Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Preços de carnes e leite devem subir em breve

Altas dos grãos, principal matéria prima de ração, deve elevar preços da proteína animal

Postado em: 17-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Altas dos grãos, principal matéria prima de ração, deve elevar preços da proteína animal

RHUDY CRYSTHIAN

Depois das altas nos preços do feijão e hortaliças, causadas por problemas climáticos, outros produtos podem ficar mais caros e contribuir para pesar no orçamento das famílias goianas. A alta nos preços dos grãos, soja e milho, deve influenciar diretamente o mercado de proteína animal, que é grande consumidor destes produtos para a produção de ração, provocando elevações de preços nas carnes bovina, suína e de aves e até do leite. 

A desvalorização do real frente o dólar impulsionou as exportações diminuindo a oferta no mercado local, o que fez com que produtores de carnes e leite enfrentassem problemas com a alta das cotações dos insumos. Por outro lado, a notícia agradou produtores de grãos, que buscam se recuperar da queda na produtividade com base nas cotações do mercado externo. 

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De acordo com o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Cristiano Palavro, o preço do milho subiu 100% nos últimos meses, comparando ao mesmo período do ano passado. Goiás está iniciando a safrinha do grão que deve se estender até agosto. “Já a elevação do preço da soja, que dá origem ao farelo para as rações, é mais difícil avaliar, mas também apresentou elevações”, disse. 

Para Cristiano, o aumento no preço tem impacto positivo no que se refere à exportação do grão. Por outro lado, mais vendas para o exterior representam desabastecimento interno e reajuste nos preços dos produtos.

Esses aumentos, decorrentes de uma escassez localizada e de fortes exportações do Brasil, segundo Cristiano, já se reverteu em uma alta nos preços das carnes e do leite. Nos últimos 30 dias, o preço do quilo da carne nos açougues aumentou em média 20%. “E esse valor, além de pesar no orçamento familiar, tem mexido com os lucros dos comerciantes que se viram obrigados a cortar gastos para evitar prejuízos”, avalia o especialista em economia aplicada, Otto de Araújo.

Ele acredita que o aumento dos preços chegaram para ficar. As projeções são de que os preços da carne bovina aumentaram mais rápido do que quase todos os outros produtos nesse ano. “A expectativa é de aumentarem mais 8%, nos próximos dias, principalmente cortes para bifes e carne moída”, acredita.

 Frango e suíno acompanham elevações 

O aumento no preço da carne fez o consumidor mudar de hábitos e trocar a carne bovina pela de frango o que causou uma elevação da demanda e, consequentemente, os preços do quilo do produto também subiram. Uma média de 36% nos últimos meses. O preço maior, segundo os levantamentos, é reflexo de outros aumentos registrados ao longo dos últimos meses, como da gasolina, da energia elétrica, além da ração.

A carne de porco também não ficou para trás. Apesar de um aumento menos considerável, o preço do quilo da carne de porco subiu 9%. O valor do pernil subiu de R$ 9 para R$ 11, por exemplo. Mas segundo especialistas, a situação pode piorar. “É uma tendência de os preços, tanto do frango quanto do porco, se elevarem porque a demanda pode aumentar ainda mais para estes produtos”, comenta o economista. 

Os abates também foram afetados. Nos primeiros três meses desse ano os abatimentos de frango subiram 15,09% em Goiás, enquanto de bovinos caiu 13,73%. A produção de carne suína também aumentou, 6,5%. A produção de leite e de ovos registraram alta, de 6,26% e 10,38, respectivamente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Dobradinha 

Arroz e feijão não podem faltar no prato. Os dois grãos também tiveram alta nos últimos dias. A saca de 60 kg do feijão teve alta de 10,35% e a saca de 50 kg de arroz teve alta 2,33%. A melhor remuneração, que poderia levar a uma melhora da renda do produtor, pode servir apenas para cobrir despesas com custos e prejuízos na produção, explica o técnico da Faeg.

O forte da colheita do feijão foi em maio e não houve um aumento do suprimento na safra 2015/16. A oferta e demanda estão, em parte, desequilibradas, a produção no Brasil recuou 6% e o preço médio do feijão subiu. Goiás conta com três safras de feijão. As duas últimas foram de queda na área plantada do grão. 

  

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