Uma mulher é agredida a cada hora no Estado

SSPAP registrou 4.296 casos de agressão contra a mulher, uma redução de 18% em relação a 2015

Postado em: 12-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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SSPAP registrou 4.296 casos de agressão contra a mulher, uma redução de 18% em relação a 2015

Mardem Costa Jr. 

Nos primeiros seis meses desse ano, uma mulher foi agredida por hora no Estado. Ao todo, foram registrados 4.296 casos de violência doméstica ou familiar no período, 18% a menos, 777 em relação ao mesmo período do ano.  Nove mulheres foram vítimas de feminicídio – a morte intencional de pessoas do sexo feminino – e 34 sofreram tentativa do delito, aumentos de 200% e 209%, respectivamente comparados o primeiro semestre de 2015. Somente em Goiânia foram registrados 1.739 ocorrências de violência ante 2.139 apurados no mesmo recorte do ano anterior, redução de 23%. Os dados foram divulgados na semana passada pela Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP). 

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Apesar de avanços da Lei Maria da Penha – que completou dez anos na última sexta – importantes medidas que coibiriam os casos de violência contra as mulheres ainda não saíram efetivamente do papel, como a Defensoria Pública, os juizados específicos, os abrigos para a mulher vítima de agressão que ainda não são uma realidade em todo o Estado. 

De acordo com Dolly Soares, diretora do Centro de Valorização da Mulher (Cevam), os progressos ainda são pequenos diante dos desafios a serem enfrentados pelas representantes do sexo feminino, ainda vítimas das consequências da cultura do machismo enraizada na sociedade. 

“Mesmo com os avanços por um lado, ainda sentimos que a Maria da Penha ainda não dá a segurança que a vítima precisa para enfrentar os receios e denunciar a agressão. A subnotificação de casos é clara e as medidas restritivas são tímidas e dependem de avaliação do juiz, o que pode levar 24 horas. Para a agredida, é um tempo precioso e o risco de ser fatal é altíssimo. A violência contra”, lamenta.

Consciência

Por sua vez, a delegada Ana Elisa Gomes, da Delegacia da Mulher, acredita que a redução de da violência contra a pessoa do sexo feminino é fruto de uma maior consciência das mulheres, que a seu ver, estão procurando mais a delegacia para relatar os casos, especialmente aqueles cujo companheiro ou parente possui um histórico violento. 

“Acredito que, apesar dos números não refletirem fielmente a realidade, em função do receio ainda existente da mulher em denunciar o agressor, ela está se cansando de ser vítima de uma violência inaceitável e buscando os seus direitos. No ano passado registramos 3.809 casos de agressão e só no primeiro semestre de 2016 foram 2.276, o que excede a metade do apurado no mesmo período de 2015”.

A cientista social Ana Paula Vale acredita que as mídias sociais contribuem para dar visibilidade não apenas aos casos de violência contra as mulheres, mas também contra os negros e a população LGBT. “Isso pode ser verificado em dois episódios, por exemplo: o da garota que foi estuprada por vários homens no Rio e o da jornalista agredida por policiais. A repercussão foi imensa e ganhou o mundo em poucos minutos”, analisa. 

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