Última morada de Juscelino será reaberta

Deivid Souza

A família Servo acelera o ritmo dos trabalhos para concluir a reforma da Fazendinha JK e o restauro de objetos do local que foi a última residência do ex-presidente Juscelino Kubitschek. O objetivo dos proprietários é reabrir as portas do espaço no dia 17 de setembro em uma festa para convidados. O imóvel fica na zona rural de Luziânia, distante 196 quilômetros de Goiânia, no Entorno do Distrito Federal. A data não foi escolhida por acaso, o aniversário do nascimento do ex-presidente é celebrado no dia 12 de setembro.

O imóvel adquirido por Juscelino em 1972, após ter o mandato cassado pela ditadura militar, concentra móveis, objetos de decoração e livros que contam a história do ex-presidente e sua família. Ele morreu em agosto de 1976 em um acidente automobilístico. A fazenda é a única obra do arquiteto Oscar Niemeyer construída na zona rural. Uma das relíquias que está lá é uma Mercedes ano 1953, que participou do aniversário de Brasília em 2010 após ser restaurada.

A Fazendinha JK ficou cinco anos fechada após ter sido motivo de uma disputa judicial que inviabilizou o trabalho de restauração “urgente” de vários objetos, muitos deles o ex-presidente ganhou em outros países. “Nos anos 2014 e 2015 eu cuidei de minha mãe que teve câncer e faleceu. Também cuidei do meu esposo que esteve doente. Eu não consegui fazer nada nesse período”, explica uma das administradoras da fazenda, Rosana Servo.

Ela conta que além dela, trabalham no local o esposo e os três filhos, além de alguns operários. Tudo que está sendo feito, diz Rosana, é graças ao esforço da família e à colaboração de amigos e parceiros que se dedicam a resgatar o valor histórico do local. A família pediu o tombamento em âmbito estadual em 2012, mas isso não foi concedido. Agora o projeto é conseguir o reconhecimento em caráter federal.

Reserva

A administradora da fazenda, Rosana Servo, afirma que o local é uma oportunidade de mostrar, principalmente, aos mais jovens um pouco da história do País e ainda apresentar o Cerrado a eles. “Nós temos o Cerrado preservado na fazenda. Temos árvores produzindo frutos como gabiroba, cagaita e araticum. Os grupos visitantes terão a oportunidade de passear, depois ir para a capela que está no mirante. Ela também é um projeto do Oscar Niemeyer”, almeja.

Rosana conta que o principal motivo da escolha da fazenda foi porque Juscelino ficou impressionado com o mirante, de onde é possível ver, ao entardecer as luzes do Aeroporto de Brasília. Ela diz ainda que o ex-presidente chegou idealizar a construção da capela, mas não pode fazê-la em vida. “No local ele colocou um cruzeiro, onde escreveu um poema dois meses antes de morrer. Três quatro meses depois ele morre e amigos e um grupo de empresários constroem a capela”, conta.

Rosana é esposa de Antônio Servo, um dos seis filhos do deputado estadual paranaense Lázaro Servo, que comprou a fazenda em 1984 da viúva do ex-presidente, Sarah Kubitscheck. O deputado era amigo da família JK.