Violência sexual também afeta gênero masculino

Mesmo sendo minoria, 396 crianças, meninos, adolescentes e homens adultos sofreram com abusos entre 2009 e 2015 em Goiânia

Postado em: 20-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mesmo sendo minoria, 396 crianças, meninos, adolescentes e homens adultos sofreram com abusos entre 2009 e 2015 em Goiânia

Karla Araujo

Mesmo em número bem menor que as mulheres, meninos, adolescentes e homens adultos também são vítimas de violência sexual. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia de 2009 e 2015, 396 pessoas do sexo masculino foram atendidas em unidades da pasta após terem sofrido algum tipo de abuso sexual.

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O maior número de casos registrados é de meninos de cinco a nove anos. Na secretaria, foram atendidos 154 no período em questão. Entre os homens adultos, de 20 a 80, foram realizados 36 atendimentos de 2009 a 2015. A psicóloga e coordenadora do programa de atendimento a vítimas de violência sexual da SMS, Railda Martins, explica que a reação de homens e mulheres diante da situação é parecida.

Railda afirma que os abusos sexuais também acontecem da mesma forma com pessoas de ambos os sexos. “Quando são crianças e adolescentes, a pessoa que pratica o crime é próxima e geralmente acontece dentro da casa da criança. Entre os adultos, existe também o ataque na rua, que leva a violência física e sexual”, afirma Railda. Mas a psicóloga reitera que “ainda assim, o grupo mais vulnerável são mulheres, crianças e adolescentes”.

Denúncia

O ambiente machista das delegacias e o atendimento voltado para mulheres nos hospitais faz com que a denúncia e a procura por suporte médico seja mais um momento complicado para homens adultos que sofrem violência sexual. A coordenadora do Ambulatório de Apoio a Vítimas de Violência Sexual (AAVVS) do Hospital Materno Infantil (HMI), Marce Divina, compara a reação de qualquer pessoa que sofre violência sexual como a de alguém que passou por um acidente grave.

Em caso de ataque – estupro agudo praticado por desconhecido na rua – os médicos oferecem à vítima o coquetel contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). “Esse atendimento é feito da mesma forma para o homem e para a mulher”. Assim como as estatísticas de violência contra a mulheres são consideradas baixas em relação ao número real de casos por causa das poucas denúncias, os homens também denunciam pouco. Marce acredita que de cem homens que sofre este tipo de abuso, apenas dez denunciam. É a mesma proporção usada para mulheres.

Saúde

Vítimas de violência sexual podem procurar atendimento no Hospital Materno Infantil e no Hospital e Maternidade Dona Iris, que são unidades de referência em Goiânia. Uma portaria publicada em 2013 pelo Ministério da Saúde (MS) determinou que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve prestar atendimento integral a todas as pessoas vítimas de abuso sexual.

Marce afirma que em casos de ataque, muitas famílias questionam sobre a possibilidade de a pessoa mudar a orientação sexual. “Não existe relação nenhuma. É um trauma profundo e a procura pelo hospital é importante para receber todo tipo de amparo e tirar dúvidas como esta”, diz a coordenadora.

Medicação

“Cada pessoa tem um tipo de reação. Algumas ficam isoladas, caladas, outras vão lamentar, chorar, não diferencia de nada do comportamento diante de um acidente”, diz Marce. Para acompanhar o momento de estresse agudo, que pode trazer diversas reações emocionais, a vítima conta com equipe multidisciplinar no HMI, com enfermeira, médico, psicólogo e assistente social.

“Principalmente em casos de ataque por desconhecido, é preciso procurar ajuda médica em até 72 horas, para evitar o contágio por alguma DST”, lembra a coordenadora. No caso do HMDI, o ambulatório funciona das 8 às 12h, de segunda a sexta-feira, mas a vítima pode procurar a maternidade, no serviço de emergência, todos os dias. 

Foto: reprodução (Hypescience)

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