Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Reitoria da UFG permanece ocupada por alunas

Alunas, professoras e servidoras reclamam da insegurança no Campus Samambaia e cobram ações efetivas da UFG

Postado em: 16-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Reitoria da UFG permanece ocupada por alunas
Alunas, professoras e servidoras reclamam da insegurança no Campus Samambaia e cobram ações efetivas da UFG

Mardem Costa Jr.

A denúncia de um caso de estupro, ocorrido anteontem no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG), reacendeu a sensação de insegurança vivida pelas frequentadoras do local. Como consequência, um grupo de estudantes ocupou a reitoria da UFG na manhã de ontem (15) para questionar a falta de ações da universidade para garantir a segurança dos alunas, professoras, servidoras e outras pessoas que frequentam o espaço.

O estopim para a crise foi uma postagem no Twitter do estudante do curso de Comunicação Social, D. B., sobre o estupro. Na rede social, D. descreveu que estava na porta da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) esperando um amigo, quando o motorista de um Volkswagen Gol da cor preta deixou uma mulher no local. Segundo o estudante, ela estaria sob efeito de drogas, com as roupas rasgadas e abalada emocionalmente. O estudante tentou apoio dos vigilantes da instituição e da Polícia Militar (PM), sem sucesso. Enquanto ele buscava ajuda, a garota desapareceu, sem se identificar.

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Ocupação

Em protesto, as estudantes se concentraram próximo à FIC e seguiram até a prédio da reitoria para cobrar uma postura da UFG em relação ao caso. Entoando palavras de ordem, elas adentraram ao local e os servidores saíram. Equipes de reportagem de vários veículos foram impedidos de entrar no prédio. Até o momento, a reitoria permanece ocupada pelas manifestantes.  

Insegurança geral

A reportagem de O HOJE verificou que a insegurança é mais sentida à noite e os crimes mais comuns são furtos a veículos automotores e assaltos nos pontos de ônibus. A falta de vigilância e câmeras para cobrir toda a extensão da unidade acadêmica, a irregularidade da iluminação pública e a ausência de estratégias e medidas para enfrentar o tráfico de drogas são as maiores queixas. 

Vulnerabilidade

As mulheres são as maiores vítimas. Consideradas alvos mais vulneráveis pelos assaltantes, algumas delas ouvidas pela reportagem relatam o receio de frequentarem o Campus Samambaia, sobretudo no período noturno. “Eu gostaria de pegar aulas à noite, mas não me sinto segura. Além dos casos de roubos que fico sabendo, tenho receio de sofrer qualquer tipo de abuso. Infelizmente a cultura do machismo ainda é reinante por aqui”, lamenta a estudante de Letras, Maria Paula, 19.

A questão também é levantada pela professora da FIC Rosana Borges, que cobra um maior protagonismo da instituição. “A universidade é um local de produção de conhecimento e não pode estar refém da insegurança. Acredito também que a falta de segurança pode ser reflexo da precarização causada pelo corte de verbas do Ministério da Educação”, pontua.

Outro lado

A PM afirma que o policiamento no local é de responsabilidade da Polícia Federal (PF), que por sua vez, garante ser responsável apenas pela proteção patrimonial do campus, e que qualquer flagrante pode ser feito tanto pela Polícia Civil (PC) quanto pela PM.

A UFG não emitiu um posicionamento oficial sobre as reivindicações das estudantes, mas informou que está colaborando com as investigações e que já repassou à Delegacia da Mulher (DEAM) as imagens de câmeras de vigilância do local onde a garota foi deixada.

 Falta de segurança é queixa recorrente

A insegurança no Campus Samambaia é uma questão que há muito tempo preocupa a comunidade acadêmica da UFG. Nas redes sociais não é difícil encontrar um relato de alguém que tenha sofrido ou visto o desenrolar de algum tipo de delito.

O estudante de enfermagem Gustavo Paulo, 20, foi assaltado no ponto de ônibus próximo ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB). “Quanto percebi, uma moto se aproximou e o assaltante me pediu dinheiro. Me senti impotente. Como se não bastasse, foi a segunda vez”, diz.

A mesma sensação foi sentida por um servidor, que pediu para não se identificar. Ele foi abordado ao esperar o transporte coletivo no ponto próximo à reitoria. “Eu imaginava que por ser de dia e pela vigilância próxima, dificilmente algo aconteceria, mas isso não intimidou o bandido. Perdi um celular e precisei me apertar para comprar um carro”. (M.C.)

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