Clima seco deve elevar queimadas em 30%

Previsão de período de seca estendido é principal motivo para o aumento. A população também está denunciando mais, o que eleva a estatística

Postado em: 28-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Previsão de período de seca estendido é principal motivo para o aumento. A população também está denunciando mais, o que eleva a estatística

Karla Araujo

A temporada mais crítica de queimadas em Goiás começa no mês de julho e a quantidade de ocorrências registradas neste ano deve ser 30% maior que nos anos anteriores. Do total, 80% dos casos acontecem em área urbana. No ano passado, o número de ocorrências saltou de 622 em junho para 952 em julho. Os meses seguintes acompanharam a alta, com 1.759 casos em agosto, 1.637 em setembro e 1.065 em outubro. O mês de novembro teve queda drástica para 116, pois é quando termina a estação seca. Os números são do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.

O tenente-coronel e coordenador da Operação Cerrado Vivo do Corpo de Bombeiros, Marcos Abrhão Monteiro, afirma que a quantidade de registros deve ser maior em 2016 porque a população está denunciando mais. “Muitos cidadãos não sabiam que poderiam chamar uma equipe nossa, mas agora sabem. Além disso, a previsão é que o período seco seja maior neste ano e, consequentemente, mais queimadas acontecerão”, afirma Monteiro. De janeiro a 27 de junho, já foram registrados 2.530 incêndios em vegetação em todo o Estado. No ano passado, foram 6.663. 

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De acordo com o tenente-coronel, nenhuma região destaca-se com mais queimadas em Goiânia, pois os focos estão distribuídos em toda a capital. Entretanto os incêndios acontecem mais nos bairros periféricos, onde a quantidade de lotes baldios é maior. Monteiro explica ainda que em apenas 10% dos casos o fogo começa natural, o restante é por ação do homem.

Incêndios

Cristina Xavier da Silva, 46, mora perto de uma área verde localizada no Jardim Curitiba III, em Goiânia, onde parte da vegetação foi incendiada na semana passada. Cristina trabalha como faxineira e reclama dos transtornos causados pela fumaça, principalmente em relação a saúde das três crianças que moram em sua casa. As irmãs Elza da Silva, 19, e Mirian da Silva, 13, são vizinhas de Cristina e também reclamam das queimadas. “Nunca vi ninguém colocando fogo. Quando percebemos, as chamas já estão altas. Uma vez as árvores chegaram a cair no meio da rua enquanto pegavam fogo”, conta Elza. 

A dona de casa Marlúcia Oliveira Costa, 45, mora em frente à área. Ela diz que já precisou sair de casa várias vezes, pois tem asma e a fumaça dentro de casa torna-se insuportável. “As cinzas são outro problema. Semanas depois da queimada, elas ainda estão sujando a casa, principalmente nesta época que venta muito”, diz Marlúcia. O tenente-coronel Monteiro alerta que, em caso de queimada, todas as pessoas com doenças respiratórias devem procurar um lugar arejado imediatamente e, se necessário, buscar assistência médica. 

Crime

O titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano de Carvalho, lembra que provocar incêndio em mata ou floresta é crime com pena de dois a quatro anos de prisão. Em caso de incêndio em lotes baldios, caracteriza-se crime se tiver prejuízo à segurança ou saúde. “Infelizmente é muito difícil de provar. Na maioria das vezes, ninguém sabe quem começou o incêndio. Este ano não prendemos ninguém que se enquadra nesta questão”, afirma o delegado. 

Para Carvalho, o principal caminho para evitar todos os prejuízos causados pelas queimadas é a prevenção. “Com o meio ambiente, é preciso evitar que o problema aconteça. Reparar é difícil. Infelizmente, até hoje, nenhuma campanha contra queimadas surgiu efeito no nosso Estado. Todos os anos os números são assustadores. Falta educação e consciência”, diz o delegado.

 

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