Ligações clandestinas encarecem energia em 4%

´Gatos´ colaboram para o encarecimento da tarifa de energia elétrica e provocam riscos para quem se vale do procedimento criminoso

Postado em: 07-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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´Gatos´ colaboram para o encarecimento da tarifa de energia elétrica e provocam riscos para quem se vale do procedimento criminoso

Mardem Costa Jr.

A conta de energia elétrica do brasileiro poderia ficar pelo menos 4% mais barata caso os furtos de eletricidade fossem coibidos. É o que diz a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee). Com a crise econômica e o encarecimento das tarifas provocado pelos equívocos de gestão no governo Dilma Rousseff, as empresas de distribuição de energia registraram aumento no número de ligações clandestinas. 

Segundo o presidente da Abradee, Nelson Leite, o extravio tem um alto custo ao País. “A energia perdida no Brasil daria para alimentar um estado do tamanho do Parana durante um ano, por exemplo. Dizemos que as perdas são equivalentes ao consumo do estado do Paraná”, diz. O aumento no número de “gatos”, de acordo com a associação das empresas do setor elétrico, foi da ordem de 6% de 2014 a 2015.

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Somente a Companhia Energética de Goiás (Celg D) registrou 3,24% de perdas em abril desse ano ante 2,01% em janeiro. O prejuízo mensal é de R$ 17,5 milhões, sendo que 80% do montante são rateados entre todos os usuários e o restante é contabilizado no patrimônio negativo da empresa. Pelo menos 2,5% da energia adquirida pela distribuidora goiana – que cobre 232 dos 246 municípios de Goiás e atende a 2,8 milhões de unidades – é perdida.

As fraudes acontecem de formas distintas: nas periferias, é comum as ligações diretas, clandestinas e o uso do neutro solto, enquanto nos setores nobres são utilizadas formas sofisticadas, como a fraude do medidor. Além do prejuízo causado à coletividade, quem utiliza eletricidade por ligações clandestinas pode provocar tragédias, como incêndios ou mortes pela manipulação de rede por pessoas inabilitadas. 

Para coibir o roubo, a Celg D implementou uma campanha de prevenção e combate às perdas. 52 equipes de inspeção realizam em torno de nove mil inspeções mensais, cinco vezes mais o contingente que havia em 2014. Foram instalados ainda mil medidores automáticos das quase 10 mil grandes unidades consumidoras – como hospitais, indústrias, shopping centers, facilitando o trabalho de apuração de consumo. Os pequenos e médios usuários ainda vão demorar a contar com o equipamento, cujo valor gira entre R$ 500 a R$ 600.

Prevenção

A empresa investiu no uso de sistemas de inteligência artificial, que calculam e analisam dados de consumo e outras variáveis. Caso seja apurado que uma unidade tenha um consumo considerado suspeito, a companhia energética promove verificação no local, feita pelos fiscais da companhia amparados por policiais militares ou pela Polícia Técnico-Científica, órgão da Polícia Civil.

“Contamos com uma parceria fundamental com as Polícias Militar e Civil para que a fiscalização seja exitosa. Constatada a fraude, a pessoa infratora é levada à delegacia na hora, e responde a processo criminal por furto, com pena de um a quatro anos de prisão e multa. Além disso, é feita a cobrança judicial e administrativamente todo o período de vigência da fraude”, salienta o Superintendente de Comercialização da Celg D, Leandro Chaves de Melo.

Melo também apela para que a população colabore com a empresa no trabalho de redução de perdas de energia. “Quem se deparar com algum tipo de furto elétrico, denuncie anonimamente o fato através do telefone 0800-62-0196 ou pelo site www.celg.com.br.  

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