 

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